Carta de G. Orwell Revela Motivações para ter Escrito “1984”

George_Orwell_1984

No ano de 1944, três anos antes de escrever e cinco antes de publicar “1984”, George Orwell escreveu uma carta a Noel Willmett, falando abertamente de seus sentimentos em relação ao mundo moderno em que vivia. Em meio aos escritos contidos nesta, podemos identificar muitos elementos chave que aparecem em “1984”. A carta foi retirada do livro “George Orwell: A Life in Letters” uma compilação das correspondências pessoais do escritor.

Orwell alertava sobre nacionalismos, culto aos líderes, e a possibilidade do surgimento de Estados totalitários capazes de dizer que “dois e dois são cinco”. Tal carta pode nos colocar muito mais próximos do autor, que em 1944 já sabia que um dia seríamos monitorados/as.

“Para Noel Willmett

18 de Maio de 1944

10a Mortimer Crescent NW 6

Caro Sr. Willmett,

Muito obrigado por sua carta. Você questiona se o totalitarismo, o culto a um líder, etc, estão realmente em progressão e usa como exemplo o fato de que eles não estão aparentemente crescendo neste país e nem nos EUA.

Devo dizer que acredito, ou temo, que tomando o mundo como um todo, essas coisas estão a crescer. Hitler, sem dúvida, irá desaparecer em breve, mas apenas à custa do fortalecimento de: (a) Stalin, (b) os milionários anglo-americanos e (c) os tipos de Fuhrers mesquinhos no nível de De Gaulle. Todos os movimentos nacionais em todos os lugares, até mesmo aqueles que se originam na resistência à dominação alemã, parecem tomar formas não-democráticas para ficar em torno de alguns Fuhrers sobre-humanos (Hitler, Stalin, Salazar, Franco, Gandhi e De Valera são exemplos variados) e a adotar a teoria de que o fim justifica os meios. Em todos os lugares, o movimento do mundo parece ser na direção das economias centralizadas que podem ser feitas para “trabalhar” em um sentido econômico, mas que não são democraticamente organizadas e que tendem a estabelecer um sistema de castas. Com isso vem os horrores do nacionalismo emotivo e uma tendência para não acreditar na existência de uma verdade objetiva, porque todos os fatos devem se encaixar nas palavras e profecias infalíveis de algum Fuhrer. A história, em algum sentido, já deixou de existir. Não existe tal coisa como uma história dos nossos tempos que poderia ser universalmente aceita, e as ciências exatas estão ameaçadas de extinção no momento em que se tenha necessidade de militar para colocar as pessoas de volta em seus lugares. Hitler diz que os judeus começaram a guerra, e que se ele sobreviver, isso se tornará a história oficial. Ele não pode dizer que dois e dois são cinco, porque, para os fins de, digamos, balística, tem que ser quatro. Mas se o tipo de mundo que receio chegar – um mundo de dois ou três grandes superestados que são incapazes de conquistar um ao outro – dois e dois podem se tornar cinco se o Fuhrer desejar. Isso, tanto quanto posso ver, é o rumo em que o globo vem tomando efetivamente – apesar de, é claro, o processo ser reversível.

Quanto à imunidade comparativa da Grã-Bretanha e dos EUA, o que quer que os pacifistas, etc, possam dizer, nós não nos tornamos totalitários ainda e isso é um sintoma muito esperançoso. Acredito profundamente – como expliquei em meu livro “The Lion and the Unicorn” – no povo inglês e em sua capacidade de centralizar sua economia sem destruir a liberdade ao fazê-lo. Mas é preciso lembrar que a Grã-Bretanha e os EUA não foram realmente tentados, não conheceram a derrota ou o sofrimento grave e há alguns sintomas ruins para equilibrar os bons. Para começar, há uma indiferença geral em relação à decadência da democracia. Você percebe, por exemplo, que agora ninguém na Inglaterra com menos de 26 anos tem direito ao voto e que até onde se pode ver, a grande maioria nessa idade não dá a mínima para isso? Em segundo lugar, há o fato de que os intelectuais são mais totalitários na perspectiva do que as pessoas comuns. No geral, a intelligentsia inglesa se opôs a Hitler, mas com o preço de aceitar Stalin. A maioria deles estão perfeitamente prontos para métodos ditatoriais, polícia secreta, falsificação sistemática da história, etc, desde que eles achem que é no “nosso” lado. Na verdade, a afirmação de que não temos um movimento fascista na Inglaterra, em grande parte, significa que o jovem neste momento vê seu Fuhrer em outro lugar. Não se pode ter certeza de que isso não vai mudar, nem se pode ter certeza de que as pessoas comuns não vão pensar daqui a dez anos como os intelectuais de agora. Espero que não, eu mesmo confiaria que não, mas se assim for, será à custa de luta. Se alguém simplesmente proclama que tudo é para o melhor e não aponta para os sintomas sinistros, este alguém está apenas ajudando a trazer o totalitarismo para perto.

Você também pergunta: se eu acho que a tendência mundial é na direção do fascismo, por que eu apoiaria a guerra? É uma escolha entre males – imagino que quase todas as guerras sejam assim. Eu sei o suficiente sobre imperialismo britânico para não gostar, mas gostaria de apoiá-lo contra o nazismo ou o imperialismo japonês, como o mal menor. Da mesma forma que eu iria apoiar a URSS contra a Alemanha, porque acho que a URSS não pode escapar completamente de seu passado e mantém bastante as ideias originais da Revolução para torná-la um fenômeno mais esperançoso do que a Alemanha nazista. Eu acho – e tenho pensado nisso desde o início da guerra, em 1936 ou por aí – que a nossa causa é a melhor, mas temos que continuar a fazê-la a melhor, o que envolve críticas constantes.

Atenciosamente,

Geo. Orwell

[XVI, 2471, pp 190-2; datilografado]”

fonte: http://literatortura.com

Down in the Dungeon – Antologia com 5 Contos de Fantasia

Os orcs de Grimwood invocam um antigo mal…

Um soldado começa a acreditar que seu comandante não é o que parece…

Uma expedição nas montanhas para obter ovos de grifo acaba horrivelmente mal, pelo menos para a maioria dos escaladores…

A porta de um Dungeon se torna um problema para um experiente grupo de aventureiros…

Uma armadilha infalível e um plano desesperado…

Down in the Dungeon

Down in the Dungeon inclui cinco contos ambientados nos bons e velhos tempos, quando você e seus amigos se sentaram ao redor de uma mesa até tarde da noite, rolando dados e compartilhando aventuras.

Reviva o espírito deste passado glorioso com histórias de combate e trapaças épicas, histórias que qualquer aventureiro teria orgulho de contar segurando uma caneca de cerveja na taberna local.

Down in the Dungeon está disponível no Drive-Thru Fiction.

Resenha – Os Vários Mundos de Neil Gaiman

Quem é o criador de “Sandman”, sucesso absoluto das HQs que em 1989 revolucionou o mundo do gênero e criou uma nova denominação, “Graphic Novels”, transpondo as fronteiras acadêmicas e colhendo elogios da crítica literária?

Neil Gaiman. Mistério, vertigem, desafio. Um gênio criativo de múltiplas faces, que transita das HQs para o cinema, do jornalismo de entretenimento para o romance, o conto e a fábula, a história de terror, a televisão e o cinema. Um agitador cultural que seduz multidões. Um dos dez maiores escritores pós-modernos. Este livro monumental se propõe a revelar as muitas faces de Gaiman, sua vida, sua obra, seu processo criativo, do homem ao criador, do adolescente leitor de romances de fantasia e mistério ao mito das HQs consagrado em todo o mundo. Fundamental, do início ao fim, para quem lê Gaiman e para quem, não tendo lido, não vai escapar de ler, um dia.

Os Vários Mundos de Neil Gaiman apresenta uma jornada através da colossal obra produzida por Neil Gaiman, do início de sua carreira nos anos 1980 até 2009 (ano em que o livro foi lançado).

Com entrevistas exclusivas e prefácio de Terry Pratchett (co-autor de Belas Maldições: As Belas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa), o livro apresenta uma visão detalhada dos quadrinhos, romances, filmes, contos, poemas e qualquer outra coisa que já tenha levado a assinatura de Gaiman.

