O Impacto do Tempo de Preparação

O Impacto do Tempo de Preparação

A maioria dos jogos estão prontos para jogar logo depois que você os tira da caixa. Alguns minutos de preparação, uma jogatina prolongada, e alguns minutos pra guardar tudo outra vez. Facinho. Na verdade, a maioria das pessoas que jogam usam saquinhos plásticos, caixas organizadoras ou outros utensílios para garantir que o jogo possa ser preparado relativamente rápido. Então, na maioria das vezes, isso não é um grande problema. Mas existe uma hora em que a preparação torna-se algo penoso para o resto da partida? Francamente, sim.

Isso não é verdade para a maioria dos jogos. Cinco a dez minutos de preparação é perfeitamente aceitável para um jogo de noventa minutos. Mas eu não acho que um jogo mais longo necessariamente demanda por um tempo maior de preparação. Um dos maiores culpados por excesso de preparação é o Mansions of Madness.

Mansions of Madness

O jogo leva uma eternidade para ficar pronto. Você pode tentar tornar a tarefa menos árdua botando os jogadores pra arrumar as casas e o Keeper ficando a encargo de arrumar suas coisas. Mas, mesmo assim, é um baita esforço, que pode levar meia hora só de preparação. O seu semelhante, Arkaham Horror, também pode exigir uma boa quantidade de preparativos pré-jogo até que você possa iniciar a partida.

Um exemplo mais leve pode ser 7 Wonders e suas expansões Leaders e Cities. Para um jogo que pode levar uma hora ou mais (as expansões de fato aumentam o tempo de jogo), pode ser um saco gastar quinze minutos ou mais reunindo as cartas certas (baseado no número de jogadores), adicionando o número certo de guildas, e embaralhando e adicionando o número correto de cartas de cidade.

7 Wonders Board Game

Nesses casos, o jogo em si não fica menos divertido baseado apenas no tempo de jogo. Na verdade, uma vez que está tudo pronto e rolando, pode ser muito divertido. Mas saber que uma parte considerável da noite de jogo será gasta com preparativos pode ser bem desencorajador para jogar. Especialmente para quem gosta de eurojogos* e tenta maximizar a eficiência, perder tempo de lazer  preparando um jogo em vez de gastar jogando-o, pode parecer um ponto muito negativo.

O interessante é que existem outros jogos com preparações demoradas que não me incomodam nem um pouco. Eclipse, Mage Knight, Through the Ages e Game of Thrones, todos tem um tempo de preparação considerável.

Com relação a estes jogos, talvez eu saiba que de qualquer forma vou gastar uma parte considerável do meu tempo os jogando, então o tempo gasto com preparação não parece uma perda muito grande. Se nós jogarmos Eclipse numa noite de jogo, o estranho é que eu não vou jogar muito. E, talvez com algo como , eu adoro tanto o jogo que eu ignoro a preparação.

Enquanto a você? Você percebe que aproveita menos um jogo se ele tem um longo processo de preparação?

Through the Ages Board Game

 *Eurojogos: ou Eurogames é termo frequente utilizado para classificar certos jogos (não se refere a todos os jogos de tabuleiro que vem da Europa) que reúnem características em comum como: ausência de conflito indireto, competição em torno do acumulo de recursos ou pontos, participantes não são eliminados da partida, pouca sorte envolvida na mecânica – e esta é o principal fator, com a temática sendo menos determinante para os jogos. 

Via GeekInsight:

Giant Fire Breathing Robot

Entendendo o Público-Alvo

Entendendo o Público-Alvo

Existe uma tendência entre os boardgamers geek de classificar todos os jogos em duas categorias: (1) jogos que eu gosto; e (2) jogos ruins. Afinal, se alguém com uma ampla gama de experiências no hobby, tendo jogado inúmeros títulos não gosta de alguma coisa, então o jogo deve ser “ruim”, certo?

Ao mesmo tempo que eu concordo com a existência de jogos claramente ruins, eu também penso que muitos jogos que as pessoas chamam de “ruins” simplesmente não visam aquele público. Um ótimo exemplo disso é o Munchkin. Existe um monte de ódio direcionado ao Munchkin, e um pouco é merecido. Ele pode ser repetitivo, tem sérios problemas com todos se voltarem para derrubar o líder da partida (o que pode estender demais e tirar a diversão do jogo) e tem um conteúdo que incentiva muito o rancor. Tudo isso contribui para a minha preferência em não jogar Munchkin.

Entendendo o Público-Alvo

Mas, um monte de gente ama esse jogo. Vendeu a grosso modo trocentas cópias (e gerou inúmeros Munchkins com novas temáticas). E, é bom lembrar, eu fui um desses que jogou Munchkin inúmeras vezes. Eu adoro trocadilhos em geral, e alguns dos trocadilhos que fazem com esse jogo são hilários. Eu não consigo te dizer quantas boas histórias esse jogo deu origem. Munchkin dispensa a maior parte dos jogos bons (apesar de problemas com alguns viciados no jogo que causavam um baita incômodo).

Então o que aconteceu? Como ele foi de um jogo que eu jogava o tempo todo para um que eu prefiro não jogar? O jogo com as mesmas cartas e regras subitamente tornou-se objetivamente pior? Não. Meu gosto simplesmente mudou. Eu costumava ser o público-alvo de Munchkin. Eu estava procurando por um jogo simples – especialmente um que tirasse sarro de outro hobby favorito meu – D&D. Algo leve e interativo. Munchkin encaixou-se perfeitamente.

Agora, eu prefiro um jogo com mais conteúdo. Estou procurando por algo mais estratégico e com consequências mais opacas. Não é o Munchkin que é ruim, sou eu que não estou mais procurando pelo tipo de experiência que o Munchkin proporciona, e há uma diferença clara aí.

Entendendo o Público-Alvo

Então eu encorajaria colegas geeks a dar um passo pra trás quando não gostarem de determinado jogo após experimenta-lo. É por causa do jogo ser objetivamente falho, ruim ou mal-feito? Ou é porque ele simplesmente proporciona uma experiência mais leve/pesada/simplória/complexa que você geralmente se interessa? Em outras palavras, vamos ter um pensamento um pouco mais crítico antes de rotular um jogo como “ruim”.

Via GeekInsight:

Giant Fire Breathing Robot