Quatro de julho de 1862. Um tímido matemático de Oxford, chamado Charles Lutwidge Dodgson, cujos passatempos favoritos eram a fotografia, fazer amizade com menininhas e escrever versos, levou as três filhas do seu patrão para um piquenique.
Durante o transcorrer do passeio, ele inventou uma história sobre as aventuras de uma das meninas, chamada Alice, depois que ela caiu em uma toca de coelho e foi parar em uma terra estranha, povoado por criaturas peculiares e antropomórficas.
A história publicada em 1865 mais tarde veio a se transformar em um dos grandes clássicos da literatura Inglesa: As Aventuras de Alice no País das Maravilhas (Alice’s Adventures in Wonderland) de Lewis Carroll .
Em 1871 e mais uma vez utilizando o pseudônimo de Lewis Carroll, o autor escreveu a seqüência chamada Alice do Outro Lado do Espelho (Through the Looking Glass) que segue os passos de Alice através de um espelho, em um mundo onde ela deve ultrapassar vários obstáculos estruturados como etapas de um jogo de xadrez.
À medida que ela avança no tabuleiro, surgem novos personagens instigantes e enigmáticos. O livro exalta essa esperteza infantil que os adultos tantas vezes tomam por insolência. Sem tal qualidade, Alice não sobreviveria ao País das Maravilhas e ao estranho mundo do outro lado do espelho.
Esses são, afinal, universos de pesadelo, povoados por essas criaturas esquisitas que vivem aprisionadas em paradoxos lógicos e argumentos circulares.
Desde sua publicação e sob o título comum de Alice no País das Maravilhas, estes livros têm encantado crianças e estudiosos no mundo todo.
E qual a relação deste clássico da literatura mundial com o RPG?
No final dos anos 70, Gary Gygax (o pai do RPG) conduziu um grupo de experientes aventureiros através dos dungeons do Castelo Greyhawk.
Ao caírem em um buraco muito profundo, o grupo se deparou com um estranho lugar: habitado por um mago senil metamorfoseado em um antropomórfico Coelho Branco e diversos outros personagens muito suspeitos…
Bem vindos a Dungeonland, a tentativa de Gary Gygax em traduzir a obra de Lewis Carroll para uma aventura de AD&D e que foi seguida no mesmo ano por The Land Beyond the Magic Mirror, sua versão de Alice do Outro Lado do Espelho.
Em Dungeonland, os personagens de Carroll são manifestados através de equivalentes terrivelmente mortais: o Chapeleiro Louco e a Lebre de Março são monges com habilidades especiais e poderosos itens. O Gato de Cheshire é um tigre dentes de sabre (Smilodon) e o Coelho Branco um Mago nível 20.
O mesmo vale para The Land Beyond the Magic Mirror. O Cavaleiro Branco se torna um golem de ferro montando um cavalo também de ferro, enquanto o Jabberwocky, Jub Jub-Bird, e Bandersnatch são criaturas únicas e poderosas.
Infelizmente estas duas inspiradas e criativas aventuras marcam os últimos trabalhos significativos de Gygax na TSR.
Por mais curtas que fossem (as duas somam pouco mais de 60 páginas), estas aventuras definiram o formato das demais por muitos anos e se mantém como exemplares clássicos do gênero até os dias de hoje.
Faça aqui o download de Dungeonland
Faça aqui o download de The Land Beyond the Magic Mirror
Fontes: Wikipedia, Wizards of the Coast