Como qualquer fã de quadrinhos que se preze deve saber, Neil Gaiman é considerado um dos maiores autores de todos os tempos do gênero, exercendo uma enorme influencia na indústria.  Sandman foi um dos responsáveis diretos na revolução das graphic novel e trouxe um verniz de refinamento e respeitabilidade para a arte sequencial.

 

No entanto – e como indicado pelo nome, Os Vários Mundos de Neil Gaiman vai muito além dos quadrinhos. Os autores revelam histórias bem humoradas sobre o autor, com entrevistas de seus principais colaboradores, como Charles Vess, Dave McKean e Mark Buckingham, que também desenhou duas minisséries da Morte.

Príncipe de Histórias: Os Vários Mundos de Neil Gaiman

O livro nos dá um insight sobre a obscura disputa jurídica envolvendo o personagem Miracleman e a não tão obscura disputa jurídica contra Todd Mcfarlane, envolvendo questões de direitos autorais.

Há também uma grande análise dos trabalhos individuais do autor, de graphic novels ao episódio escrito para a série Babylon 5.

Os Vários Mundos de Neil Gaiman é um livro informativo, repleto de humor e uma longa entrevista final com o próprio homem. Simplesmente indispensável para qualquer fã.

Ficha Técnica:

Príncipe de Histórias: Os Vários Mundos de Neil Gaiman

Autores: Hank Wagner, Christopher Golden e Stephen R. Bissette.

Tradutor: Santiago Nazarian – 660 páginas – Geração Editorial

 

Morre Maurice Sendak

Maurice-Sendak

Em 1964 Maurice Sendak ganhou uma Medalha Caldecott pelo livro ilustrado Where the Wild Things Are (Onde Vivem os Monstros). O autor e ilustrador é conhecido por adicionar elementos sombrios e subversivos a livros infantis “aprovados por adultos”.

Sendak morreu esta manhã, em Connecticut, devido a complicações de um acidente vascular cerebral recente.

Inequivocamente elogiados, intermitentemente censurados e ocasionalmente comidos, os livros de Maurice Sendak foram ingredientes essenciais na infância da geração nascida nos anos 60 (ou por aí), e por sua vez para seus filhos. Conhecido em particular por mais de uma dúzia de livros que ele escreveu e ilustrou, o mais famoso “Where the Wild Things Are”, que derrubou barreiras e alavancou a sua carreira quando foi publicado pela Harper & Row, em 1963.

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Entre os outros títulos escritos e ilustrados por Maurice Sendak (todos publicados pela Harper & Row) estão “In the Night Kitchen” (1970) e “Outside Over There” (1981), que formam uma trilogia junto com “Where the Wild Things Are”; “The Sign on Rosie’s Door” (1960); “Higglety Pigglety Pop!” (1967) e “The Nutshell Library” (1962), uma caixa com quatro pequenos volumes: “Alligators All Around,” “Chicken Soup With Rice,” “One Was Johnny” e “Pierre”.

No ano passado, Sendak lançou “Bumble-Ardy,” seu primeiro livro escrito e ilustrado em 30 anos. Um livro póstumo, “My Brother’s Book”, tem lançamento previsto para fevereiro de 2013.

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Jogo Literário

Role Play Games

RPG vem do inglês Role Playing Game.

Game é jogo; Role é papel [referindo-se a parte que cada ator/atriz interpreta numa peça de teatro, cinema, televisão]; Playing é interpretação – então, pela tradução clássica RPG é um jogo de interpretação de papéis, papéis estes inseridos dentro de um contexto, de uma história.

Como é possível interpretar papéis em um jogo? Fácil! Pergunte a uma criança que papel ela interpreta em um jogo de polícia e ladrão. Quais papéis você pode desempenhar na brincadeira esconde-esconde? Quantas outras brincadeiras infantis os participantes interpretam papéis ou funções diferente?

Jogo de interpretação de papéis! Mas RPG não é teatro, tv ou cinema...

RPG seria uma dessas brincadeiras, jogada ao redor de uma mesa (ou no chão se preferir), com pessoas interpretando personagens fictícios numa história contada por todos,normalmente sob a direção de um jogador denominado narrador, mestre, juiz, anfitriãoetc., dependendo do conjunto de regras a ser utilizado. A partir deste ponto vou usar o termo narrador para referir-me a essa figura e jogador aos demais participantes do jogo.

O narrador desempenha, normalmente, o papel do diretor do jogo e interpreta todos os personagens coadjuvantes, bem como o meio ambiente no qual os personagens estão inseridos. Os jogadores interpretam os protagonistas, agindo ou reagindo ao meio ambiente no qual seus personagens estão inseridos e em relação aos personagens coadjuvantes no sentido de criar uma narrativa progressiva visando a resolução de desafios e evolução dos personagens.

Diferente de uma peça teatral, seriado de tv ou filme, os jogadores não possuem um roteiro que devem seguir, ao invés disso as ações deles moldam a história. O diretor, na maioria das vezes, cria algumas diretrizes e premissas básicas, um esqueleto para a história, mas são as ações dos personagens que forneceram os músculos e farão circular o sangue da história.

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O narrador é o maestro e os jogadores os músicos que compõe a canção criadora de mundos.

O jogo RPG surgiu em meados de 1974 como uma “evolução” dos jogos de guerra (wargames). Gary Gygax e Dave Arneson desenvolveram o Dungeons & Dragons, o pai de todos os RPGs, fortemente inspirado na época pela obra de J. R. R. Tolkien, criador d’O Senhor dos Anéis, e como personagens icônicos ainda permanecem o halfling (baseado nohobbit), o mago (agora nem sempre representado pelo velhinho de chapéu pontudo), o elfo e poderosos guerreiros.

Como trata-se de um jogo de contar histórias, estes RPGs bebem da fonte de algumas obras literárias. Abaixo listo alguns RPGs e suas inspirações:

– Elric: Baseado nas histórias Elric de Melniboné de Michael Moorcock;

– A Game of Thrones: Baseado no romance de George R. R. Martin;

– Lord of the Rings RPG: Baseada e ambientada no universo criado por J. R. R. Tolkien;

– Mouse Guard: Baseado no quadrinho homônimo de David Peterson onde todos os personagens são ratos e os monstros são outros animais;

– The Wheel of Time RPG Game: Baseado na série de romances do autor Robert Jordan;

– Call of Cthulhu: Baseado na obra de H. P. Lovecraft;

– Vampiro A Máscara: Inspirado na obra de Anne Rice.

A lista apresentada acima é propositalmente pequena, representando apenas uma ínfima parcela dos sistemas de RPG existentes e das fontes literárias nas quais se inspiram.

Mas não é somente o RPG que se inspira na literatura, diversos autores inspiram-se no RPG e nos universos fantásticos desses jogos produzindo literatura.

O primeiro romance baseado em RPG foi o Quag Keep, publicado em 1978 pelo autor Andre Norton e baseado em suas primeiras experiências com o jogo Dungeons & Dragons.

Pelo menos 61 escritores já criaram romances – inúmeros dos quais trilogias – para os cenários de Dungeons & Dragons. Entre os vários destaques cito Ed Greenwood, autor canadense criador do cenário de fantasia Forgotten Realms e que recentemente concedeu entrevista aos amigos do site Arcanos do Vale [parte 1 – parte 2]; Gary Gygax criador do próprio Dungeons & Dragons; e R. A. Salvatore, que em suas obras popularizou o personagem Drizz’t Do’Urden. Escrevendo também sobre o universo de StarWars, Salvatore já teve 22 de seus trabalhos listados como best-sellers pelo New York Times. Ele também foi entrevistado pelos Arcanos do Vale [aqui].

O cenário nacional ainda não conta com muitos títulos baseados em RPGs ou que basearam a criação destes, mas eles existem e uma representação pode ser encontrado no artigo de Sérgio Magalhães no Vila do RPG.

Como dica de leitura, deixarei o link para a dissertação de mestrado de Farley Eduardo, da faculdade de letras da UFMG, intitulada No limite da ficção: comparações entre literatura e RPG.

 

Musashi – A História do Maior Samurai de Todos os Tempos

Este romance épico baseado diretamente na his­tória japonesa narra um período da vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu presumivelmente entre 1584 e 1645.

