Foundation de Isaac Asimov Como Série de TV?

O projeto de Roland Emmerich para fazer uma produção em video do clássico livro Foundation de Isaac Asimov, acaba de mudar suas previsões não mais sendo uma produção para o cinema mas sim para a televisão, com o diretor confirmando que seu próximo filme será, ao invés disso, uma sequência não aguardada de Independence Day.

Foundation de Isaac Asimov Como Série de TV?

Segundo Emmerich: “Estamos tentando fazer como uma grande mini-série, mas mesmo assim precisaria-se mudar a história e colocá-la numa época que a galáxia se desfez – então você já está fazendo um programa pra TV com todos os personagens e construindo todas essas cenas. Você pode [fazer isso] e nós vamos ver o que acontece. Nós tentamos muito [fazer um filme], sinceramente, porque é um dos meus livros favoritos. Eu simplesmente adoro”.

Mas no final, não será um filme. Entretanto a estrutura episódica dos livros (as três primeiras histórias da série na verdade são pequenas histórias e romances conectados) poderia muito bem ser adaptada para uma série de TV.

O desenvolvimento ainda está bem no começo, sem roteiristas ou estúdios vinculados à produção até o momento.

Fonte: http://thewertzone.blogspot.com

Feliz Aniversário, Isaac Asimov!

Isaac Asimov nasceu na Rússia dia 2 de janeiro de 1920. Foi um escritor e autor de obras de ficção e divulgação científica.

Sua obra mais famosa é a série da Fundação, também conhecida como Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-ficção.

Asimov foi reconhecido como mestre do gênero da ficção científica e, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado em vida como um dos “Três Grandes” escritores do gênero.

Asimov foi membro e por um longo período vice-presidente da Mensa, apesar de exercer com mais frequência e assiduidade a presidência da American Humanist Association (Associação Humanista Americana).

Isaac Asimov

No livro Escolha a Catástrofe, Asimov anteviu os projetos de criação coletiva (como a Wikipedia) ao falar sobre os problemas que poderiam levar a humanidade à extinção e como a tecnologia poderia salvá-la:

Haverá uma tendência para centralizar informações, de modo que uma requisição de determinados itens pode usufruir dos recursos de todas as bibliotecas de uma região, ou de uma nação e, quem sabe, do mundo. Finalmente, haverá o equivalente de uma Biblioteca Computada Global, na qual todo o conhecimento da humanidade será armazenado e de onde qualquer item desse total poderá ser retirado por requisição.

…Certamente, cada vez mais pessoas seguiriam esse caminho fácil e natural de satisfazer suas curiosidades e necessidades de saber. E cada pessoa, à medida que fosse educada segundo seus próprios interesses, poderia então começar a fazer suas contribuições. Aquele que tivesse um novo pensamento ou observação de qualquer tipo sobre qualquer campo poderia apresentá-lo, e se ele ainda não constasse na biblioteca, seria mantido à espera de confirmação e, possivelmente, acabaria sendo incorporado. Cada pessoa seria, simultaneamente, um professor e um aprendiz.

Em 1981, em sua homenagem o asteroide 5020 foi batizado de Asimov. O robô humanóide “ASIMO” da Honda, também pode ser considerada uma homenagem ao escritor.

Asimov morreu em 6 de abril de 1992 em Nova Iorque. Dez anos depois da sua morte, a autobiografia It’s Been a Good Life, revelou que sua morte foi causada pelo vírus da AIDS, contraído através de uma transfusão recebida durante uma cirurgia em 1983.

Isaac Asimov

Resenha A trilogia Fundação

A trilogia Fundação, uma série de contos, noveletas e novelas escritos por Isaac Asimov nos anos 40, reúne uma gama de qualidades raramente encontradas no mesmo trabalho, o que resulta numa leitura fluida, repleta de surpresas, de embasamento impressionante – sobretudo em se tratando de ficção científica – e capazes de gerar suspiros e reflexões após o clímax. Não é à toa que Asimov é considerado largamente como o maior nome de seu gênero, e sua obra, tão essencial a ele como O Senhor dos Anéis para a fantasia.

Resenha A trilogia Fundação

A série se passa num futuro muito distante. Para se ter uma ideia, o homem ter surgido em um só planeta da galáxia é apenas uma suposição, menos aceita, inclusive, que a hipótese de ter surgido simultaneamente em vários planetas. Trantor, em posição central na Via Láctea, é um planeta todo coberto por uma única cidade, em estruturas metálicas e alguns trilhões de pessoas. É a sede de um império de 12 mil anos, que aparentemente é forte e nada indica que tem previsão de cair. Uma analogia com o Império Romano no século V, o que foi a grande inspiração de Asimov.

