Resenha: Warriors – Os Selvagens da Noite (USA – 1979)

“Guerreirooooos, vamos lutaaar!” Essa era a única coisa que eu me lembrava deste clássico das madrugadas da televisão lá pelo meio dos anos 80.

O filme inicia com os Warriors indo para uma reunião onde Cyrus , o líder da mais poderosa gangue de Nova York , o Gramercy Riffs , convoca todas as gangues da região, pedindo para  enviarem nove representantes desarmados para o conclave .  A ideia de Cyrus é unificar todas as gangues em uma só, forte o suficiente para dominar a polícia, mas durante o discurso, sofre um atentado e os Warriors são erroneamente acusados por Luther, líder dos Rogues e verdadeiro assassino do líder dos Riffs ,  de matá-lo.

Warriors – Os Selvagens da Noite – The Warriors – USA - 1979

O líder dos Warriors é morto no confronto e com a chegada da polícia o que eles têm que fazer é atravessar todo o território do Bronx e Manhattan, para voltar a Coney Island, escapando da lei e de outras gangues que querem caçá-los.

Assim no meio da noite eles têm que correr e lutar com outras gangues para chegarem a salvos no território deles.

Apesar de todos estarem atrás deles, inclusive uma rádio dando coordenadas por onde eles passaram (olha o GPS aí), os Warriors não são fracos e mesmo com algumas baixas, eles vão derrotando outras gangues no caminho.

Sinceramente, se as gangues de Nova York eram como as retratadas no filme, eu morreria de rir se encontrasse com algumas delas, e acho que não duraria muito se alguma me pegasse se fossem reais, como os Crips  ou  os Bloods.

Concluindo, Warriors, Os Selvagens da Noite, é um filme bacana que mostra a força das pessoas quando elas estão atrás de um ideal, e que também sem ninguém para guiá-las não se chega a lugar algum.

Nome de algumas das gangues que são citadas no filme:

– The Furies;

– The Boppers;

– The Rogues;

– The Lizzies;

– The Orphans;

– The Hi-Hats;

– The Warriors;

– The Turnbull AC’s;

– The Gramercy Riffs.

Ficha Técnica

Direção: Walter Hill

Roteiro: Sol Yurick, David Shaber, Walter Hill

Atores: Michael Beck, James Remar, Dorsey Wright, David Harris, Deborah Van Valkenburgh, David Patrick Kelly

Baseado em livro de Sol Yurick

The Warriors Movie

Resenha: Jack Frost (USA – 1997)

Jack Frost 1997

Se você é daqueles que escolhe um filme só olhando para a capa dele sem ao menos saber do que se trata, ou nem procura entender o que é eu sugiro então nem ler o resto da resenha. Jack Frost não é um filme para ser levado a sério. É um filme de terror/comédia trash feito para divertir. Afinal, como você pode levar a sério um filme que tem a premissa de um boneco de neve assassino?

O filme conta a história de um serial killer que a caminho de sua execução acaba sofrendo um acidente com um caminhão de produtos químicos e vira um boneco de neve assassino. Assim ele volta para a cidade de onde foi condenado e passa a matar os moradores de lá. O boneco de neve é tosco, feio, o que lhe sugere que o baixo orçamento do filme caiu melhor do que se fosse feito com um orçamento milionário.

Assim, existem momentos geniais no filme como a chegada dele em uma casa na forma de bola de neve e daí se erguendo como um boneco clássico que vemos em qualquer filme de natal, mas com uma cara sacana, o uso de secadores de cabelo para fazê-lo parar e até uma referência a arte cubista de Picasso, só que totalmente contrária à ideia da concepção do artista. Também inúmeras vezes você vê a neve de perto, mas ao longe a grama é verde e as folhagens das árvores vistosas.

Então não leve esse filme a sério, se fizer isso com certeza só te trará decepção e você entrará para o rol dos chatos que não sabem diferenciar um filme para se divertir de um filme para ser levado realmente a sério.

Jack Frost é isso, um filme para se divertir e dar risadas, nada mais. Chame os amigos e veja-os espirrar alguma bebida pelo nariz.

Ficha Técnica:

Direção: Michael Cooney

Roteiro: Jeremy Paige, Michael Cooney

Atores: Scott MacDonald, Christopher Allport, Shannon Elizabeth, Stephen Mendel

Resenha de A Cidade e as Estrelas

Certa vez, ao ler sobre Pangaea Ultima, o supercontinente que existirá daqui a 250 milhões de anos, sobre espécies do futuro e sobre o planeta Terra com anéis, surgiu-me uma ideia para um romance. Nele, a humanidade viveria numa mega-cidade isolada do ambiente, o que permitiria ao homem se manter alheio às mudanças climáticas e à seleção natural. Compartilhei a ideia com um amigo escritor e nos propusemos a levar o projeto adiante. Então, como que por acaso, deparei-me com a sinopse de A Cidade e as Estrelas, de Arthur C. Clarke, e desisti, temendo plagiá-lo sem querer.

A Cidade e as Estrelas

Hoje, após a leitura desse impressionante romance de ficção científica, vejo que muito provavelmente minha melhor decisão foi abandonar a ideia. Não apenas pelo roteiro em si – que eu nem imitaria no todo, pois Clarke trata de Alvin, que renasce sem memórias e por isso tem uma ânsia de deixar a cidade, enquanto eu acompanharia um androide policial que persegue delinquentes que deixam sua capital rumo ao deserto -, mas pela profundidade das ideias e projeções futuristas do autor, que dificilmente podem ser igualadas – quiçá superadas.

Diaspar, a cidade de Clarke, é de cair o queixo – principalmente se levarmos em conta que o livro foi publicado em 1956. O livro já começa com Alvin e seus amigos jogando “Sagas”, que não são nada mais que uma previsão de videogames em perfeita realidade virtual, como um dia teremos. Tudo na cidade funciona ao comando de pensamentos, os quartos são vazios; basta que alguma pessoa deseje, e a mobília surja, materializada pelas máquinas que controlam a matéria. Uma cama, um divã, uma tela em qualquer parede, etc.

Segundo sua história oficial, Diaspar existe há um bilhão de anos, desde que a humanidade foi forçada pelos Invasores a abdicar de seu império galáctico e se recolheu em seu planeta original. O trato foi que jamais deixariam sua última cidade, e os Invasores não os destruiriam. Assim, Diaspar funciona como um ciclo fechado, uma máquina perfeita. Tem bilhões de habitantes, mas apenas 10 milhões vivem de cada vez. Cada pessoa vive mil anos, portanto, 10 mil nascem e morrem a cada ano. A morte, contudo, não é o fim: as memórias ficam guardadas pelo Computador Central, e uma equação determina quando a pessoa retornará. Computador Central, aliás, que é um show à parte: diferente de tudo o que era imaginado pela ficção científica nos anos 50, 60, ou mesmo 70 e 80, ele funciona como uma máquina realmente futurista, com internet. Ele não está em alguma parte em específico da cidade; cada pequeno robô é uma parte de seus olhos, ouvidos, tato e mente.

