Resenha de A Cidade e as Estrelas

Certa vez, ao ler sobre Pangaea Ultima, o supercontinente que existirá daqui a 250 milhões de anos, sobre espécies do futuro e sobre o planeta Terra com anéis, surgiu-me uma ideia para um romance. Nele, a humanidade viveria numa mega-cidade isolada do ambiente, o que permitiria ao homem se manter alheio às mudanças climáticas e à seleção natural. Compartilhei a ideia com um amigo escritor e nos propusemos a levar o projeto adiante. Então, como que por acaso, deparei-me com a sinopse de A Cidade e as Estrelas, de Arthur C. Clarke, e desisti, temendo plagiá-lo sem querer.

A Cidade e as Estrelas

Hoje, após a leitura desse impressionante romance de ficção científica, vejo que muito provavelmente minha melhor decisão foi abandonar a ideia. Não apenas pelo roteiro em si – que eu nem imitaria no todo, pois Clarke trata de Alvin, que renasce sem memórias e por isso tem uma ânsia de deixar a cidade, enquanto eu acompanharia um androide policial que persegue delinquentes que deixam sua capital rumo ao deserto -, mas pela profundidade das ideias e projeções futuristas do autor, que dificilmente podem ser igualadas – quiçá superadas.

Diaspar, a cidade de Clarke, é de cair o queixo – principalmente se levarmos em conta que o livro foi publicado em 1956. O livro já começa com Alvin e seus amigos jogando “Sagas”, que não são nada mais que uma previsão de videogames em perfeita realidade virtual, como um dia teremos. Tudo na cidade funciona ao comando de pensamentos, os quartos são vazios; basta que alguma pessoa deseje, e a mobília surja, materializada pelas máquinas que controlam a matéria. Uma cama, um divã, uma tela em qualquer parede, etc.

Segundo sua história oficial, Diaspar existe há um bilhão de anos, desde que a humanidade foi forçada pelos Invasores a abdicar de seu império galáctico e se recolheu em seu planeta original. O trato foi que jamais deixariam sua última cidade, e os Invasores não os destruiriam. Assim, Diaspar funciona como um ciclo fechado, uma máquina perfeita. Tem bilhões de habitantes, mas apenas 10 milhões vivem de cada vez. Cada pessoa vive mil anos, portanto, 10 mil nascem e morrem a cada ano. A morte, contudo, não é o fim: as memórias ficam guardadas pelo Computador Central, e uma equação determina quando a pessoa retornará. Computador Central, aliás, que é um show à parte: diferente de tudo o que era imaginado pela ficção científica nos anos 50, 60, ou mesmo 70 e 80, ele funciona como uma máquina realmente futurista, com internet. Ele não está em alguma parte em específico da cidade; cada pequeno robô é uma parte de seus olhos, ouvidos, tato e mente.

A Cidade e as Estrelas

De acordo com a história de Diaspar, não existe mais vida humana fora da cidade. Alvin, contudo, nasce sem memórias, como se jamais tivesse pisado no mundo antes. E ele tem uma sede pelo desconhecido. É desprovido do medo inato de seus conterrâneos de deixar a cidade. Ele logo descobre que houve outros 14 como ele no último bilhão de anos, mas nada se sabe sobre seus feitos e destino. E, com uma disposição e insistência sem limites, Alvin fará de tudo para deixar Diaspar e conhecer o mundo lá fora.

É um livro que é simplesmente devorado, dada a ânsia em conhecer o que virá em seguida, e o cliffhanger no fim de cada capítulo. E Clarke não abusa de nossa curiosidade: ao fim do primeiro terço de obra, esse dilema de deixar ou não deixar Diaspar se resolve, e as questões envolvidas na obra e o universo apresentado pelo autor vão crescendo a proporções geométricas. Ao fim, o que se vê é realmente todo o futuro da humanidade, das ciências, da vida no cosmo, sendo vislumbrados, projetados, debatidos.

E minha estória na Terra futura com anéis? Bem, após ler A Cidade e as Estrelas, não vejo nenhuma necessidade dela vir ao mundo. Clarke já a escreveu antes de mim.

Promoção: Crie um booktrailer para “Os Herdeiros dos Titãs”

Os Herdeiros dos Titãs

O amigo Eric Musashi, autor da Os Herdeiros dos Titãs (leia aqui a resenha do livro) está fazendo uma superpromoção para divulgar a sua obra. Veja como participar:

Crie um booktrailer para a dualogia “Os Herdeiros dos Titãs” e concorra a até R$ 1.000,00

1. Para concorrer, é necessário elaborar um vídeo de divulgação da obra.

2. É necessário que o vídeo tenha imagem e som.

