Primeiro de tudo: Oi. Meu nome é Felicia, e vocês devem ter visto algumas postagens minhas aqui no Blog da raccoon.
Caso vocês queiram saber, eu sou uma game designer, “acadêmica” e crítica de jogos de 23 anos que vive em Curitiba. E a maior parte do meu trabalho pode ser visto em feliciagamingdiary.wordpress.com. E a partir de agora vocês vão ver algumas as minhas resenhas de jogos de mesa aqui no blog da Raccoon.
Vamos ao que interessa.
Quando a gente fala de série Arkham, isso pode significar duas coisas:
- A série de videogames mais recente do Batman, que é… Okay?
- A série de boardgames, card games e livros da Fantasy Flight Games que se baseiam na obra de H.P. Lovecraft e dos autores lovecraftianos depois dele. Também conhecida como Arkham Horror Files.
E eu AMO Arkham Horror Files.
Minha primeira experiência com a série foi em Arkham Horror, e eu não preciso dizer o quanto a experiência foi boa. Vocês mesmos podem ler.
Mas desde então eu joguei várias vezes outros jogos da série, como Elder Sign e Eldritch Horror. Só não tive tempo de falar delas no blog. Mas agora eu to sendo paga pra falar desse jogo específico então é só alegria.
E eu notei jogando Mansions of Madness 2nd Edition, o último jogo da série, que todos esses jogos de facto se passam no mesmo universo. E como se não fosse o bastante, as personagens são recorrentes e tem histórias consistentes de jogo pra jogo.
Posso tomar um segundo pra dizer que isso é genial?
Ninguém da a mínima pra interpretar personagens de boardgame a não ser que seja um RPG. Aí vem a Fantasy Flight, inventa as próprias personagens que nunca apareceram na obra do Lovecraft (até porque aqui a gente tem muitas mulheres fodas e ele era um autor… do seu tempo, digamos assim) e da pra essas personagens não só status e poderes especiais aleatórios pro seu jogo poder funcionar, mas também histórias e personalidades!
A última publicação de AHF nem se quer foi um jogo, e sim um livro com histórias curtas sobre as personagens que apareceram nos jogos!
Eu dou uma importância gigantesca pra narrativa. E Mansions of Madness, que é o assunto dessa resenha, mais de uma vez me fez exclamar “NÓÓÓÓÓÓÓ” enquanto jogava na sala da minha casa.
Mansions of Madness é um jogo que usa um aplicativo do seu celular pra organizar o tabuleiro e controlar as criaturas das trevas que você encontrará durante a partida.
Pra arrumar o jogo, entre outras coisas, você deve entrar as informações do tipo de jogo que você quer jogar no seu celular.
O seu celular, em troca, vai te dizer os itens iniciais do seu grupo de investigadores e o resto das preparações específicas para essa partida.
Agora, imaginem a minha surpresa quando meu celular começou a fazer isso (Pula pra 1:47 e pode parar em 3:14):
MALUCO!
MALUCO!
MEU JOGUINHO DE MESA TÁ FALANDO, MALUCO!
TÁ ME COLOCANDO NO HUMOR E NA AMBIENTAÇÃO CERTAS PRO JOGO.
ISSO É TIPO UM COMPLETO MUNDO NOVO DE INTERATIVIDADE PRA MIM!
Fantasy Flight como sempre mandando muito bem na produção dos jogos, e honestamente, a Galápagos também por não ter pego atalhos e ter investido numa dublagem de ponta.
Isso incentiva e influencia a interpretação das personagens por parte das jogadoras. O ato de simplesmente ouvir a história e então ter o aplicativo tocando sons e música ambiente o tempo todo, ajuda quem está jogando a se investir emocionalmente no jogo, de uma forma que a maioria das jogadoras se vê tendo dificuldade de investir.
Graças a existência do aplicativo, o jogo flui bem. O aplicativo não contabiliza turnos nem movimentos, afinal se contabilizasse, o jogo físico se tornaria inútil. Mas é interessantíssimo como a ferramenta principal dos jogadores pode ser um celular ou um tablet que fica passando de mão em mão, ou um computador no canto da mesa que acaba se tornando parte do tabuleiro.