O início é antológico: Musashi recupera os sentidos em meio a pilhas de cadáveres do lado dos vencidos na famosa batalha de Sekigahara, em 1600. Perambula a seguir em meio a um Japão em crise onde samurais condenados por senhores feudais ao desemprego e à miséria (os rounin), desbaratados, semeiam a vilania ditando a lei do mais forte.

Musashi será mais um dentre estes pequenos tiranos, derrotando impiedosamente quem encontra pela frente até que um monge armado apenas de sua ma­lícia e de alguns preceitos filosóficos zen-budistas consegue capturá-lo e pô-lo rudemente à prova.

Musashi

Musashi foge graças a uma jovem admiradora, para ser novamente capturado, e agora fica três anos confinado numa masmorra onde uma longa penitência toda feita de leituras e reflexões o fará ver um novo sentido para a vida, assim como novos usos para sua força e habilidade descomunais.

Os caminhos rumo à plenitude do ser jamais são fáceis, e em seus anos de peregrinação em busca da perfeição tanto espiritual quanto guerreira enfrentará os mais diversos adversários. É numa dessas situações que, totalmente acuado, usará pela primeira vez, em meio ao calor da luta e quase inconscientemente de início, a surpreendente técnica das duas espadas, o estilo Niten ichi, que o tornaria famoso pelo resto dos tempos.

O leitor poderá assistir a seu amadurecimento, acompanhando o percurso que o levou a transformar-se de garoto selvagem e sanguinário no maior e mais sábio dos samurais, capaz de entender e amar tanto a esgrima quanto as artes.

Paralelamente, a trama caminha para o esperado e inevitável duelo na ilha de Funashima com Sasaki Kojiro, o outro grande espadachim da época e rival de Musashi em habilidade, tenacidade e sabedoria guerreira. Esse surpreendente combate, que encerra a obra, se firmou por meio da literatura (em adaptações de todo tipo e por suas várias versões cinematográficas) no ideário coletivo da nação japonesa, e não há quem não comente seus lances nos mínimos detalhes.

Musashi também traça um painel do Japão em sua encruzilhada na época da unificação nacional sob a linhagem dos Tokugawas, numa longa transição que o viu passar de constantes lutas armadas entre pequenos suseranos (daimyo) ao domínio de uma classe de “burocratas do papel e do pincel” (nas palavras do especialista Edwin Reischauer, que assina o prefácio), que fariam o país se desenvolver isoladamente do resto do mundo por dois séculos e meio.

A obra também será marcada pelos acontecimentos em Edo, a futura Tóquio, então em frenético desenvolvimento, cujo palpitante submundo deixa antever a metrópole que mais tarde viria a ser, e que constituem a incursão urbana desta obra predominantemente bucólica e com forte presença de um feudalismo em sofrida modernização.

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Musashi - Livros

Império da Prata – Conn Iggulden

Conn Iggulden narrou ao longo de três livros a história de Genghis Khan. Confesso que ainda não os li, mas como o quarto começa dois anos após sua morte, não vi problema em começar por ele. Nunca tinha lido nada do autor, e nem o conhecia, mas logo de cara ficou claro que ele não merecia ser subestimado. Do começo ao fim, o livro é bem escrito, traz personagens complexos e carismáticos, e a leitura é fluente e empolgante.

O momento histórico abordado pelo livro é complexo e fundamental não só para a Mongólia, como para a Ásia e a Europa como um todo. Ao passo que o império é dividido entre os filhos de Genghis, uma campanha liderada por Tsubodai (um dos maiores generais da história) e com a presença de vários príncipes da nação avança pela Rússia, conseguindo vitórias em pleno inverno (um feito jamais repetido) e Europa adentro, colocando em risco toda o mundo como conhecemos. Não fossem eventos políticos – que o livro explica bem, mas não farei spoilers -, talvez hoje esta resenha fosse escrita em mongol ou chinês.

Império da Prata - Conn Iggulden

Não obstante as dificuldades, o autor não se complica, permitindo-se omitir personagens mais secundários para não comprometer a narrativa e focando nos atores principais dessa teia intrincada de eventos. Ogedai, terceiro filho de Genghis e seu herdeiro, tem o coração fraco, e seu irmão mais velho Chagatai (o primogênito e bastardo Jochi morreu antes do pai) não pode esperar pela morte do clã, quando então marchará para a capital Karakorum e ocupará seu lugar.

Na campanha pela Europa, a tensão é entre Batu, filho de Jochi, e Tsubodai; Tsubodai é o orlok, o general máximo nomeado, mas ele não tem realeza, e Batu o confronta na esperança de assumir o controle. Eles vão sendo levados por uma rivalidade cada vez mais intensa, a ser definida do meio para o fim do romance.

A personagem mais marcante do livro, entretanto, é Sorhatani, a bela esposa de Tolui, o caçula de Genghis, que vivia tendo sonhos cálidos com o sogro falecido. Ela é uma mulher astuta e ambiciosa que faz de tudo para assegurar o futuro de seus filhos (só lembrando que seu segundo filho é Kublai, que um dia será Kublai Khan).

Num ritmo constante, nem tão intenso, como também nunca lento, Iggulden conduz essa bela e cativante narrativa, onde os personagens todos não têm inimigos declarados – mas jamais podem confiar plenamente em alguém. É um livro marcante e envolvente. No último dia, li seguidamente 70 das 400 páginas, ávido pela conclusão, que é satisfatória. O autor ainda tem o cuidado de inserir notas no final revelando quais fatos históricos ele modificou.

Os artigos Mais Lidos no Rocky Raccoon: 2011

Últimos dias de dezembro. Diante da total falta de notícias para publicar no Raccoon, resolvi fazer um balanço do ano que passou.

Foram 1.032 artigos publicados em 2011, que renderam quase 400.000 visitantes únicos ao site. Números que enchem este humilde e solitário blogueiro de orgulho.

Comecei o blog em Março de 2010 com a mesma visão de Ray Kinsella, personagem do filme Campo dos Sonhos: “se você construir, eles virão”. Bem, continuem vindo em 2012!

Confira os artigos mais lidos deste ano:

Rocky Raccoon

RPG:

Mazes & Minotaurs: Livro do Jogador em Português!

Carisma Zero – Um Filme Sobre Jogadores de D&D

Download Grátis – Legend of Zelda RPG

Variedades (Filmes e Séries):

10 Coisas Sobre A Guerra dos Tronos Que Você Deve Saber (artigo mais visitado de 2011)

Sobrenatural Garante 7ª Temporada

A Guerra dos Tronos – Perfil do Personagem: Khal Drogo

Card Games:

Toma Magic! Yu-Gi-Oh! É o TCG Mais Vendido de Todos Os Tempos

Um Ano Promissor Para Pokémon

Black Lotus à Venda

Tabuleiro:

Incorpore um dos Deuses Nórdicos em Yggdrasil

Dudo – Jogo com Dados

Senet – O Mais Antigo Jogo de Tabuleiro do Mundo

Eletronicos:

Pré-Produção De Supernatural – Insanity (Game Gratuito)

Heroes of Neverwinter – Jogue D&D no Facebook

Devil May Cry – Nova Geração

Livros & HQ’s:

As Crônicas de Gelo e Fogo – Edição de Colecionador

Dead Island – O Livro

Guerra Dos Tronos Vai Ganhar Versão Em Quadrinhos

Promoção Os Herdeiros de Titãs

Quer ganhar um exemplar do romance de fantasia épica Os Herdeiros de Titãs?  Até o fim do ano, o blog Os Herdeiros dos Titãs sorteará um livro a cada duas semanas para os seguidores do blog.

Os Herdeiros dos Titãs narra o período decadente de uma civilização de quatro mil anos, quando dos desmandos de uma Rainha-Deusa e seus sacerdotes, ditos imortais.

Os Herdeiros de Titãs
De Lutas e Ideais, a primeira parte dessa aventura, apresenta o drama familiar de Téoder, maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha. Arion, seu filho, é um revolucionário que evita o pai a todo custo. Mas quando ele passa a fugir das autoridades, deixando um rastro de sangue pelo caminho, um reencontro se torna cada vez mais necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Para participar é simples:

1) Ser seguidor do blog Os Herdeiros dos Titãs.

2) Comentar em alguma postagem do blog ou twitar sobre a promoção.

Participe!