3. A escolha do que será representado é livre, desde que relacionado à temática da obra, tanto o primeiro livro, De Lutas e Ideais, quanto o segundo, A Mão do Destino.

4. O vídeo deve ser postado no youtube. O autor, porém, é livre para postá-lo noutros lugares.

5. No ato da inscrição, feita por e-mail, o autor deve se identificar, colocando também o link de onde o vídeo foi postado. A mensagem deve ser enviada para o endereço ericmusashi@gmail.com

6. É permitido participar com mais de um vídeo, ou em mais de uma etapa do concurso, ficando a cargo do participante decidir quantos vídeos produzirá e inscreverá.

7. Os vídeos serão julgados por uma banca formada por três pessoas, recebendo notas de 1 a 5 nos seguintes critérios:

a. Criatividade

b. Originalidade

c. Fidelidade ao objetivo proposto

d. Combinação áudio/vídeo

A soma resultará numa nota de 4 a 20 pontos. O vídeo de maior pontuação será o vencedor da etapa. Em caso de empate, aquele que tiver pontuação maior no critério A, vence. Persistindo a igualdade, passa-se ao B, e assim sucessivamente.

Ainda restando candidatos empatados, a banca votará até que reste apenas um vídeo.

8. O vencedor de cada etapa estará automaticamente classificado para a grande final. Isso não o impedirá de seguir concorrendo. Para a final, ele poderá inscrever um novo vídeo, se for de sua escolha, ou fazer ajustes no seu.

9. Os vencedores de cada etapa serão revelados nos dias:

30 de setembro (primeira eliminatória)

28 de outubro (segunda eliminatória)

30 de novembro (terceira eliminatória)

10. A finalíssima se dará dia 02 de dezembro. Os vencedores serão contatados para enviarem dados para o recebimento dos prêmios. Caso algum dos vencedores não se manifeste no prazo de sete dias, o prêmio que lhe cabia será dividido entre os outros vencedores. No caso de nenhum vencedor responder, aqueles que ficaram em segundo lugar em cada uma das eliminatórias serão convocados para uma nova final, em data posteriormente anunciada.

11. Caso um mesmo candidato tenha vencido duas etapas, ele participará da finalíssima com seus dois vídeos vencedores, e será premiado em duas posições. Na situação rara de um mesmo candidato ser nomeado em todas as etapas, ele receberá os três prêmios.

12. Os prêmios são de:

R$ 700,00 para o primeiro colocado

R$ 200,00 para o segundo colocado

R$ 100,00 para o terceiro colocado

Mapa - Os Herdeiros dos Titãs - O Nascente

Informações úteis para o candidato

A. História em quadrinhos de introdução à obra: http://osherdeirosdostitas.blogspot.com.br/p/uma-introducao-os-herdeiros-dos-titas.html

B. Primeiros três capítulos do volume I, De Lutas e Ideais: http://www.bookess.com/read/7595/

C. Ilustrações da primeira HQ de Os Herdeiros dos Titãs: http://osherdeirosdostitas.blogspot.com.br/2012/08/ilustracoes-da-primeira-hq-de-os.html

D. Wallpapers da segunda HQ de Os Herdeiros dos Titãs: http://osherdeirosdostitas.blogspot.com.br/2012/07/wallpapers-da-hq-de-os-herdeiros-dos.html

Adquira o seu!

A dualogia Os Herdeiros dos Titãs narra o período decadente de uma civilização de quatro mil anos, baseada nos desmandos de uma Rainha-Deusa e seus sacerdotes, ditos imortais.

Vol. I – De Lutas e Ideais

Téoder é o maior herói de seu tempo e líder máximo dos exércitos de Atala, mas foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha, maculando irremediavelmente sua honra. Arion, seu filho, luta contra tudo o que ele representa, e se converteu num líder revolucionário que tenta trazer de volta o velho modo de vida em sua cidade.