E eis que surge Hari Seldon. Matemático brilhante, ele usa as leis da termodinâmica em grandes populações, partindo do mesmo princípio: assim como é impossível prever os movimentos de um átomo, também é com uma pessoa; porém é previsível como se comportará um gás – e também uma grande população. Quanto maior a população envolvida, e menor a quantidade de tempo da previsão, mais acurada ela é.[1] Hari, com sua nova ciência, faz uma descoberta terrível: o Império não só está fraco, como sua queda é irreversível nos próximos séculos. Ocorre o óbvio com ele: é acusado de traição, e precisa se explicar num julgamento em Trantor, no qual, de forma bela, compara a aparente imponência do Império com uma árvore morta, que parece cheia de vida por fora, mas é oca, e sua casca pode ser arrancada com as mãos.

O primeiro conto é narrado por um cientista que vai trabalhar com Seldon sem saber direito no que está se metendo, e acompanha todo esse processo, e o desfecho, no qual se revela a genialidade do matemático, de longe, o mais importante personagem da saga. Seldon, se não pode impedir a queda do Império, e nem os 30.000 anos de barbárie e guerras entre poderes menores que se seguirão, faz o que pode com seus cálculos, para que o conhecimento seja preservado, e esses 30 milênios se reduzam a 1. Bem-vindos à saga Fundação!

Resenha A trilogia Fundação

No primeiro livro, Fundação, lemos contos espaçados no tempo em décadas, de um para o outro, e nos acostumamos às principais características da série: um lapso do tempo entre uma estória e outra, o desconhecimento dos personagens do contexto em que vivem por completo – outra grande sacada de Asimov, pois só se compreende períodos históricos com clareza quando eles já passaram, e não durante sua ocorrência –, e as surpresas proporcionadas por enredos inovadores, uma verdadeira escola de como escrever uma boa estória.

Resenha A trilogia FundaçãoJá no segundo, Fundação e Império, e no terceiro, Segunda Fundação, a estrutura passa a ser de duas novelas por livro, com tramas mais complexas e maiores, mas ainda assim preservando as derradeiras surpresas, e a tradicional coerência.

Sendo um escritor de pulps, Asimov escrevia sem parar, recriando-se o tempo todo – o que se vê também em Robert E. Howard, Lovecraft e outros grandes nomes da clássica literatura fantástica. Isso, principalmente para o universo de Fundação, contribui de forma decisiva para sua credibilidade. Mesmo a psico-história, a ciência de Seldon, tem suas limitações, o que se vê, por exemplo, na imprevisibilidade do Mulo, que surge na segunda novela do segundo livro, uma das mais interessantes personagens da saga – mas que perde, a meu ver, para Seldon e suas aparições holográficas ao longo dos séculos. Nos anos 80, ao escrever Fundação II (Foundation’s Edge) a pedido de seus editores, Asimov chacoalhou mais ainda o seu universo, 500 anos depois do primeiro conto, e, como é tradicional de suas criações, sem gerar qualquer tipo de contradição.

Após a leitura da série Duna, de Frank Herbert (principalmente os dois primeiros livros), confesso que não esperava tamanha conjunção de qualidades em outro trabalho de ficção científica – ou mesmo de literatura. Fundação, porém, não perde em nada: mitologia soberba, reviravoltas, filosofia grandiosa, e personagens marcantes. E, se Duna falha ao decair a qualidade ao longo dos livros, Fundação mantém o nível – e, no quarto volume, arrisco a dizer que cresce.

A Aleph publicou, recentemente, um box da trilogia de linda qualidade gráfica, papel amarelo menos cansativo e capas chamativas, antológicas, até. Pena não terem feito isso ainda para o resto da série – foi duro ler Fundação II com fonte 8 e em formato pequeno, da edição que adquiri num sebo.

Fundação é basilar não só para entusiastas de ficção científica, como para todo amante de uma boa estória. E, para quem se arrisca a escrever, é uma aula atrás de outra.



[1] E eis a capacidade incrível de previsão de Asimov. Algo impensado nos anos 40, tais previsões embasadas por cálculos se tornaram frequentes nos serviços de inteligência de vários países, e muitas delas se tornaram públicas em livros e artigos nos anos 90 e 00.