 

 

Agora É Oficial: O Iluminado Terá Uma Sequência

Stephen King tem tentado os fãs de O Iluminado com a possibilidade de uma sequência desde 2009. Falando ao Under The Dome, o autor comentou que queria escrever uma sequencia chamada Dr. Sleep, contando a história de um Danny Torrance (o garoto da história original) adulto e mostrando as conseqüências trazidas pelos seus poderes psíquicos.

O Iluminado Capa

Apesar dos rumores iniciais sobre o livro terem sido rapidamente desfeitos na época, agora é oficial – Stephen King está oficialmente trabalhando em uma seqüência de O Iluminado, e ela ainda se chama Dr. Sleep.

O vídeo abaixo mostra uma aparição de King na George Mason University, onde ele leu um trecho do livro. O site oficial do autor também reconheceu que a seqüência está de fato acontecendo:

“Agora é oficial – Stephen está trabalhando em Dr. Sleep, a seqüência de O Iluminado. Neste fim de semana Steve leu um trecho do livro durante aparição na George Mason University…”. O enredo de Dr. Sleep  inclui um grupo itinerante de vampiros chamado The Tribe, que faz parte da passagem lida pelo autor.

Na continuação Danny Torrance cresceu e virou um homem de 40 anos de idade que trabalha com doentes terminais e usa seus poderes paranormais para ajudá-los.  Em alguma momento da trama ele terá contato com um grupo de vampiros que suga a energia de “pessoas especiais”.

O livro ainda não tem um data de lançamento definida.

The People: I Remember The Home

Interessante. É o mínimo que posso pensar em relação ao que vou contar agora pra quem entrar aqui. Há muitos anos, mais especificamente nos idos de 70 assisti um filme de ficção científica (daqueles da sessão da tarde) que me marcou, possivelmente exibido na Rede Globo, mas não conseguia lembrar do nome. Visto que sempre apreciei em demasia livros e filmes de ficção científica acabei adquirindo inúmeras enciclopédias importadas sobre o gênero, mas nada encontrei sobre ele.

Com o advento da internet, procurei informações sobre o filme mas sempre em vão. Certo dia resolvi questionar outros cinéfilos da área em uma comunidade do Orkut da qual participo que tem relação com filmes antigos. Para minha surpresa alguém lembrou do filme me indicando seu nome “The People” e até me enviou alguns links do youtube com pequenos trechos dele. Surpresa dupla ao descobrir que um dos protagonistas do filme era William Shatner, o conhecido capitão Kirk da série televisiva Jornada nas Estrelas que tanto admiro.

The People:  I Remember The Home

Se você não se importar com spoiler o filme The People narra a história de uma professora (Kim Darby) que veio da cidade grande para o interior dos EUA para lecionar a um pequeno grupo de crianças de uma pequena aldeia filhos de fazendeiros. O povo que lá vive, lembra muito os Amish, que abandonaram a tecnologia para viver do trabalho simples do campo.

The PeopleO problema maior da professora foi evidenciar que as tímidas crianças, agora seus alunos, não brincavam, não corriam e evitavam cantar. Mesmo para crianças do interior aquilo era no mínimo bizarro. Pra aumentar o mistério, todas arrastavam seus pés ao caminhar, fazendo pequenas nuvens de poeira ao caminhar pelos arredores. Com o tempo, naturalmente a professora veio a descobrir toda a verdade sobre aquele povo. Eram alienígenas que perderam seu planeta por conta de uma explosão e sem muitas alternativas sua nave veio parar no planeta Terra.

No início estavam expostos mas por conta de sua natureza alien dominavam poderes paranormais e assim entre outras coisas podiam flutuar livremente. Incompreendidos pela população local onde viviam, acabaram sendo torturados e mortos. Os poucos sobreviventes que fugiram, criaram aquela pequena comunidade coibindo seus poderes de forma rígida para sobreviverem sem ficarem expostos.

Da mesma forma, exigiam que as crianças arrastassem seus pés para não saírem voando por ai. Também não poderiam brincar ou correr, o que explicava os “mórbidos recreios”. Ao final do filme, a professora e o médico vivenciado por Willian Shatner, mesmo sabendo de sua origem alienígena, resolvem ficar por ali e viver em harmonia com a pequena aldeia agora mais segura com relação a sua natureza diferenciada.  (fim do spoiler)

Depois de assistir novamente ao filme, voltei a internet para outra pequena pesquisa sobre a origem da história. Descobri que originalmente foi um romance publicado, um livro denominado “Pilgrimage”, que fora escrito em 1961 por Zenna Henderson, que nasceu em 1917 e faleceu aos 66 anos de câncer em 1983. Nessa procura encontrei um blog americano que narra aspectos particulares da vida da escritora e que valem a pena serem mencionados aqui.

Zenna Henderson
Zenna Henderson

A profissão da escritora de romances de ficção científica era a de professora e por muitos anos foi adepta da religião mórmon. Ora, muitos grupos mórmons americanos vivem afastados da tecnologia e seu sustento é a base do que criam e plantam. Essa influência é denotada pelo que consta nos depoimentos dele e de seus leitores em outros dois livros que ela escreveu, onde sempre uma professora e seus alunos são os protagonistas de suas fantásticas histórias de ficção científica.

Possivelmente ela como escritora e professora, acabava analisando o comportamento das pessoas a seu redor (seus alunos e o povo mórmon), que lhe serviram de inspiração para seus personagens misteriosos que viriam a enriquecer suas obras literárias. Imagino que em 1972 deve tera ficado feliz de saber que o mais famoso de seus livros se tornaria um filme para televisão. Pena que não fez tanto sucesso como seus livros o fizeram por lá. Mas, de uma coisa tenho certeza. Seus livros, como o filme, marcaram na época, a vida de crianças e jovens (como eu), que viriam a apreciar o fantástico e o maravilhoso.

Se você ficou curioso e não se importa de assistir filmes antigos (qualidade VHS), acompanhe o filme na íntegra pelo Youtube sem legendas aqui:

Texto de Carlos Machado, via FuturAntiqua.

 

Resenha de Conan, o Cimério

Sinopse (por Conrad): Pela primeira vez no Brasil, as histórias originais de Conan, de Robert E. Howard, serão publicadas integralmente e na ordem em que foram redigidas pelo autor.

As primeiras histórias de Conan, foram publicadas pela revista Weird Tales, em 1930, nos Estados Unidos. Mas, muito da obra de Robert E. Howard foi adaptado, ou até reescrito, por outros autores – nem sempre tão talentosos quanto Howard.

Agora, os fãs de Conan podem conhecer a verdadeira história do personagem, imortalizado no cinema por Arnold Schwarzenegger.

Conan O Cimério traz as histórias originais e materiais exclusivos, entre eles a primeira história de Conan, The Phoenix on the Sword (A Fênix da Espada) que nunca foi publicada – foi rejeitada pelos editores da Weird Tales.

O livro ainda tem ensaios de Howard sobre o mundo de Conan, como ´´A Era Hiboriana´´ e ´´Lugares e Nomes Hiborianos´´; rascunhos e contos inacabados; dois mapas do mundo de Conan, desenhados pelo próprio autor, e ilustrações originais do premiado artista Mark Schultz.

De todos os grandes personagens que habitam as páginas de Howard, Conan, o Cimério, é o herói dos heróis: um gigantesco aventureiro bárbaro, nascido nas inóspitas terras do norte da Ciméria. Lutando, ele percorreu metade do mundo de seu tempo, enfrentando inimigos naturais e sobrenaturais, até tornar-se rei do império de Aquilônia.

Schultz Conan

Confesso que durante boa parte da minha vida torci o nariz para Conan. Conheço muitas pessoas que são fãs do cimério, entre elas minha mãe e meu padrasto, mas não sentia a mínima vontade de ler os gibis da Marvel. Talvez um preconceito gerado pela imagem que ficou do bárbaro: um gigante musculoso e monossilábico, como foi imortalizado no cinema por Schwarzenegger.

Aos poucos, fui tendo contato com a Era Hiboriana, e a cada nova imersão, uma nova impressão era formada. Não demorou para ficar claro que Conan não era só o pioneirismo na literatura fantástica; a Era Hiboriana era simplesmente um dos mais complexos, incríveis e coerentes mundos já criados. A política e as pitadas de decadência que costumam faltar em obras de fantasia têm muita força no universo criado por Robert Ervin Howard, e sem perder espaço ou força para feiticeiros, bestas mitológicas e aventuras cheias de ação e reviravoltas.