A Cidade e as Estrelas

De acordo com a história de Diaspar, não existe mais vida humana fora da cidade. Alvin, contudo, nasce sem memórias, como se jamais tivesse pisado no mundo antes. E ele tem uma sede pelo desconhecido. É desprovido do medo inato de seus conterrâneos de deixar a cidade. Ele logo descobre que houve outros 14 como ele no último bilhão de anos, mas nada se sabe sobre seus feitos e destino. E, com uma disposição e insistência sem limites, Alvin fará de tudo para deixar Diaspar e conhecer o mundo lá fora.

É um livro que é simplesmente devorado, dada a ânsia em conhecer o que virá em seguida, e o cliffhanger no fim de cada capítulo. E Clarke não abusa de nossa curiosidade: ao fim do primeiro terço de obra, esse dilema de deixar ou não deixar Diaspar se resolve, e as questões envolvidas na obra e o universo apresentado pelo autor vão crescendo a proporções geométricas. Ao fim, o que se vê é realmente todo o futuro da humanidade, das ciências, da vida no cosmo, sendo vislumbrados, projetados, debatidos.

E minha estória na Terra futura com anéis? Bem, após ler A Cidade e as Estrelas, não vejo nenhuma necessidade dela vir ao mundo. Clarke já a escreveu antes de mim.

Resenha: Palhaços Assassinos – Killer Klowns from Outer Space

Palhaços Assassinos (Killer Klowns from Outer Space, EUA, 1988)

Nas minhas muitas procuras por filmes fora do esquema blockbuster e nas minhas andanças por videolocadoras que começavam a pipocar pela cidade, eu começava procurar conhecer nesta época mais sobre esses filmes que ninguém tinha ouvido falar. Lembre-se que não existia internet aqui ainda é era só garimpando em revistas especializadas que se poderia encontrar algo relacionado a algum filme.

Na verdade eu comecei a gostar de filmes assim depois que assisti com um tio meu (temos a diferença de idade de apenas 10 meses) em 1987 um filme chamado Tubarão 87 – A Vingança (Jaws:The Revenge) um filme tão ruim e mal dirigido que saí do cinema com raiva dele e do mundo por perder meu dinheiro com tamanha porcaria. Mas graças a isso conheci Sam Raimi e isso já é outra história que contarei depois.

Killer Klowns from Outer Space

Então, voltando ao filme do título do post, Palhaços Assassinos conta a história de um casal de uma pequena cidade americana que está namorando em um bosque (uma alusão aos filmes nucleares dos anos 50, onde sempre tinha jovens namorando antes de acontecer algo) quando veem uma estranha luz cortar os céus e cair perto deles. Curiosos, logo vão ver do que se trata e encontram uma tenda de circo que antes não estava lá. Resolvem entrar e encontram seres vestidos de palhaços que os atacam com… guloseimas de circo! Sim, as armas dos Palhaços Assassinos são pipocas, algodão doce, tortas e balões! O casal então escapa e voltam para a cidade para avisar da invasão, mas são desacreditados no começo pelas autoridades locais.

Palhaços Assassinos é um típico filme B, arrastado no começo, mas que depois surpreende a cada minuto. A maquiagem dos palhaços também é espantosa e a violência é explicita. O roteiro é bem simples, mas combinado com algumas boas ideias. São filmes com o esse que dão um ânimo para os aficionados pelo gênero.

Não perca seu tempo! Chame sua namorada, estoure aquele balde de pipoca, sentem no sofá e divirtam-se. Filmes de terror como esse são para dar muita risada, bem melhor que muitas comédias por aí. O filme está completo no Youtube, mas infelizmente ele é dublado.

Até a próxima.

Ficha Técnica

Direção: Stephen Chiodo

Roteiro: Charles Chiodo, Stephen Chiodo e Edward Chiodo (sem créditos)

Elenco: Grant Cramer, Suzanne Snyder, Royal Dano, John Vernon, John Allen Nelson

Encontro Fatal (Hodet Over Vannet, Nor, 1993)

Um dia desses, tirando o pó dos meus filmes VHS começo a olhá-los e pensei: “Por que é que eu não me livro dessas tranqueiras e copio tudo em DVD?” e a resposta veio imediatamente: “Porque esses filmes dificilmente sairão em DVD ou blu-ray (espero que não) e ter eles na minha coleção é um motivo de orgulho”, ou besteira, depende do seu ponto de vista, é claro.

Mas vamos deixar de conversa e falar um pouco sobre um dos filmes mais legais da safra dos anos 90, Encontro Fatal.

Hodet Over Vannet

Quando eu era rato de videolocadora, passava horas e horas lendo a sinopse dos filmes atrás das capas, eu era jovem e inocente, hoje não faço mais isso, pois muitas sinopses aqui no Brasil entregam o filme todo, inclusive nas fotografias, como exemplo olhe a capa do Invictus, do Clint Eastwood.

Voltando ao filme e como já devo ter citado em algum lugar por aí, um dos gêneros preferidos meus é o humor negro (não comédia besteirol de hoje) e o Encontro Fatal é humor negro até a medula. O filme conta a história de um jovem casal, Einar e Lene que moram numa ilha apenas na companhia de um amigo, que faz o papel de uma espécie de zelador da ilha.

A vida lá é tranquila, com passeios de barco, pescarias e jantares ao ar livre. Um dia os dois homens saem para pescar e então Lene recebe uma visita repentina, seu ex-namorado Gaute, deprimido depois de um caso amoroso que não deu certo. Os dois bebem e conversam e Gaute tenta reatar o namoro com Lene, mas ela o recusa. Totalmente bêbado, ele deita e dorme nu na cama de casal quando Lene escuta o apito do barco anunciando a chegada de seu marido.

Assim o desespero toma conta dela, pois lembra que seu marido é extremamente ciumento e ao tentar acordar Gaute, descobre que ele está morto.

Agora toda a sua concentração está em tentar se livrar do corpo, sem que Einar e Bjorn, o amigo do casal perceba o que aconteceu. Assim, começa uma sucessão de situações absurdas onde até coisas que parecem ser do cotidiano estão fora do lugar.

Saiu logo depois uma versão americana (essa que eu tenho é norueguesa) com o Harvey Keitel, Cameron Diaz, Craig Sheffer e Billy Zane. O título deste é Amor Alucinante e não faz feio se comparada com a versão original.

Quem conseguir achar vale a pena assistir, garantia de boas risadas e expressões de “eu não acredito!”.

Até a próxima.

  • Ficha Técnica:
  • Direção: Nils Gaup
  • Atores: Lene Elis Bergum, Svein Roger Karlsen, Morten Abel, Reidar Sörensen e Jon Skolmen
  • Roteiro: Geir Eriksen e Eirik Ildahl

 

Pelo Amor e Pela Morte (Dellamorte Dellamore, FRA,ITA, 1993)

Aqui está uma história de zumbis que prima pela eficácia de ser um excelente filme com tudo a que temos direito: zumbis, claro, um herói sádico, humor negro e muito sangue e tripas pela tela.

