Atenção – esta crítica contém spoilers. Não leia, sem ter assistido ao filme.
Prometheus me lembrou um daquele filmes de exploradores de cavernas em que só sobrevive um personagem – normalmente, aquele que teve flashbacks de sua infância.
Mas a verdade é que esperava um pouco de esperança… E apesar de me fazer pensar, quero um filme que me faça pensar e ter esperança.
No início dos anos 90, fui leitor (como tantos adolescentes da minha geração) de Eram os Deuses Astronautas. Quando vi que o filme se tratava de algo no mesma linha, me animei, inclusive, quem me conhece, sabe que não assisto nenhum filme sem ter lido a crítica. Mas hoje, uma semana depois te ter assistido, confesso que saí do filme sem esperanças na humanidade e não gostei das pontas soltas deixadas pelo filme.
Destaco a superficialidade da maioria dos personagens, incluindo a Nave Prometheus que era legal, mas não apresentou nada de novo, nem mesmo a cápsula de sobrevivência que não “sobrevive” à ejeção.
David (Michael Fassbender) – Androide mercenário. Se ele havia sido programado pelo Peter Weyland, por que se ofereceu para ajudar a Dra. Shaw no final? Instinto de sobrevivência? E porque raios ele infectou o Dr. Holloway? O que ele queria fazer com o bebê Shaw/Holloway?
Meredith Vickers (Charlize Teron) – No início gostei da personagem pois achei que ela seria o “cara”, pela postura de fêmea alfa/dominatrix, que lembra até diretor de multinacional, mas no final, ela não passava de uma filhinha de papai geração Y, iguais aos estagiários que querem cargo, mas na hora de mostrar serviço, correm prá casa.
(Guy Pearce) – Apesar de rico, porque ia querer uma vida eterna com uma cara daquelas? Mostrar aquele dedão do pé torto era dispensável! Era melhor ter optado pela preservação criogênica quando jovem e deixar o David no comando da empresa.
Fifield (Sean Harris) e Milburn (Rafe Spall) – Quando estavam na copa, alimentando-se após a hibernação de 2 anos, a tensão entre os dois fez parecer que seriam grandes personagens, mas no andamento do filme, mostraram-se dois bobões. Quem, em sã consciência, iria brincar com um bicho alienígena em uma galáxia distante?
Dr. Holloway (Logan Marshall-Green) e Capitão Janek (Idris Elba) – Interessante a doação do Dr. Holloway pedindo para ser incinerado após sofrer a transformação e a abnegação do Capitão Janek e sua equipe ao jogar a Promethes contra a nave dos Engenheiros, porém, já havia visto estas ações heroicas e sem sentido em outros filmes. Nada de novo.
Engenheiros – Esteticamente perfeitos – e frios, parecendo estátuas do Michelangelo, o que me leva a crer que a nossa porção humana é derivada dos bichos! Eca!
Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) – Prá não dizer que o filme é de todo ruim, destaco a cena da Dra. Shaw na cama cirúrgica, quando sofre a cesariana e ainda consegue fugir do bicho que tinha acabado de nascer, com a barriga toda grampeada e sangrando. Me lembrou uma mistura de Ellen Ripley (Sigourney Weaver) e Sarah Connor (Linda Hamilton) lutando pela sobrevivência.
Eu gostei do filme. Gostei do clima, dos ambientes “alienígenas”. Reparei em todos esses defeitos que você cita e achei foda, pois poderia ter sido um filme muito melhor. Mas ainda assim, talvez devida a ausência de filmes do gênero, com aliens e planetas desconhecidos, gostei do filme.
Art,
David fez o que fez por ordens de Weyland, sendo que o filme deixa claro que ele deveria cumprir qualquer ordem que Weyland lhe desse. Essa obrigatoriedade acaba no momento que Weyland morre, por isso ele ajuda a Dra. Shaw no final, além do fato dele ser a única que poderia ajudá-lo posteriormente. Por isso ele fica “bonzinho” no final. E ele infectou o Dr. Holloway somente após receber ordens de Weyland para “fazer o que fosse preciso”. Desta forma, provavelmente ele quis ver se a gosma preta daria ao Dr. Holloway o que Weyland queria.
Quanto ao pé do Weyland, aquela cena foi para mostrar a referência a lavagem dos pés de Jesus Cristo. Repare que os pés de Weyland são lavados por David. Por isso a metáfora.
Quanto a Vickers, outra metáfora/simbolismo: Weyland disse que David era “o filho que nunca teve” na gravação no início do filme. Não é a toa que Vickers tenta a todo tempo emular, ironicamente, a eficiência de um robô. Eles se vestem parecido, ela age de maneira fria, tentando a todo o tempo agradar ao pai, mas nem isso consegue.