E Conan… ah, Conan! Um personagem bem definido, articulado, profundo, complexo, teimoso, impulsivo e ao mesmo tempo temeroso de feitiçaria. A Marvel se desviou um pouco do original, e os filmes se desviaram muito. A fantasia que há nas noveletas originais de Howard, escritas entre 1932 e 1936 (ano de seu suicídio), é completa em todos os sentidos, e sua narrativa é vigorosa. Além disso, ele influenciou autores que viriam mais tarde, alguns assumidamente (como Michael Moorcock e seu Elric de Melniboné), outros nem tanto (em 1932, Thoth-Amon não fazia ideia de quanto tempo ficou curvado sobre seu anel do poder, absorvendo sua essência, como um certo hobbit alguns anos mais tarde…).

Para a minha sorte (e a de todos os brasileiros), a Conrad resolveu publicar na última década dois volumes contendo as noveletas, publicadas originalmente em pulps, na ordem em que foram escritas, além de ensaios do autor e sobre o autor. Como são dois livros, falarei de ambos separadamente.

Conan, o Cimério, vol. 1

Conan, o Cimério, vol. 1:

As estórias apresentadas nesse volume estão entre as melhores já escritas sobre Conan e, sem exagero, entre todas as existentes de fantasia. O livro abre com o poema “Ciméria”, que define muito sobre Conan, sua terra e os motivos de sua vida desregrada. Passamos por várias fases da vida do cimério: ele mais velho como rei, como mercenário, ladrão, pirata… E sua personalidade é profundamente explorada, com um destaque especial para seu diálogo com Bêlit em “A Rainha da Costa Negra”, no qual sua filosofia de vida é dissecada: “Se os homens encontram prazer, é apenas no fulgurante desatino da batalha. (…) Que os sábios se questionem sobre o que é real e o que é ilusão. Se sou uma ilusão, ela é real para mim. Eu vivo, eu estou cheio de vida, eu amo, eu mato, eu sou feliz assim.”

Todos os contos trazem narrativas com boas surpresas e cheias de ritmo, com elementos clássicos da fantasia épica.

Dos materiais extras do volume, de longe o ensaio “A Era Hiboriana” é a mais grata surpresa. Um texto ao longo de milhares de anos que Howard escreveu para não se perder enquanto criava seus contos, o pano de fundo histórico do cenário. Ele vai desde o cataclismo da Atlântida até o fim do tempo de Conan, quando então se dá a aurora das civilizações do mundo real.

As ilustrações também são um ponto a parte. Um trabalho magnífico de Mark Schultz, que, como todo o resto, tem o ápice neste volume.

Conan, o Cimério, vol. 2

Conan, o Cimério, vol. 2:

Após o brilhantismo das estórias narradas no volume anterior, a expectativa criada foi enorme, porém há uma certa irregularidade. O livro abre com o retumbante “A Cidadela Escarlate”, uma narrativa que é a cara do Conan Rei – o Rei é traído numa batalha e capturado, e precisa escapar e salvar a Aquilônia -, tanto que foi retomada e ampliada no único romance escrito por Howard, “A Hora do Dragão”.

Contudo, em boa parte das noveletas deste livro se vê uma fase mais comercial da escrita de Howard. Ele mesmo dizia, como se observa no primeiro volume, que seus trabalhos eram aceitos sem ressalva pela Weird Tales (a pulp que publicava Conan) se o conto fosse simples de tal modo que o protagonista vencia o vilão e possuía a donzela.

Mas mesmo o trabalho mediano de Howard é superior a muito do que há na fantasia: permanece a personalidade forte de Conan, ainda há as tramóias e reviravoltas, a escrita é fluente e intensa, e os desfechos ainda são capazes de surpreender.

A superioridade do primeiro livro também fica por conta dos extras: enquanto aquele trazia textos de Howard sobre povos da Era Hiboriana, o ensaio homônimo que explicava tudo sobre ela, e outros textos sobre Howard, o volume 2 mostra roteiros, fragmentos e contos inacabados, que não vieram a ser publicados. Algo que só virá a ser valioso para o mais apaixonado fã.

A arte de Mark Schultz mantém sua qualidade, contudo, talvez pelos acontecimentos dos contos do livro anterior serem mais memoráveis, não é neste que ele atinge o auge de seu brilhantismo.

Pelo que parece, os dois volumes não fizeram muito sucesso no Brasil. Talvez, se tivessem sido embalados por um lançamento no cinema (há um livro “novo” no mercado, mas é assunto para outra resenha), ou houvesse propaganda intensa, ou quem sabe fossem vendidos em bancas, a situação fosse diferente.

Robert E. Howard se suicidou em 1936, aos 30 anos, e seus trabalhos já estão no domínio público. Se comparados com outros clássicos da literatura fantástica de mais popularidade, como O Senhor dos Anéis e Crônicas de Gelo e Fogo, possui características que foram replicadas em tais obras, porém muito mais a oferecer.

Há, com certeza, um potencial mercadológico enorme a ser explorado – sem contar que é tudo de uso livre, sem custos. Contudo, ao ver um filme como o que saiu neste ano (apesar de Jason Mamoa ter sido 10x mais Conan que Arnold Schwarzenegger), resta a pergunta: será algum dia esse potencial explorado devidamente?

Arte da Capa da 1ª Edição de Duna é Vendida por US$ 26.000

A bela pintura em aquarela de 11 x 15 cm feita por John Schoenherr e usada como capa da primeira edição do clássico Duna, foi vendida por pouco mais de 26 mil dólares na Heritage Auction Galleries.

Era esperado que a obra alcançasse um valor entre dez e quinze mil dólares, porém licitantes on-line empurraram seu valor para mais de dezenove mil dólares. Quando o segmento ao vivo do leilão foi iniciado, a pintura atingiu o valor de 26.290 dólares.

A pintura também foi utilizada na edição de 25 anos do clássico escrito por Frank Herbert e publicado originalmente em 1965.

Duna é considerada uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos, ganhando os prêmios Hugo e Nebula no ano de sua publicação.

Duna Capa John Schoenherr

Duna se passa em um futuro distante no meio de um império intergaláctico feudal em expansão, onde feudos planetários são controlados por Casas nobres que devem aliança à imperial Casa Corrino. O livro conta a história do jovem Paul Atreides, herdeiro do Duque Leto Atreides e da respectiva Casa Atreides, na ocasião da transferência de sua família para o planeta Arrakis, a única fonte no universo da especiaria melange.

Em uma história que explora as complexas interações entre política, religião, ecologia, tecnologia e emoções humanas, o destino de Paul, sua família, seu novo planeta e seus habitantes nativos, assim como o destino do Imperador Padishah, da poderosa Corporação Espacial e da misteriosa ordem feminina das Bene Gesserit, acabam todos interligados em um confronto que mudará o curso da humanidade.

Frank Herbert fez uma grande inovação em Duna ao utilizar elementos filosóficos, religiosos e psicológicos, que eram até então raramente usados na ficção científica. Além desses temas, Duna trata também de ecologia e biologia.

 

Duna: O Inventor do Livro Holístico

Sinopse (por Aleph):

A vida do jovem Paul Atreides está prestes a mudar radicalmente. Após a visita de uma mulher misteriosa, ele é obrigado a deixar seu planeta natal para sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, o Planeta Deserto. Envolvido numa intrincada teia política e religiosa, Paul divide-se entre as obrigações de herdeiro e seu treinamento nas doutrinas secretas de uma antiga irmandade, que vê nele a esperança de realização de um plano urdido há séculos. Ecos de profecias ancestrais também o cercam entre os nativos de Arrakis. Seria ele o eleito que tornaria viáveis seus sonhos e planos ocultos?
Ao lado das trilogias ‘Fundação’, de Isaac Asimov, e ‘O Senhor dos Anéis’, de J. R. R. Tolkien, ‘Duna’ é considerada uma das maiores obras de fantasia e ficção científica de todos os tempos. Um premiado best-seller já levado às telas de cinema pelas mãos do consagrado diretor David Lynch.