A história é sobre um zelador (Rupert Everett) de um cemitério de uma pequena cidade italiana que convive com um pequeno problema com os mortos de onde ele trabalha: depois de sete dias enterrados eles voltam à vida. Como ele resolve isso? Simplesmente com um tiro na cabeça dos mortos como reza a cartilha de George A. Romero. Mas tudo muda quando uma viúva vem todos os dias visitar o falecido marido.

Pelo Amor e Pela Morte (Dellamorte Dellamore, FRA,ITA, 1993)

O filme apesar de ter sua temática voltada mais para o terror, não tem como deixar de dar risada em algumas cenas como a do motoqueiro e o grupo de escoteiros que morreram em um acidente de trânsito. E também o próprio protagonista, que ao se apaixonar por uma mulher que não pode gerar filhos, resolve fazer uma castração química para poder ser conivente com ela, porém, ele descobre que ela pode sim ter filhos e sai à procura de mulheres com o mesmo nome para vingar-se. A cena do aquecedor nas cobertas é uma das minhas favoritas.

O ator principal é livremente adaptado do fumetti (como são chamadas as histórias em quadrinhos italianas) Dylan Dog, mas não é, nem de perto, parecido com personagem das HQs publicadas pela Sergio Bonelli Editore. Em 2010 foi lançada a versão americana do filme Dylan Dog, mas é tão ruim que não vale a pena citar aqui.

Até a próxima.

Resenha: Eldest

 

eldest

Eldest acompanha o amadurecimento do jovem guerreiro protagonista da história. A narrativa começa três dias após a cruel batalha travada por Eragon para libertar o Império das forças do mal. O Cavaleiro de Dragões se vê envolvido em novas e emocionantes aventuras. Em busca de um tal Togira Ikonoka, O Imperfeito que é Perfeito, que supostamente possui as respostas para todas as suas perguntas, Eragon parte, junto com Saphira, o dragão azul que o acompanha desde o início da aventura, para Ellesméra, a terra onde vivem os elfos. Lá, eles pretendem aprender os segredos da magia, da esgrima e aperfeiçoar o seu domínio da língua antiga.

Houve uma notável evolução desde o primeiro livro. São abordadas intrigas em um nível que não estavam presentes em Eragon, e o autor parece ter amadurecido bastante. Paolini tomou uma decisão que praticamente redefiniu sua obra: Carvahall – o vilarejo em que Eragon vivia – está em perigo, e Roran, seu primo figurante no primeiro livro, centraliza as ações, transformando-se pouco a pouco num guerrilheiro, num aventureiro e herói. Sua mudança é imposta pelos acontecimentos e muito mais sutil e coerente que a de Eragon no primeiro livro, e por isso ele se torna mais crível, com certeza o melhor personagem da obra.

Durante muito tempo, fui crítico com os elfos do autor (ou melhor, com Arya, a única elfa até então). Agora, porém, é mostrado que sua cultura é cheia de cumprimentos, particularidades, meio ao estilo oriental (o japonês, por exemplo, tem trocentas formas de tratamento, cada uma para uma situação específica). Eles são, de fato, mais elaborados que quaisquer outros elfos que já vi. O que esperar de uma cultura de pessoas que vivem séculos? E quanto à própria Arya, ela é amarga, mas a verdade é que é o que se deve esperar de alguém que viveu muito tempo. Um ar distante, por vezes duro e cruel, certa indiferença ao ver as pessoas vivendo seus dramas no pouco tempo que lhes é dado, cometendo as mesmas tolices de seus ancestrais, e se maravilhando com os mesmos pequenos sucessos. O autor também evoluiu desde Eragon no aprofundamento das raças e culturas; ver o anão explicando como faz seu arco, embora remeta aos arcos do oriente, mostra um trabalho de pesquisa do autor.

Um velho ponto negativo é a colcha de retalhos de Paolini. Em Eragon, ele aproveitou uma estrutura tolkieniana num roteiro pesadamente baseado em Star Wars, e isso ainda ecoa em Eldest. Quem não vê Anakin em Galbatorix, Luke em Eragon (criado, inclusive, numa fazenda pelos tios) e Yoda em Oromis? Mesmo o treinamento no coração da floresta remete a Dagobah. E o pior é que as referências não se restringem a essas: a famosa citação de Watchmen (ou melhor, de Sêneca), “quem vigia os vigilantes?”, é transcrita, assim como o conceito da Genki Dama do anime/mangá Dragon Ball. É compreensível que o autor seja uma expressão de sua geração, do que leu e viu, mas ele deveria tomar mais cuidado em expor tão obviamente suas fontes. Isso trabalha contra o seu esforço de construir seu mundo e torná-lo crível, que fez tão bem nesse segundo livro com as filosofias dos elfos e anões.

A conclusão após a leitura é que Paolini melhorou 100% ou mais desde Eragon. Conforme Eldest ganha ritmo e as coisas vão se encaixando, o livro se mostra como um trabalho memorável da fantasia. Os personagens são muito humanizados, e mesmo os elfos são afetados e possuem uma angústia compatível com que vive tanto tempo. A ferreira de Ellesméra, por exemplo, diz a Eragon que não haveria sentido em fazer suas cotas de malha por magia, afinal, e o que ela teria para fazer com o resto do tempo se não tivesse seu trabalho manual tão minucioso? Diferente da maioria dos autores de fantasia, parece que ele compreendeu a sinuca de bico dos elfos: sábios, com certeza, mas também entediados, presos no tempo.

Diferente de Eragon, que se perde no lugar-comum da fantasia, Eldest faz valer suas mais de 600 páginas e é altamente recomendado. Há mais do que uma estória de aventura aqui, e mesmo seus defeitos são esquecidos conforme se avança para a conclusão e tudo se emaranha numa teia de eventos bem tecida e bem resolvida.

Eldest

 

O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, EUA, 1978, Ralph Bakshi)

Vou começar dizendo que assisti sim a trilogia do anel dirigida por Peter Jackson e li os livros de J.R.R.Tolkien, menos O Hobbit (porque não achei ninguém que tivesse um pra me emprestar, re, re!), mas confesso que não sou um especialista no assunto e apesar de gostar dos filmes, não sou aquele fã ardoroso como muitos por aí. Então me desculpem se eu cometer uma gafe no texto que escrevo.

Sim, todos, ou pelo menos quase todos, já assistiram ao filme O Senhor dos Anéis, certo? Mas esse que vos escrevo é uma adaptação em animação feita na década de 70 pelo desenhista e animador Ralph Bakshi, que entre outros trabalhos fez Heavy Metal – Universo em Fantasia, baseado nas HQs da revista americana Heavy Metal, outra animação bem legal que falarei dela mais para frente.

