Muhammad Abd-al-Rahman Barker (Phillip Barker) linguista, game designer, autor e criador de Tékumel faleceu no dia 16 de março.
Barker foi um linguista e proeminente autor acadêmico e de ficção científica que influenciou profundamente Gygax e Arneson, co-criadores de Dungeons & Dragons . A revista alemã Spiegel o chamou de “Tolkien Esquecido”.
Gygax e a TSR ficaram tão impressionados com o trabalho de Barker que em 1975 publicaram uma versão de seu cenário de campanha, o mundo de fantasia de Tékumel.
Gygax fez comparações freqüentes entre o mundo de Tékumel e a Terra-Média de J.R.R. Tolkien – não em termos de literatura criada, ou de que seu trabalho era derivado do de Tolkien (Tékumel já estava em um estágio de criação bem avançado no momento em que O Senhor dos Anéis foi lançado), mas sim sobre os detalhes e a profundidade do cenário, os mitos e a linguística.
Gygax concluiu que os trabalhos de Barker tinham uma vantagem sobre os de Tolkien se relacionado ao RPG, uma vez que Tékumel havia sido desenvolvido por um gamer, enquanto que Tolkien não possuía este background e havia morrido antes do lançamento do D&D, sendo incapaz de abordar este novo passatempo pessoalmente.
Jogos ambientado em Tékumel foram publicados a cada década desde os anos 1970, incluindo Swords and Glory em 1983, Gardásiyal em 1994 e das Tékumel: Empire of Petal Throne em 2005.
Em 2008 Barker criou a Fundação Tékumel como seu executor literário para proteger e promover a sua propriedade intelectual.
Barker nasceu em 1929 e desde criança nutria grande interesse em “contos de fadas”, história e literatura, que seriam mais tarde influenciados por filmes como O Ladrão de Bagdá e que ajudaram a transformar os seus clássicos soldados de chumbo em personagens mais inclinados para fantasia.
Destas brincadeiras nasceu Tsolyanu, seu primeiro mundo fictício, que mais tarde se tornaria Tékumel. Este mundo emergiu e floresceu durante os anos de ensino fundamental e médio, quando Barker iniciou a construção de exércitos esculpidos a mão para representar suas criações. Também em uma idade bastante precoce, teve seu interesse por idiomas despertado através de crianças vizinhas, de origem Basca, que por meio de sua língua nativa eram capazes de excluir outras pessoas de suas conversas.
Pouco antes de 1950, enquanto estudava na Universidade de Washington, passou a escrever artigos, contos e comentários para publicações locais e a se corresponder com outros autores, incluindo Lin Carter, cujos escritos e experimentos linguísticos serviram de incentivo para que Barker finalmente colocasse no papel a história do mundo que havia criado.
Em 1951 recebeu uma bolsa para estudar línguas nativas americanas, e neste mesmo ano, em sua primeira viagem à Índia se converteu ao Islã – “por razões puramente teológicas. Parecia ser a religião mais lógica”. Barker admitiu que “após ouvir as recitações dos 99 nomes de Alá no Taj Mahal foi tomado por um sentimento de inimaginável êxtase religioso”.
Como Tolkien, Barker fez sua carreira como educador, ensinando na Universidade McGill e na Universidade de Minnesota em Minneapolis, entre outras instituições.
É surpreendente é ver os paralelos entre Tolkien e Barker: como o seu interesse em línguas estimulou o seu interesse na construção de um mundo de fantasia. Tolkien estudou línguas nórdicas, germânicas, anglo saxônicas e literatura, poemas e lendas escritas nessas línguas. Isso o conduziu ao desenvolvimento dos idiomas e culturas da Terra Média, assim como outras raças e histórias.
Barker estudou as línguas urdu, punjabi, pashto, Baluchi e Brahui, e criou o idioma Tsolyáni. Seu interesse por línguas influenciou o mundo de Tékumel, que foi largamente inspirado pelo Índico, Oriente Médio, Egito e mitologia Mesoamericana (enquanto os cenários de fantasia de Tolkien se basearam em mitologias europeias).
Neste sentido, MAR Barker foi um verdadeiro pioneiro em trazer um ponto de vista não-ocidental aos jogos de fantasia.
Saiba mais sobre o trabalho do professor Barker no site da Fundação Tékumel.
Puxa que triste. Uma pena descobrir mais sobre um cara desses em um momento como este.