Duna

Quando me deparei com as divagações do físico Fritjof Capra, busquei o significado do holismo por ele professado, e descobri que tem sua raiz em hol-, do grego, que significa “tudo”. O holismo, diferente do paradigma normal da ciência ocidental desde que foi inventado o método científico, busca analisar tudo em visão “panorâmica”, todos os pormenores e a correlação que leva a um resultado. Em comparação, se você está doente, um médico ocidental diagnostica e dá um comprimido. Um holístico procuraria, além disso, a raiz do problema e como evitar que se repetisse em sua vida.

Duna_nova-fronteiraDuna foi publicado por Frank Herbert em duas partes numa pulp após ter sido recusado por cerca de trinta editores. Um deles, profeticamente, comentou: “Posso estar cometendo o erro da década, mas…”. E ele cometeu. O livro não só foi revolucionário e bem aceito pelo público, como repetiu o sucesso na crítica e faturou os prêmios Hugo e Nebula, os principais da fantasia e ficção científica nos EUA. Não considero o livro apenas um marco na literatura, mas um clássico holístico antes mesmo do termo ser cunhado.
Confesso que não era interessado por ler ficção científica antes de Duna. Comprei o livro num sebo por R$ 5,00 em 2004 e, como estava escrevendo meu romance Os Herdeiros dos Titãs, emprestei-o. E, terminado o meu livro, comecei a ler.
Foi algo tão dramático que Duna simplesmente chutou o mega épico Musashi do topo da lista dos meus preferidos, e, ao lado da continuação-epílogo O Messias de Duna (Dune Messiah), nunca mais saiu de lá. A forma com que o autor escreve de maneira velada, mas apaixonando tanto o leitor que este se obriga a compreender cada termo usado e o impacto que ele causa, bem como os conceitos criados por Herbert, é única. Ao invés de encontrar robôs, batalhas de naves e supercomputadores, deparei-me com um enfoque no humano, em suas potencialidades, seus anseios e sua profundidade inexplorada. A cada página, o resultado foi uma satisfação e uma reflexão, geralmente resultando num aprendizado. Tudo em Duna é explorado e relevante para o curso dos acontecimentos: psicologia, sociedade, religião…
duna_aleph
Duna já foi transposto para as telas mais de uma vez, sendo uma delas no cinema, geralmente tendo um resultado insosso. A estória de Duna, por si só, é simples – já vi comparações com Robin Hood -, e talvez o erro tenha sido focar na narrativa. Não, não é em seu roteiro que Duna é original. E sim nos “planos dentro de planos dentro de planos” que permeiam as mentes de seus personagens, complexos e verossímeis; sim no uso de drogas para novos estados de consciência e compreensão de grandes verdades; sim no planeta desértico dos vermes de areia quilométricos; sim no poder político e social das crenças.

Mesmo não contendo longas descrições, Herbert consegue envolver o leitor de tal modo que surgem ao seu redor as paisagens das dunas de areia de Arrakis, e ele sente a boca seca e o desconforto do traje-destilador. Mais do que isso: toda aquela privação consegue se tornar apaixonante, de modo que é impossível se pensar em deserto sem uma certa nostalgia após a leitura do livro.

A série foi lançada no Brasil pela editora Nova Fronteira, mas está esgotado e não há reimpressões. Mas, para a felicidade geral da nação, a Aleph republicou o primeiro livro recentemente. Uma sugestão: prepare-se para uma corrida aos sebos, pois será impossível se contentar com o primeiro livro. Ou então faça sua prece a Shai-Hulud para que a Aleph publique os outros!

Entrevista com Eric Musashi – Autor de Os Herdeiros de Titãs

Os Herdeiros dos Titãs narra o período decadente de uma civilização de quatro mil anos, que agoniza e desafia o tempo num sistema falido baseado nos desmandos de uma Rainha-Deusa e seus sacerdotes, ditos imortais.

Em De Lutas e Ideais, a primeira parte dessa aventura, somos apresentados ao drama familiar de Téoder, o maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha, e Arion, seu filho, um líder revolucionário que tenta trazer de volta o velho modo de vida em sua cidade.

Contudo, conflitos sangrentos e tragédias o levam a meramente lutar para se manter vivo. E tudo o que ele temia, um reencontro com o pai, se torna cada vez mais iminente e necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Os Herdeiros de Titãs

Antes de mais nada, uma curiosidade: Musashi, sobrenome ou nickname? Qual a influencia do mais famoso samurai de todos os tempos em sua vida?

É nickname. Eu pensei em vários nomes de 2004 (quando concluí a dualogia Os Herdeiros dos Titãs) até 2010 (quando acertei a publicação), até que resolvi usar meu nome verdadeiro: Eric Henrique. A editora, porém, o julgou fraco, e sugeriu o meu endereço de e-mail, Eric Musashi.

A história de Musashi em minha vida é antiga, e posso dizer que a leitura do romance histórico de Eiji Yoshikawa sobre o samurai foi crucial para a escrita de Os Herdeiros dos Titãs.

O processo de criação e escrita são situações peculiares e variam muito de um autor para outro. Como é escrever para você? Exige algum preparo?

Eric Musashi - Herdeiros dos TitãsExige. Para Os Herdeiros dos Titãs, houve um mês de preparo até que eu me lançasse à escrita, e muita coisa aconteceu naturalmente enquanto o livro era elaborado. A linha principal de eventos, contudo, foi mantida até o fim, bem como os objetivos traçados, que se revelarão mais fortemente na parte 2, A Mão do Destino.

Quanto mais escrevi, entretanto, mais me senti refém da preparação. Ainda era criação livre, tanto que mais de uma vez criei subtramas e modifiquei o rumo dos acontecimentos na metade dos livros. Não obstante, passei a levar meses, e até anos, maturando uma ideia para que se transformasse num romance.

Mais do que isso: a criação de cenários, filosofias, personagens e tramas se tornou uma paixão para mim, e escrever é a parte cansativa do processo, o trabalho duro.

Grabatal, o mundo onde a história é ambientada, apresenta um rico background com castas, religião, calendário, pontos cardeais, contagem de tempo e distâncias próprias. Quais foram suas inspirações para a criação deste cenário tão rico e detalhado?

A primeira inspiração foi o Japão Feudal visto no épico Musashi. Isso se vê na sociedade dividida em duas grandes camadas, de militares no topo, e civis na parte de baixo.

Como, contudo, é um romance especulativo, e falo de Atlântida, foi natural que me baseasse em muito do que se escreveu sobre o continente perdido. Jatitã, a antiga capital, é cercada de anéis d’água como nos diálogos de Platão, por exemplo.

Tentei ao máximo me desprender de tudo o que concebemos como civilização. Há elementos de várias épocas e culturas, deslocados até se tornarem incrustados no mundo atalai. A relativa liberdade das mulheres, os cultos antigos aos titãs (seres de luz, do significado original pelasgo) e aos Elementos, a maioridade com direito a novo nome aos 16 anos (duplo-dois), etc.

O mais curioso é que o cenário foi uma das coisas que mais chamou a atenção dos meus leitores, e eu, no fundo, o considero a minha ambientação menos original – até por ter sido a primeira. O reconhecimento me deixa orgulhoso, e ansioso por publicar minhas outras criações.

Os Herdeiros de Titãs é o primeiro de uma série de três livros. A exemplo de outras trilogias, existe uma mensagem ou idéia principal que toda a sua obra queira passar?

Na verdade, agora é dualogia, rs

Criei como um só livro, tomou proporções maiores que as planejadas, e a editora me convenceu a fazer como trilogia. Contudo, embora o primeiro livro tenha funcionado legal como introdução e fechado bem, houve um problema para fazer isso com o segundo, o que me levou a reformular certas coisas e reduzir certos eventos.

Teremos, em breve, A Mão do Destino, com algo entre 500 e 600 páginas, concluindo a narrativa.

Há diversas mensagens passadas em Os Herdeiros dos Titãs, e posso tomar duas como principais: a) a realidade palpável é um reflexo de nossas mentes, e não é rígida como pensamos, sendo, por outro lado, moldável de acordo com nossas crenças – ou a falta delas; e b) todos somos falhos, e planejar ou idealizar é apenas sonhar, nada mais do que isso.