O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, EUA, 1978, Ralph Bakshi)

Lembro-me de ter visto esse filme quando eu era criança (10,11 anos se me lembro) num cinema que tinha aqui perto de casa, o Cine Ribalta, e achei muito legal na época, porque era a primeira vez que eu via um desenho animado “adulto” com técnicas de animação 2D e rotoscopia, que é filmar atores reais e desenhar depois por cima, ficando um trabalho bem interessante. Claro que eu não conhecia nada dos livros, mas foi um filme que me marcou muito pela história e arte.

A história vocês já conhecem e nessa animação não é diferente, porém a adaptação deste filme pega somente os dois primeiros livros, A Sociedade do Anel e As Duas Torres, o diretor tinha autorização da filha de Tolkien para filmar o terceiro, O Retorno do Rei, mas por falta de verba não pode terminar, assim juntou os dois primeiros livros em um só filme e chamou-o de O Senhor dos Anéis.

O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, EUA, 1978, Ralph Bakshi)

Para aqueles que estão acostumados com os efeitos dos filmes de Peter Jackson, talvez achem um pouco arcaico o filme de Bakshi, mas devem levar em conta que naquela época não existiam os computadores para fazer os efeitos especiais de hoje e também curiosamente o procedimento usado por Ralph Bakshi é uma criação dos anos 20, a rotoscopia, um procedimento trabalhoso, mas que no final fica bem interessante.

Então é assim, O Senhor dos Anéis, esta adaptação de 1978, é um filme importante para fazer comparações com a nova trilogia, mas deixando de lado o preconceito que possa existir por causa das tecnologias usadas entre as duas adequações.

Pra quem interessar o filme está completo no Youtube:

Resenha: Eragon

Eragon é uma história repleta de ação, vilões e locais fantásticos, com dragões e elfos, cavaleiros, luta de espada, inesperadas revelações e uma linda donzela. Inspirado em J.R.R. Tolkien, que criou idiomas para os diálogos de seus personagens, Paolini utiliza o norueguês medieval para a linguagem dos elfos e inventa expressões específicas para os anões e os urgals, de modo a dar veracidade ao lendário reino de Alagaësia, onde a guerra está prestes a começar.

O protagonista é um jovem de 15 anos que, ao encontrar na floresta uma pedra azul polida, se vê da noite para o dia no meio de uma disputa pelo poder do Império, na qual ele é a peça principal. A vida de Eragon muda radicalmente ao descobrir que a pedra azul é, na realidade, um ovo de dragão. Quando a pedra se rompe e dela nasce Saphira, Eragon é forçado a se converter em herói.

Involuntariamente, o jovem é lançado para um arriscado mundo novo movido pelas tramas do destino, da magia e do poder. Empunhando apenas uma espada lendária e seguindo as sábias palavras de um velho contador de histórias, Eragon e o leal dragão terão de se aventurar por terras perigosas e enfrentar inimigos das trevas em um Império governado por um rei cuja maldade não conhece fronteiras.

A Eragon foi dada a responsabilidade de alcançar a glória dos lendários heróis da Ordem dos Cavaleiros de Dragões. Será que conseguirá vencer os obstáculos que o destino lhe reservou? As escolhas de Eragon poderão salvar – ou destruir – o mundo em que vive.

eragon

Confesso que esperava menos, de tanto que li na web que é uma cópia descarada de Star Wars e O Senhor dos Anéis. Eragon é, de fato, livro bem escrito, num ritmo legal, boas descrições, e palavreado de juvenil para adulto. Contudo, não exagera quem acusa de salada mista entre Star Wars, Coração de Dragão e O Senhor dos Anéis: Luke… quer dizer, Eragon, foi deixado com os tios desde bebê, não sabendo o motivo. Os Cavaleiros Jedi… ops, Cavaleiros dos Dragões, foram extintos quando seu mais promissor aluno foi para o Lado Negro… ou melhor, enlouqueceu ao perder sua mãe… quer dizer, seu dragão. O resto já dá para prever.

Um forte ponto negativo se encontra em algumas descrições – ou falta delas, como em Therinsford, que passa batido sem nem falar direito como é a cidade (apenas desorganizada). Sem contar o episódio da ponte, que ficou estranho – o mendigo é furtado, percebe, e apenas reclama do outro lado. Como ponto positivo, a escrita é fluente.

Há, inclusive, alguns erros graves de coerência: se Eragon era analfabeto, e jamais deixou o vale onde fica Carvahall na vida, como sabia tanto sobre outras cidades ao analisar o mapa, fazendo ponderações sobre qual poderia abrigar o esconderijo dos Ra’zac e qual não?

Eragon

Os momentos de perseguição e tragédias são ótimos, mas não dá para deixar passar certas coisas. Eragon, por exemplo, em duas semanas com o pulso imobilizado, se torna ambidestro, derrotando seu mestre (para o qual perdia com a mão boa) num treino. Coitado do Hernanes se ele souber disso, vai morrer em depressão!

Murtagh salva a trama, após a saída de Brom, que já estava levando nas costas. A descrição das Montanhas Beor, na parte final, é algo muito bem feito, faz realmente ver tudo aquilo e se maravilhar. Ficou só estranha a perseguição; tem horas que parece que estão a pé, correndo com os cavalos (e aí me pergunto sobre a Arya, como ela iria); em outros momentos, estão a cavalo de novo. Sem contar que me pareceu patético imaginar a Saphira correndo. Muito confusa a ação no lago.

As explicações são boas, e a situação política do continente é legal, um novo olhar sobre a tríade humanos-elfos-anões. Mas o autor enrola para dizer poucas coisas. Parece que o texto roda, roda, roda, e anda muito pouco. Sem contar que Eragon é muito sem objetivos.

O resultado final é mediano, nem tanto ao céu (como os que dizem ser uma obra-prima), nem tanto à terra (como os que falam ser péssimo). Eragon deixa umas pontas soltas para o próximo livro, e fecha de forma regular, como foi todo o livro.

Resenha – Os Vários Mundos de Neil Gaiman

Quem é o criador de “Sandman”, sucesso absoluto das HQs que em 1989 revolucionou o mundo do gênero e criou uma nova denominação, “Graphic Novels”, transpondo as fronteiras acadêmicas e colhendo elogios da crítica literária?

Neil Gaiman. Mistério, vertigem, desafio. Um gênio criativo de múltiplas faces, que transita das HQs para o cinema, do jornalismo de entretenimento para o romance, o conto e a fábula, a história de terror, a televisão e o cinema. Um agitador cultural que seduz multidões. Um dos dez maiores escritores pós-modernos. Este livro monumental se propõe a revelar as muitas faces de Gaiman, sua vida, sua obra, seu processo criativo, do homem ao criador, do adolescente leitor de romances de fantasia e mistério ao mito das HQs consagrado em todo o mundo. Fundamental, do início ao fim, para quem lê Gaiman e para quem, não tendo lido, não vai escapar de ler, um dia.

Os Vários Mundos de Neil Gaiman apresenta uma jornada através da colossal obra produzida por Neil Gaiman, do início de sua carreira nos anos 1980 até 2009 (ano em que o livro foi lançado).