E vale notar que esse é um jogo de tabuleiro modular, onde as pessoas vão aparecendo sem você saber exatamente onde ou quais. O aplicativo também cuida de como o tabuleiro deve ser montado, e a variabilidade de tabuleiros, mesmo dentro do mesmo cenário, é grande e pode ser bem satisfatória.
Mas, sabe, se a dona do celular for fresca que nem eu, é bom maneirar nos salgadinhos e nas mãos suadas.
Esse jogo não é bom. Ele é MUITO bom, pelo menos pro padrão de jogos americanos belicosos. E boa parte disso se da graças ao app, que permite algumas incorporações que normalmente só seriam possíveis em videogames. Por conta disso, Mansions of Madness se torna um híbrido muito interessante de videogame e boardgame, mas que ao contrário de outros híbridos, CONHECE a sua própria identidade como boardgame primeiro e videogame apenas como suporte.
O fato do jogo depender tanto de um aplicativo tem seus problemas. O principal deles é que… Ele depende de um aplicativo. Se você está num lugar sem energia elétrica ou sem internet pra baixar o aplicativo, todos os 450 reais que você investiu na caixa vão ser tão úteis quanto decoração.
E o aplicativo não é perfeito. Digamos que o aplicativo, em determinado momento, pede que você resolva um quebra-cabeça abstrato qualquer, e diz que a proficiência que esse quebra-cabeça usa é “Observação”. Se a sua personagem tem Observação 3, você teoricamente só teria direito a 3 movimentos para resolver o quebra-cabeça. O problema é que nós somos gamers, e temos uma tendência a querer resolver esses problemas sem prestar atenção pro resto da interface. E se eu tenho Observação 3, o aplicativo não vai me parar depois da minha terceira tentativa, e eu vou continuar tentando resolver o problema sem nem notar que meus movimentos passaram a se tornar ilegais.
Isso é um tanto irritante, e podia ser resolvido muito facilmente, só com o app pedindo qual o nível da sua proficiência antes de começar o quebra cabeça.
E alguns desses problemas são DIFÍCEIS. Eu precisei de mais de 30 tentativas pra resolver um deles, quando já tinha dois mini Cthullhus no tabuleiro querendo devorar a minha alma, e eu estava tendo que usar minhas quatro personagens pra resolver aquela merda.
Mas esses jogos sempre foram difíceis, e eles nunca foram justos. Se eu posso assumir qualquer coisa, é que o celular tem apenas coisas boas a oferecer pro jogo, tais quais maior aleatoriedade, maior variedade narrativa, maior variedade de cenários de jogo, e a lista continua.
Falando em Mini Cthullhu, vamos falar das miniaturas.
Elas são… Feias. Tem jogos por aí com miniaturas bem mais bonitas. E os monstros são obrigados a ter uma base estranha embaixo deles por causa dos cartões e… as miniaturas muito raramente encaixam nas bases! Você tem que forçar as miniaturas dos monstros nas bases e fica muito estranho.
Pra piorar elas são feitas de um plástico ruim que parece que vai rasgar a qualquer momento. Eu tava com muito medo de acabar perdendo o pé de uma das miniaturas e devolver o jogo pra loja com um boneco sem pé.
Mas são miniaturas. E não é o jogo de miniatura mais caro que você vai encontrar por aí.
Miniaturas sempre ajudam com imersão em qualquer jogo. E algumas dessas miniaturas são bem grandes apesar de possivelmente mal feitas. E pelo quão caro são miniaturas boas de RPG hoje em dia, esse pacote com todos esses personagens e monstros, e ainda com um jogo bom junto, tá barato até.
O resto das peças é da qualidade que se espera da Fantasy Flight. A arte é maravilhosa, o material é firme. As cartas são um pouco sensíveis, mas alguns mini-shields e já era. A partir daí é só delícia.
Então eu convido vocês a experimentar o jogo, e quem sabe alugar ou comprar o jogo, porque eu acredito que ele vale bastante a pena.
E nada melhor pra preparar a gente pro VIDEOGAME DE CALL OF CTHULLHU QUE VAI SAIR NO FINAL DESSE ANO!!!!!!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Vou me despedir de vocês com o trailer da E3 desse ano!
Beijos.
Amo vocês!
Melhor que isso, só isso e Vampyr juntos.
– Felicia.