Essa segunda mensagem, creio eu, é à que mais recorro na narrativa. Téoder fraquejando, o herói ideal que falhou e não soube como agir. E Arion, que se sente um idealista, recebendo um choque de realidade a todo momento.

Mesmo depois de sete anos, ainda me sinto feliz sobre como conduzi certas passagens, [spoiler] como ele de frente para Quetabel sem coragem de colocar a própria vida em risco, ou a cena do sacrifício.

Essas duas mensagens, independente das diferenças de filosofias e temáticas, acompanharam-me em meus livros ao longo dos últimos sete anos.

Você pretende lançar obras fora da mitologia criada em Grabatal? Ou mesmo dentro de outro estilo, já pensou sobre isso?

Dentro de outro estilo, já foi até escrito. Após concluir Herdeiros, resolvi criar algo minimalista em vários sentidos. Uma estória em que palavras e intrigas sejam mais poderosas que o brilho destrutivo da lâmina com sevaste, e em que os exércitos não passavam de centenas, como na Idade do Bronze. Disso surgiu Linara, ou O Filho da Serpente (ainda não decidi o título), em que, para resumir, o personagem principal é um clérigo prodígio do deus dos sussurros, que comumente é contratado para se infiltrar nas altas rodas e executar serviços que vão de assassinato a sedução, sabotagem e/ou furto de documentos.

O livro se passa 3 anos depois de Herdeiros nas margens do Mar Cáspio.

Escrevi outra dualogia no extremo oriente antes de voltar a Grabatal, o que se deu na trilogia A Montanha dos Titãs (2009), meu próximo lançamento após Herdeiros.

São todas obras concluídas e registradas na Biblioteca Nacional.

Desde então, venho me dedicando a contos, noveletas e novelas, todas ainda nesse universo, e tenho roteiros a serem executados.

Mas tenho vontade, sim, de escrever noutros mundos. Há um projeto de ficção científica a duas mãos com o escritor Alec Silva, e experimentei, neste 2011, escrever contos de zumbis nazistas (!!!) para uma antologia e brincadeiras invertendo a ordem causa-consequência para concorrer a uma coletânea de ficção científica.

Mapa - Os Herdeiros dos Titãs - O Nascente

Acredito que em tudo o que nós fazemos, existe um pouco de nós mesmos. Partindo deste pressuposto, quanto de Eric Musashi existe em Téoder e Arion?

Bastante. Mais em Téoder que em Arion.

A impulsividade de Arion, seu jeito verdadeiro de agir, ferindo os outros ao seu redor, tudo isso não sou eu. Estou mais para o Téoder que é sereno e, por vezes, omisso. Sem contar que sou canhoto, como ele.

Talvez por isso Téoder tenha roubado a cena em A Mão do Destino.

Das passagens de Arion, estou mais para Luredás.

Colocar rótulos é uma mania social. Geralmente histórias de fantasia são rotuladas como infanto-juvenil, mesmo as que têm cenas mais fortes e um caráter mais adulto. É freqüente encontrarmos A Guerra dos Tronos e Os Filhos de Hurim ao lado de Harry Potter e Percy Jackson nas livrarias. Que tipo de público sua obra busca?

É curiosa a pergunta, pois Os Herdeiros dos Titãs, principalmente este primeiro livro, oscila entre passagens pueris e passagens fortes e adultas. Talvez por eu ter 18 anos na época da escrita.

O desejo, no fundo, é encontrar um público. É uma dificuldade enorme para um escritor brasileiro, de fato. Escrevi como a estória surgiu para mim, e não pensando em que tipo de pessoa leria o meu livro. Escrevi unicamente para que ele seja lido, e creio que isso deve motivar o escritor. Se eu pudesse ganhar 1 centavo por livro, mas meu livro vendesse alguns milhões de cópias pelo mundo, eu seria feliz.

É o que ficará para a posteridade, e acho que Virgílio não ganhou muito dinheiro com a Eneida. Ele ganhou, pelo contrário, a amizade de Augusto, e o reconhecimento da História.

A internet é uma inegável maneira de promoção e constantemente auxilia a divulgação e o crescimento da literatura fantástica. O que você acha que ainda falta no Brasil para que um dos nossos autores conquistem um lugar ao lado de autores como J.R.R. Tolkien, Robert E. Howard, Michael Moorcock e R.R. Martin? Este dia chegará?

Paulo Coelho tem reconhecimento internacional, talvez mais que nacional. Não acho que seja o caminho escrever como ele – algo menos profundo e mais chamativo –, mas devia nos fazer pensar.

Antes de começar um livro, creio que o autor devia se fazer uma pergunta: o que isso acrescentará? Quando pensei em Herdeiros, mesmo que tivesse apenas 18 anos, imediatamente imaginei trazer uma nova visão sobre as virtudes, até que ponto podemos nos sentir confortáveis vestindo-as e como seria doloroso não suportarmos a verdade de que não as exibiremos o tempo todo.

Já li os quatro autores citados na pergunta, e, sinceramente, satisfiz-me totalmente com apenas um deles, Robert Ervin Howard. Conheci seus escritos de Conan em 2008 e, se há algum autor de fantasia com que me sentiria feliz de ser comparado, é ele. Um outro me satisfez parcialmente, mas reconheço sua proeza na época, que é o Tolkien. Dos outros dois, tive contato com virtudes, mas, colocando na balança, a sensação foi de tédio. Um, por falar de menos. O outro, por falar demais de coisas que já conhecemos à exaustão todos os dias no cinema, na TV, etc.

Por que fazem sucesso? Por que os autores brasileiros não fazem? O problema principal, a meu ver, é publicidade. Editoras investem centenas de milhares de reais comprando direitos de best-sellers gringos, sendo que podiam publicar e divulgar legal dez ou vinte livros nacionais com essa quantia.

Concluindo, acredito, sim, que o dia chegará. Olhares de fora já se voltam para o Brasil, e por diversos motivos – políticos, econômicos, etc. O lado bom é que isso também se reflete na literatura. Embora seja algo bem inicial, já há editoras norte-americanas e europeias promovendo antologias de contos brasileiros. Estou concorrendo a uma, aliás.

O mercado nacional de literatura fantástica também é bem prolífico, e, se há muitos livros publicados, aumenta, obviamente, a chance de ótimos livros surgirem nas livrarias. Para que tudo isso cresça a proporções geométricas só falta, creio eu, uma aposta maior das editoras em autores nacionais.

Que dica você daria para os que querem começar a escrever?

Se uma pessoa deseja começar a escrever, provavelmente é por ter algo a mostrar e a acrescentar. Então, é difícil dar conselhos sem cair no lugar-comum. É o que costumam dizer: em primeiro lugar, leia muito. Lendo, você não só aprenderá, como também porá à prova suas ideias. Será que aquilo que você achou genial já não foi explorado da mesma maneira por outro autor? Será que é imaturo, se comparado a uma obra clássica que aborde o mesmo tema?

E não se prenda a um gênero. Eu escrevo literatura fantástica, mais especificamente fantasia épica, porém minhas fontes de inspiração são várias, desde romances históricos a livros sobre máfia e ficção científica. Seja um curioso e leia o que aparecer pela frente: tratados de história, de psicologia, revistas de ciência, de pseudo-ciência, o que puder.

O segundo conselho, também óbvio, é: escreva. Só escrevendo para você se aprimorar, e, mais do que isso, encontrar seu próprio estilo. Amadurecer é algo contínuo e interminável, mas reconheço que descobri o autor Eric Musashi escrevendo Os Herdeiros dos Titãs. E no meio da escrita – o que me levou, há dois anos, a reescrever quase por completo De Lutas e Ideais, o primeiro livro, e a revisar bastante A Mão do Destino, que será publicado no fim do ano.

Por fim, um bom planejamento é sempre necessário. Deve haver um senso (e bem crítico) de propósito. Não escreva sem rumo, sem saber aonde vai chegar. Estabeleça metas, planeje cenas. E submeta à leitura crítica de outras pessoas – sobretudo, se puder, escritores. Saiba ouvir as críticas e encontre um jeito de melhorar o que puder ser melhorado.