Com entrevistas exclusivas e prefácio de Terry Pratchett (co-autor de Belas Maldições: As Belas e Precisas Profecias de Agnes Nutter, Bruxa), o livro apresenta uma visão detalhada dos quadrinhos, romances, filmes, contos, poemas e qualquer outra coisa que já tenha levado a assinatura de Gaiman.

Como qualquer fã de quadrinhos que se preze deve saber, Neil Gaiman é considerado um dos maiores autores de todos os tempos do gênero, exercendo uma enorme influencia na indústria.  Sandman foi um dos responsáveis diretos na revolução das graphic novel e trouxe um verniz de refinamento e respeitabilidade para a arte sequencial.

 

No entanto – e como indicado pelo nome, Os Vários Mundos de Neil Gaiman vai muito além dos quadrinhos. Os autores revelam histórias bem humoradas sobre o autor, com entrevistas de seus principais colaboradores, como Charles Vess, Dave McKean e Mark Buckingham, que também desenhou duas minisséries da Morte.

Príncipe de Histórias: Os Vários Mundos de Neil Gaiman

O livro nos dá um insight sobre a obscura disputa jurídica envolvendo o personagem Miracleman e a não tão obscura disputa jurídica contra Todd Mcfarlane, envolvendo questões de direitos autorais.

Há também uma grande análise dos trabalhos individuais do autor, de graphic novels ao episódio escrito para a série Babylon 5.

Os Vários Mundos de Neil Gaiman é um livro informativo, repleto de humor e uma longa entrevista final com o próprio homem. Simplesmente indispensável para qualquer fã.

Ficha Técnica:

Príncipe de Histórias: Os Vários Mundos de Neil Gaiman

Autores: Hank Wagner, Christopher Golden e Stephen R. Bissette.

Tradutor: Santiago Nazarian – 660 páginas – Geração Editorial

 

Operação Kickbox (Best of the Best, 1989)

Quando um amigo veio me falar sobre esse filme a primeira vez pensei: “Putz! Mais um filme de kickboxer com um monte de lutador dando chutes altos a torto e direito” ele logo me adiantou: – Cara veja esse filme! Não tem nada a ver com esses filmes de luta que tem por aí (nos anos 90 estava muito em voga filmes com títulos KickBoxer isso Kickboxer aquilo) e me contou sobre o que era. E eu digo, realmente é um filme muito bom!

Best of the Best

O filme conta a história do lutador de Tae Kwon Do, Alex Grady (Eric Roberts), um lutador já aposentado devido a lesões de lutas anteriores que é chamado para compor o time americano de Tae Kwon Do que irá competir com o time coreano na Coréia do Norte. O que veremos no decorrer do filme é a escolha do time e o treinamento de ambos os times.

“E o que fez Alex Grady voltar a lutar?” você pergunta, além de ser um pedido de seu filho pequeno ele vai ter a oportunidade de ajudar seu amigo Tommy Lee (Phillip Ree) que teve seu irmão morto em outro campeonato por um dos membros da equipe asiática quando ele ainda era pequeno. Não, no começo pode até parecer uma história de vingança, mas isso muda quando os dois, Tommy Lee e seu oponente lutam no fim do campeonato.

Best of the Best

Assim, as lutas são legais e bem feitas, mas a principal mesma fica concentrada mais para o final, o restante do filme vai nos mostrar o que houve entre os principais lutadores das duas equipes. E é aí que entendemos o porquê dele voltar a lutar. E esperem um final diferente daqueles que conhecemos comumente em todos os filmes de luta.

Então esqueça o título ridículo dado aqui no Brasil e assista. Até a próxima!

Alucinado (Chasing Sleep,2000)

Ed Saxon é um professor universitário que acorda de madrugada e percebe a falta da esposa. Ela não aparece até o dia seguinte. Preocupado, liga para a polícia e então começa a desenrolar uma trama onde as dúvidas são maiores que as certezas.

O filme Alucinado foi escrito e dirigido por um diretor iniciante chamado Michael Walker e Jeff Daniels faz o papel de Ed Saxon cuja esposa desaparecera.

O filme é uma trama sobre um crime onde as informações são liberadas pouco a pouco, mas com um roteiro linear, diferente de Amnésia, que tem um roteiro não linear (Memento, Christopher Nolan). Mas a semelhança maior deste filme é com o cinema de David Lynch.

Alucinado (Chasing Sleep,2000)

A medida que o filme vai desenrolando lentamente, vemos que os personagens vão dando pistas do que está acontecendo ou que vai acontecer, como no fato de Ed Saxon descrever para a polícia que Eve Saxon, sua esposa desaparecida, é loira, de cabelos lisos e estava usando suéter, aí então todas as mulheres que aparecem no filme têm essas características.

Assim que o tempo vai passando, descobrimos que Eve Saxon traía Ed com o professor de educação física, George Simeon, da universidade onde ele leciona, e isso começa a deixar ele um tanto quanto confuso e estressado. Ele começa a perder a noção do tempo, já quase não sai de casa, um detetive aparece para ajudá-lo, mas o detetive levanta mais questões do que respostas propriamente ditas. Entretanto o fato de ele não sair de casa não impede que ele chegue até a porta, como uma metáfora de que ele quer achar uma saída para o que está acontecendo com ele, mas o mais próximo que vemos dessa liberdade é um quarto cujo as paredes e o teto estão pintados de azul imitando o céu em um dia claro. Há também uma aluna, Sadie Crumb, que aparece na casa do professor e passa a ter relacionamentos com ele. Mais tarde a polícia avisa Ed que sua esposa fora encontrada morta.

Alucinado (Chasing Sleep,2000)

Então é a partir daí que começam a entrar os detalhes Lynchianos. Buracos aparecem no teto e nas paredes da casa, um dedo decepado é encontrado debaixo de um móvel, um bebê gigante aparece dentro da banheira e outras loucuras. Ed tenta montar um quebra-cabeças na sua mente, em uma teoria em que parte dele se sente culpado pela morte da esposa e outra onde ele acredita ser o assassino dela. E isso vai ficando cada vez mais confuso até o ponto de ele ver a si próprio pulando a janela do vizinho, como um simbolismo de que acontecia naquela casa teria se passado com ele.

Devo salientar também que a casa de Ed Saxon, em todos os aspectos é uma casa comum de uma pessoa de classe média, mas o curioso é o porão em que a medida que ele desce ele parece cada vez maior e mais profundo, em um aspecto que nos leva a acreditar que ele está se afundando cada vez mais em seus problemas.

Outro fato curioso deste filme é que todos os personagens tomam alguma espécie de remédios, alguns de substâncias mais leves e outros mais fortes, como psicotrópicos. O filme termina de um modo meio que inconcluso, levando o espectador a tirar suas próprias conclusões dele.

Hardware – O Destruidor do Futuro (Hardware, 1990, EUA)

Aqui está mais um filme daqueles que eu chamo de indispensáveis em qualquer videoteca, ainda mais para os fãs de ficção cientifica e terror: Hardware.

Em um futuro pós-guerra nuclear, um andarilho encontra um crânio de um robô e o leva até a casa de uma artista plástica para que ela o utilize em uma escultura. Mas o que ela não sabe é que ele tem um nome e uma função: matar qualquer ser humano. Como o planeta está devastado pela guerra nuclear, o exército criou Mark 13, nome dado ao robô em referência à passagem bíblica do capítulo 13 de São Marcos (leiam que vocês entenderão). E além de ser programado para matar, Mark 13 também se autorregenera, tornando-o praticamente indestrutível.

Hardware - O Destruidor do Futuro (Hardware, 1990, EUA)

O filme ganhou o Festival do Cinema Fantástico de Avoriaz em 1991 e ele pode parecer meio comum, mas é rico em detalhes como as evocações bíblicas, a radioatividade como a doença terminal do futuro e etc. Ele tem também um clima mórbido, pessimista e extremamente sádico, então se preparem para ver muito sangue e tripas na tela. A fotografia abusa do uso do infravermelho, mas perde um pouco em vídeo. Ah, ele não saiu em DVD no Brasil, somente em VHS, se conseguir encontrar alguém que tenha (eu tenho os dois, filme e aparelho VHS, mas não empresto) assista e se divirta, mas cuidado para não ficar deprimido. E pensar que ele foi criado originalmente para ser um robô-agrícola…

O Lobo Solitário – O Samurai Assassino (Oya no kokoro ko no kokoro/Baby Cart in Peril-1972)

Para quem não conhece, o que eu acho difícil, Lobo Solitário é um mangá famoso criado na década de 70 por Kazuo Koike (criação e roteiro) e Goseki Kojima (arte) este falecido em 2000.

Ele conta a história do executor do Shogun, Itto Ogami, e seu filho Daigoro, que por ironia do destino são acusados de traição e passam a serem perseguidos por aqueles que os traíram, o clã Yagyu. Mas não irei entrar em muitos detalhes senão vou ficar me repetindo, além de que, infelizmente, eu nunca li o mangá até o final (o que espero corrigir esse erro qualquer dia desses).

Mas vamos falar do filme, que é o único que eu tenho e que foi lançado pelo selo Silver Screen Collection.

O Lobo Solitário – O Samurai Assassino (Oya no kokoro ko no kokoro/Baby Cart in Peril-1972)

Este longa é o 4º filme da série, sendo que foram lançados seis com o ator  Tomisaburo Wakayama que faz o papel de Ogami.

Agora como um assassino de aluguel, conhecido como o assassino do carrinho de bebê,  Ogami é contratado para matar uma mulher que atraiçoou o clã ao qual ela pertencia. Itto Ogami vai à busca dela, mas não sem antes encontrar Gunbei Yagyu, membro do clã Yagyu com quem duelou no passado para alcançar o posto de kaishakunin, o único com permissão de matar um senhor feudal. Mas aí é que reside um problema, o filme mistura várias histórias do mangá, além de ser o quarto da série, deixando um pouco confuso o telespectador que não ouviram falar da personagem.

Entretanto o filme tem boas cenas de ação, as cenas com Daigoro são convincentes,  e tem muito sangue, decapitação e membros decepados. Mas não fica só nisso, a história e bacana também. Um prato cheio para quem é fã deste gênero de filme.

Eu sou.

Resenha: Hot Rod – Loucos sobre Rodas

hot_rod_movie

Confesso que o gênero comédia e suas vertentes não é um dos meus gêneros favoritos e muito dificilmente um filme assim me faz dar risada. Isso porque depois de um tempo e de certa experiência você começa a notar que todos os filmes são iguais, só mudando os atores e local. Mas isso não vem ao caso, pois hoje vou falar sobre um filme de comédia, que me fez rir muito mais que o Se beber, não case (Hangover) que me fizeram tanta propaganda dele que quando vi não achei lá essas coisas. O segundo nem quis perder meu tempo assistindo.

O filme conta a história de Rod Kimble (Andy Samberg), que se auto-proclamou dublê de cenas perigosas e agora tem que saltar 15 ônibus para pagar a operação do coração do seu padrasto.

O filme já é genial desde o começo, onde ele aparece com seu bigode falso e praticando façanhas com sua motoneta e saltando obstáculos pequenos e ridículos. Tem ainda seus amigos e um irmão que com ele formam uma “equipe” para divulgar suas proezas pelo bairro.

O que eu achei mais legal neste filme não foi só as cenas e a história do personagem principal, e sim o humor que acontece “ao fundo” o tempo todo. Tem sempre alguma coisa acontecendo com algum deles.

Eu sugiro aqui algumas cenas para prestarem atenção: Richardson, a cena musical, o radialista que está divulgando o salto de Rod (uma rádio AM que ninguém ouve é que esta transmitindo o salto, nem na televisão esta passando!) e o salto final propriamente dito.

Ah, e depois de toda a trabalheira que ele teve, o fim do filme é pra ficar estupefato.  Confiram, vale a pena.

Resenha: Fúria Cega (Blind Fury-1989)

Continuando com minhas resenhas de filmes passados aqui está mais um da minha lista de favoritos: Fúria Cega.

Como não é segredo para ninguém, este filme é livremente baseado no personagem ficcional japonês Zatoichi,  sobre um espadachim cego que teve uma longa série de filmes no Japão e que infelizmente ainda é difícil de encontrar por aqui (quem souber onde tem, me avise).

Vamos ao filme. Fúria Cega conta a história de Nick Parker (Rutger Hauer) veterano do Vietnã que fica cego logo após uma emboscada, mas sobrevive e é treinado nas artes da espada por uma espécie de mestre em uma aldeia que o acolheu¹ e o treinou. 20 anos depois ele sai à procura de seu amigo que serviu junto com ele no Vietnã e que havia escapado sem explicações no mesmo dia do fatídico acidente que o deixou cego, ou deficiente visual, se você for um politicamente chato, digo, correto.

Resenha: Fúria Cega (Blind Fury-1989)

Após sermos apresentados ao personagem principal e ficarmos conhecendo um pouco de suas habilidades, o filme começa realmente de fato quando Nick encontra a casa de Frank Deveraux (Terrance O’Quinn), seu parceiro no exército  e descobre que ele não mora mais lá, pois se separou de sua esposa. Porém, assim que Nick conta quem ele é e porque quer encontrar seu ex-marido, a casa é atacada por capangas de um bandido que estão atrás do filho deles.

Os personagens são bem caricatos, principalmente os vilões, onde se percebe que foram separados em dois grupos distintos, a do cassino de MacCready, o vilão do filme, sendo oito bandidos entre 90 e 150 kg e o segundo grupo, compostos pelo típico arquétipo do “macho” americano, chapéu de cowboy, falar alto e resolver tudo na arma.