Perguntas rápidas e respostas curtas:

Maior influência literária: James Clavell

Um livro que gostaria de ter escrito: Duna (Frank Herbert)

Em um bom livro de fantasia não pode faltar: Verossimilhança

A cena de batalha mais marcante: Abismo de Helm (O Senhor dos Anéis)

O personagem de fantasia marcante: Conan

O vilão de fantasia marcante: Darth Vader

Os Herdeiros dos Titãs em uma palavra: Humano

 

Divulgação: O Senhor dos Mortos

Depois de um ataque covarde a Vila de Boolai, um grupo inesperado se reúne para buscar vingança e resgate.

O grupo é composto por um cadete da escola de cavaleiros de Narsel chamado Degos que busca vingança pelos seus companheiros mortos no ataque, uma sacerdotisa do deus Sol chamada Miriane que age em nome de sua divindade para proteger os indefesos, Evinwerr o elfo de olhos vermelhos que estava cansado de observar os humanos e não agir, Alef um antigo membro de uma guilda de assassinos do sul que segue junto ao grupo pelo dinheiro, Mirthand um jovem guerreiro que deseja resgatar seu pai, raptado pelos atacantes e a feiticeira Shiara, que fora salva da fogueira pelo grupo enquanto estes passavam por perto de sua aldeia.

Embarque nesta aventura e acompanhe o desenvolvimento de uma grande amizade, um novo sentido na vida de alguns dos membros do grupo e também do amor, mas lembre-se – nem tudo é alegria em um grupo que se aventura pelos ermos e muito pode acontecer.

O Senhor dos Mortos

Confira aqui os dois primeiros capítulos de O Senhor Dos Mortos

O Senhor dos Mortos está disponível para venda em formato digital aqui.

Primeira Antologia Brasileira de Ficção Científica Política

Com histórias de Bruce Sterling (Estados Unidos), Ursula K. Le Guin (EUA), Fernando Bonassi, Orson Scott Card (EUA), André Carneiro, Henrique Flory, Flávio Medeiros Jr., Ataíde Tartari, Daniel Fresnot, Carlos Orsi, Roberto de Sousa Causo, Miguel Carqueija, Luís Filipe Silva (Portugal) e Roberval Barcellos.

Se é verdade que a ficção científica está mais associada aos temas da exploração do espaço, seres extraterrestres, viagens no tempo ou realidade virtual, ela também possui uma ampla relação com a política. A começar pela presença em narrativas utópicas que idealizaram civilizações mais virtuosas, posteriormente na presença de assuntos políticos nos enredos das histórias contemporâneas de FC, especialmente aquelas que exploram novas utopias, distopias ou sociedades alternativas, mas também especulações sobre a realidade social e política, tratando das instituições da democracia, da globalização e dos conflitos internacionais.

Assembleia Estelar

Assembleia Estelar é uma antologia inédita neste tema no Brasil, e desenvolve essa relação de afinidade sublinhando que a extrapolação sobre as formas de organização política, além de estar na gênese do gênero, tem muito a ser explorada.

Esta é a principal intenção através de quatorze contos, com a presença de autores como os norte-americanos Bruce Sterling, Orson Scott Card e Ursula K. Le Guin, esta com seu conto “O Dia Antes da Revolução”, vencedor do Prêmio Nebula 1974. Além deles, Luís Filipe Silva, Daniel Fresnot, André Carneiro, Fernando Bonassi, Carlos Orsi, Ataíde Tartari, Miguel Carqueija, Henrique Flory, Flávio Medeiros Jr., Roberto de Sousa Causo e Roberval Barcellos contribuem com interpretações ficcionais de cenários históricos, sociedades ideais ou de pesadelo, investigações sobre configurações e efeitos das instituições políticas, além de possíveis guerras no futuro.

Saiba mais visitando www.devir.com.br

A Guerra dos Mundos, Mais Sangue, Entranhas e Zumbis

Depois do sucesso de Orgulho e Preconceito e Zumbis, a releitura dos clássicos da literatura incluindo elementos fantásticos virou moda, ganhando inclusive versões nacionais, como Memórias Desmortas de Brás Cubas, O Alienista Caçador de Mutantes e A Escrava Isaura e o Vampiro.

Minha última descoberta deste gênero é a versão zumbi do clássico da ficção científica de H.G. Wells:

A invasão começou… E os mortos começam a se reerguer. O pânico se instala nas ruas de Londres quando os invasores de Marte atacam, matando o povo com raios de calor e nuvens tóxicas de fumaça preta. A humanidade luta para sobreviver contra uma tecnologia muito além de sua,encontrando medo e morte em cada esquina.

A Guerra dos Mundos, Mais Sangue, Entranhas e Zumbis

Mas essa não é a única luta que a humanidade terá pela frente. Os mortos estão levantando de seus túmulos com uma insaciável fome por carne humana. Amigos, vizinhos e entes queridos perdidos para a guerra entre os mundos agora são o inimigo. E a Terra está mudado para sempre.

Se você quiser sobreviver, é matar ou ser morto. Caso contrário você pode se tornar um dos mortos-vivos.

Você pode comprar The War of the Worlds Plus Blood, Guts and Zombies aqui.

Promoção Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos

No melhor clima do seriado Supernatural, as histórias da Série Os Instrumentos Mortais, escritas por Cassandra Claire, giram em torno da batalha entre Anjos e Demônios. Do lado do bem estão os Nephilins, seres mestiços de anjos com humanos e descendentes indiretos do arcanjo Raziel.

Conhecidos também como Caçadores de Sombras, os Nephilins vagam pelo mundo com a missão de proteger três poderosos artefatos (os Instrumentos Mortais, que dão nome a série) e os humanos dos perigos vindos dos demônios ou meio demônios.

Foi neste mundo oculto que Clary acidentalmente esbarrou ao testemunhar um assassinato em um clube noturno. Ela até tentou avisar a polícia, mas é difícil explicar um assassinato quando o corpo desaparece e os assassinos são invisíveis para todos, menos para você.

Promoção Os Instrumentos Mortais - Cidade dos Ossos

Uma tribo de guerreiros secreta dedicada a libertar a terra de demônios, os Caçadores das Sombras têm uma missão em nosso mundo, e Clary pode já estar mais envolvida na história do que gostaria…

Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos, após estrondoso sucesso internacional finalmente chega às livrarias brasileiras.

Para celebrar este super-lançamento, dia 15 de Dezembro vou sortear dois kits de Os Instrumentos Mortais, compostos por um exemplar do livro Cidade dos Ossos e uma camiseta.

Para participar é muito simples, basta inscrever seu e-mail no feed do Raccoon:

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Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos

Um mundo oculto está prestes a ser revelado… Quando Clary decide ir a Nova York se divertir numa discoteca, nunca poderia imaginar que testemunharia um assassinato – muito menos um assassinato cometido por três adolescentes cobertos por tatuagens enigmáticas e brandindo armas bizarras.


Clary sabe que deve chamar a polícia, mas é difícil explicar um assassinato quando o corpo desaparece e os assassinos são invisíveis para todos, menos para ela. Tão surpresa quanto assustada, Clary aceita ouvir o que os jovens têm a dizer…


Uma tribo de guerreiros secreta dedicada a libertar a terra de demônios, os Caçadores das Sombras têm uma missão em nosso mundo, e Clary pode já estar mais envolvida na história do que gostaria.

instrumentos mortais

Cidade dos Ossos, o primeiro livro da série Os Instrumentos Mortais nos apresenta Clarissa, uma típica adolescente: aos quase 16 anos mora com a mãe, uma jovem artista viúva. Tem um “tio” postiço, Luke, que de certa forma ocupa o lugar do pai e um melhor amigo, Simon, que nutre por ela uma paixão secreta.

A vida de Clarissa muda completamente após testemunhar um misterioso assassinato: sua mãe é raptada por demônios e ela descobre a existência dos Caçadores das Sombras, guerreiros cuja missão é proteger o mundo que conhecemos de bestas e outras criaturas.

Vampiros que saem da linha, lobisomens descontrolados, monstros cheios de veneno? É por aí mesmo. E depois desse primeiro contato com o Mundo de Sombras, e com Jace — um Caçador que tem a aparência de um anjo, mas a língua tão afiada quanto Lúcifer —, Clary nunca mais será a mesma.

Confira o book Trailer:

E o primeiro capítulo do livro: http://www.instrumentosmortais.com.br/PC-cidadedosossos-final.pdf