As cenas de ação são bem equilibradas, mas o que peca neste filme é a trilha sonora ruim de doer. Eu resumo assim: Fúria Cega é um filme bom para ver junto dos amigos para dar risadas se você conseguir esquecer que o filme tem aqueles chavões típicos de filmes americanos que passam até hoje, só mudando o lugar e o ano. Não se engasgue com a pipoca.

Resenha: O Hospedeiro (Gwoemul/The Host – 2006)

Um cientista americano arrogante, um ajudante subalterno relutante, mas obediente, frascos de veneno e o despejo deles em um rio, o Han, na Coréia do Sul. O ano é 2000.

Dois homens pescando no mesmo rio. Um encontra uma espécie na água que nunca tinha visto. Captura o espécime com uma caneca e mostra ao outro que fica surpreso por nunca ter visto um animal com tantas caudas, por descuido o animal escapa. Em outra parte um homem comete suicídio em uma das pontes do rio. Seu corpo é encontrado depois sem a cabeça. O ano é 2002.

2006. Várias pessoas estão fazendo piquenique ao leito do rio Han, ao lado quiosques e barracas de alimentação. Um pequeno grupo de pessoas avista algo esquisito pendurado embaixo de uma ponte tentando imaginar o que seria aquilo. Logo a criatura mergulha e se aproxima pela água para perto das pessoas. Elas, curiosas com aquela coisa, começam a jogar comida e latas na água, fascinados com aquele ser nunca antes visto. O bicho mergulha e desaparece. Vai começar o terror.

Gwoemul-The Host

O Hospedeiro é um filme do gênero terror/drama/comédia dependendo do ponto de vista de como ele é assistido.

O terror reside no ataque da criatura, uma das mais legais criadas para o cinema, feita pela mesma equipe que trabalhou com Peter Jackson no O Senhor dos Anéis, um animal implacável e carnívoro que não para o ataque até estar satisfeito.

O drama está naqueles que perderam os entes queridos com o ataque do monstro, pegos de surpresa e sem reação de como fazer diante de tamanha crueldade.

Já a comédia está no absurdo que o governo trata aqueles que tiveram contato com aquele assombro acreditando que ele carrega um vírus mortal e que todos estão contaminados.

O filme na realidade vai focar mesmo em uma família meio desregulada que teve um parente sequestrada pelo hospedeiro do filme, que com uma ligação pelo celular consegue contatar o pai, que está no hospital, que ela está viva e que deve ir buscá-la, pois está desesperada. O pai, junto de outros parentes, foge do hospital e saem em procura da menina. Muitas reviravoltas acontecerão nas quase 2 horas de filme, mas acreditem, é um filme bacana que te prende a atenção desde o começo até o apocalíptico final. Isso se você não tiver preconceito em assistir a um filme que não seja americano, claro. Qualquer coisa tem o Cloverfield também, que é um bom filme de monstro, eu gosto, mas esse está mais para Godzilla do que para O Hospedeiro.

Então, bom filme para vocês e espero que gostem.

Resenha: Busca Implacável (Taken)

Pensando aqui com minha massa encefálica, resolvi (se não houver problemas de outras partes) que é melhor comentar os filmes que assisti e gostei,  tanto pelo fator diversão ou conteúdo temático do longa. Vou deixar os filmes mais novos, como lançamentos e estreias no cinema para outros, já que todos procuram saber mais sobre esses filmes nos canais de comunicação destinados a isso.

Busca Implacável

Mas vamos lá. O filme que me fez vibrar em 2008 foi o Busca Implacável (Taken) dirigido por Pierre Morel e escrito e produzido por Luc Besson, que ultimamente tem feito mais isso que dirigindo propriamente. Se forem analisar mais profundamente, o filme pode passar como um clichê de quase todos os filmes americanos de ação.

Porém, esse não, só o trailer oficial do filme já te deixa com vontade de saber quem é aquele cara que dá uma intimada em outra pessoa do outro lado da linha. Ele fala com uma calma e uma convicção de que sabe o que está dizendo e que vai cumprir se a pessoa não fizer o que ele pediu.

A história é a seguinte: Bryan Mills (Liam Neeson, que já foi jedi e personagem do filme Darkman, outro dos meus favoritos) é um ex-agente do governo que saiu do emprego para ficar mais próximo da filha, depois que se separou da mulher (a bela Famke Janssen) e que vive com outro cara em um mundo de coisas boas e perfeição.

Busca Implacável

No dia do aniversário de 17 anos da filha, ela e a mãe vão pedir ao pai que ele assine uma autorização para que ela possa viajar com uma amiga para Paris para visitar os museus de lá, o que é uma mentira, pois as duas irão acompanhar uma turnê do U2 pela Europa, já devidamente paga pelo padrasto da menina. Aqui um fato curioso, eles citam o nome do U2, mas no filme não toca uma música deles, o pai, já tarimbado nos perigos que correm no mundo não gosta muito da ideia de ver a filha viajando para um país que ela não conhece, mas depois de uma conversa com a ex-esposa cede e deixa-a viajar.

Pronto! O estopim está preparado para um dos melhores roteiros de Besson. Eu queria contar mais o que vai acontecer depois que elas descem no aeroporto em Paris, mas daí eu contaria o filme inteiro e quem não assistiu perderia a graça. Mas como eu já citei, o cara manda ver e manda bem. Pode parecer que este filme é só mais um na incontável lista de filmes de ação que tem por aí, mas na realidade se for ver mais profundamente é a história de um pai que por causa de seu antigo trabalho não pode acompanhar o crescimento da filha e quer recuperar o tempo perdido. É uma história de amor de um pai pela filha, e ele vai fazer de tudo para recuperá-la.

Resenha: The 4400

Quando fui chamado para falar sobre filmes neste blog eu pensei: “Legal! Mas sobre qual filme vou falar primeiro?” Era uma dúvida que perturbava, já que me falaram que poderia ser sobre qualquer um, desde que tivesse afinidade com este site.

Então verificando minha coleção de películas, tentando buscar algo com que começar, me deparo com uma série que para mim foi  uma das melhores já feitas no gênero sci-fi: The 4400.

Essa série teve seu início nos EUA em 2004 e cancelada em 2007 pelo mesmo motivo de todas as outras séries que são canceladas: a baixa audiência. Mas isso não quer dizer que não vale pelo menos a curiosidade de assisti-la (para quem ainda não viu) e saber do que se trata.

4400

Pra começar essa série atiçou minha curiosidade sobre o assunto que abordava. 4400 pessoas de diferentes idades e lugares sumiram sem explicação da Terra em diferentes épocas e um dia todas elas voltam do mesmo jeito que haviam desaparecido, mas com uma característica: cada uma voltou com um poder diferente, como telepatia, telecinese, força, cura e por aí vai. A que eu achei mais bacana, porém não é mostrada na série, só comentada, é de um homem que ganhou o poder de sentir os feromônios das pessoas e assim descobrir quem tem afinidade com quem e formar casais que sempre estarão apaixonados, então assim ele se separou da mulher, apresentou o homem ideal para ela e abriu uma agência de matrimônio. Ficou rico.

Mas não pensem que eles voltaram e ficou por isso mesmo, um órgão do governo, a NTAC (The National Threat Assessment Command) os recolhem, cadastram e os liberam, porém com constante vigilância. Embora pareça que as circunstâncias indiquem que o desaparecimento destas 4400 pessoas e sua volta possa parecer obra de algum contato imediato de 3º grau, ao fim da primeira temporada descobrimos que não foi bem isso o que aconteceu, deixando para outras temporadas a resposta para muitas dúvidas.

Infelizmente a série foi enfraquecendo a medida que avançava, terminando na 4ª temporada, vítima de baixo orçamento e da greve dos roteiristas na época, fazendo com que diretores sem talento escrevessem seus próprios filmes e lançassem porcarias nos cinemas. Eles até tentaram dar um final plausível para a série, mas ficou um amontoado de coisas confusas.

the 4400

Eu diria que essa série é boa até a 3º temporada, quando conseguem desenvolver uma vacina que dá poderes para aqueles que não tinham, criando facções de pessoas que querem salvar a humanidade e outras que querem destruí-las, contudo esse fato já é inserido em alguns episódios antes.

Enfim, 4400 é uma série que vale a pena ver, se você não ligar que ela termina de um modo abrupto e com explicações que o deixarão mais confuso. Mas existem os spoilers, não se esqueçam. E para ajudar a entender a série foram lançados dois livros, que seriam a 5ª e 6ª temporada, “Welcome to Promise” City, de Greg Cox e “Promises Broken”, de David Mack.

Resenha A trilogia Fundação

A trilogia Fundação, uma série de contos, noveletas e novelas escritos por Isaac Asimov nos anos 40, reúne uma gama de qualidades raramente encontradas no mesmo trabalho, o que resulta numa leitura fluida, repleta de surpresas, de embasamento impressionante – sobretudo em se tratando de ficção científica – e capazes de gerar suspiros e reflexões após o clímax. Não é à toa que Asimov é considerado largamente como o maior nome de seu gênero, e sua obra, tão essencial a ele como O Senhor dos Anéis para a fantasia.

Resenha A trilogia Fundação

A série se passa num futuro muito distante. Para se ter uma ideia, o homem ter surgido em um só planeta da galáxia é apenas uma suposição, menos aceita, inclusive, que a hipótese de ter surgido simultaneamente em vários planetas. Trantor, em posição central na Via Láctea, é um planeta todo coberto por uma única cidade, em estruturas metálicas e alguns trilhões de pessoas. É a sede de um império de 12 mil anos, que aparentemente é forte e nada indica que tem previsão de cair. Uma analogia com o Império Romano no século V, o que foi a grande inspiração de Asimov.

E eis que surge Hari Seldon. Matemático brilhante, ele usa as leis da termodinâmica em grandes populações, partindo do mesmo princípio: assim como é impossível prever os movimentos de um átomo, também é com uma pessoa; porém é previsível como se comportará um gás – e também uma grande população. Quanto maior a população envolvida, e menor a quantidade de tempo da previsão, mais acurada ela é.[1] Hari, com sua nova ciência, faz uma descoberta terrível: o Império não só está fraco, como sua queda é irreversível nos próximos séculos. Ocorre o óbvio com ele: é acusado de traição, e precisa se explicar num julgamento em Trantor, no qual, de forma bela, compara a aparente imponência do Império com uma árvore morta, que parece cheia de vida por fora, mas é oca, e sua casca pode ser arrancada com as mãos.

O primeiro conto é narrado por um cientista que vai trabalhar com Seldon sem saber direito no que está se metendo, e acompanha todo esse processo, e o desfecho, no qual se revela a genialidade do matemático, de longe, o mais importante personagem da saga. Seldon, se não pode impedir a queda do Império, e nem os 30.000 anos de barbárie e guerras entre poderes menores que se seguirão, faz o que pode com seus cálculos, para que o conhecimento seja preservado, e esses 30 milênios se reduzam a 1. Bem-vindos à saga Fundação!

Resenha A trilogia Fundação

No primeiro livro, Fundação, lemos contos espaçados no tempo em décadas, de um para o outro, e nos acostumamos às principais características da série: um lapso do tempo entre uma estória e outra, o desconhecimento dos personagens do contexto em que vivem por completo – outra grande sacada de Asimov, pois só se compreende períodos históricos com clareza quando eles já passaram, e não durante sua ocorrência –, e as surpresas proporcionadas por enredos inovadores, uma verdadeira escola de como escrever uma boa estória.

Resenha A trilogia FundaçãoJá no segundo, Fundação e Império, e no terceiro, Segunda Fundação, a estrutura passa a ser de duas novelas por livro, com tramas mais complexas e maiores, mas ainda assim preservando as derradeiras surpresas, e a tradicional coerência.

Sendo um escritor de pulps, Asimov escrevia sem parar, recriando-se o tempo todo – o que se vê também em Robert E. Howard, Lovecraft e outros grandes nomes da clássica literatura fantástica. Isso, principalmente para o universo de Fundação, contribui de forma decisiva para sua credibilidade. Mesmo a psico-história, a ciência de Seldon, tem suas limitações, o que se vê, por exemplo, na imprevisibilidade do Mulo, que surge na segunda novela do segundo livro, uma das mais interessantes personagens da saga – mas que perde, a meu ver, para Seldon e suas aparições holográficas ao longo dos séculos. Nos anos 80, ao escrever Fundação II (Foundation’s Edge) a pedido de seus editores, Asimov chacoalhou mais ainda o seu universo, 500 anos depois do primeiro conto, e, como é tradicional de suas criações, sem gerar qualquer tipo de contradição.

Após a leitura da série Duna, de Frank Herbert (principalmente os dois primeiros livros), confesso que não esperava tamanha conjunção de qualidades em outro trabalho de ficção científica – ou mesmo de literatura. Fundação, porém, não perde em nada: mitologia soberba, reviravoltas, filosofia grandiosa, e personagens marcantes. E, se Duna falha ao decair a qualidade ao longo dos livros, Fundação mantém o nível – e, no quarto volume, arrisco a dizer que cresce.

A Aleph publicou, recentemente, um box da trilogia de linda qualidade gráfica, papel amarelo menos cansativo e capas chamativas, antológicas, até. Pena não terem feito isso ainda para o resto da série – foi duro ler Fundação II com fonte 8 e em formato pequeno, da edição que adquiri num sebo.

Fundação é basilar não só para entusiastas de ficção científica, como para todo amante de uma boa estória. E, para quem se arrisca a escrever, é uma aula atrás de outra.



[1] E eis a capacidade incrível de previsão de Asimov. Algo impensado nos anos 40, tais previsões embasadas por cálculos se tornaram frequentes nos serviços de inteligência de vários países, e muitas delas se tornaram públicas em livros e artigos nos anos 90 e 00.