Contudo, conflitos sangrentos e tragédias o levam a meramente lutar para se manter vivo. E tudo o que ele temia, um reencontro com o pai, se torna cada vez mais iminente e necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Formato: 16×23

352 páginas

Opções de compra (29,40 a 31,90):

Direto com o autor (autografado e com marcador de páginas)

Os Herdeiros dos Titãs

 

Vol. II – A Mão do Destino

A Mão do Destino prossegue com a fuga de Arion e Luredás de seus perseguidores, que são liderados por Tromos, béli de Jatitã. Mas tudo parece se remeter a uma questão menor, à iminência de um conflito de proporções jamais vistas em Grabatal.

As tropas se reúnem em Catebete, prontas para a conquista em nome da Rainha-Deusa. O que os espera além das montanhas, ninguém sabe. Contudo, haverá sentido na luta, se foram enviados sem esperança, para que não retornassem? E o futuro de ambos os lados do conflito está nas mãos de um único homem – um relutante profeta.

Formato: 16×23

504 páginas

Opções de compra (39,00):

Direto com o autor (autografado e com marcador de páginas).

A Mão do Destino

Rito de Passagem (HQ)

Rito de Passagem é uma estória em quadrinhos que aborda eventos anteriores à dualogia Os Herdeiros dos Titãs. Em suas páginas, entraremos nas vidas de Arion, Rassuí e Ariádan, e conheceremos suas dores, perdas e o que os motiva a lutar.

Apanhe sua capa, sua espada e os acompanhe nessa fantástica aventura – da qual este volume é só o começo.

Formato: Americano

28 páginas

Opções de compra:

Em breve…

HQ Herdeiros dos Titãs

Império da Prata – Conn Iggulden

Conn Iggulden narrou ao longo de três livros a história de Genghis Khan. Confesso que ainda não os li, mas como o quarto começa dois anos após sua morte, não vi problema em começar por ele. Nunca tinha lido nada do autor, e nem o conhecia, mas logo de cara ficou claro que ele não merecia ser subestimado. Do começo ao fim, o livro é bem escrito, traz personagens complexos e carismáticos, e a leitura é fluente e empolgante.

O momento histórico abordado pelo livro é complexo e fundamental não só para a Mongólia, como para a Ásia e a Europa como um todo. Ao passo que o império é dividido entre os filhos de Genghis, uma campanha liderada por Tsubodai (um dos maiores generais da história) e com a presença de vários príncipes da nação avança pela Rússia, conseguindo vitórias em pleno inverno (um feito jamais repetido) e Europa adentro, colocando em risco toda o mundo como conhecemos. Não fossem eventos políticos – que o livro explica bem, mas não farei spoilers -, talvez hoje esta resenha fosse escrita em mongol ou chinês.

Império da Prata - Conn Iggulden

Não obstante as dificuldades, o autor não se complica, permitindo-se omitir personagens mais secundários para não comprometer a narrativa e focando nos atores principais dessa teia intrincada de eventos. Ogedai, terceiro filho de Genghis e seu herdeiro, tem o coração fraco, e seu irmão mais velho Chagatai (o primogênito e bastardo Jochi morreu antes do pai) não pode esperar pela morte do clã, quando então marchará para a capital Karakorum e ocupará seu lugar.

Na campanha pela Europa, a tensão é entre Batu, filho de Jochi, e Tsubodai; Tsubodai é o orlok, o general máximo nomeado, mas ele não tem realeza, e Batu o confronta na esperança de assumir o controle. Eles vão sendo levados por uma rivalidade cada vez mais intensa, a ser definida do meio para o fim do romance.

A personagem mais marcante do livro, entretanto, é Sorhatani, a bela esposa de Tolui, o caçula de Genghis, que vivia tendo sonhos cálidos com o sogro falecido. Ela é uma mulher astuta e ambiciosa que faz de tudo para assegurar o futuro de seus filhos (só lembrando que seu segundo filho é Kublai, que um dia será Kublai Khan).

Num ritmo constante, nem tão intenso, como também nunca lento, Iggulden conduz essa bela e cativante narrativa, onde os personagens todos não têm inimigos declarados – mas jamais podem confiar plenamente em alguém. É um livro marcante e envolvente. No último dia, li seguidamente 70 das 400 páginas, ávido pela conclusão, que é satisfatória. O autor ainda tem o cuidado de inserir notas no final revelando quais fatos históricos ele modificou.

Resenha A trilogia Fundação

A trilogia Fundação, uma série de contos, noveletas e novelas escritos por Isaac Asimov nos anos 40, reúne uma gama de qualidades raramente encontradas no mesmo trabalho, o que resulta numa leitura fluida, repleta de surpresas, de embasamento impressionante – sobretudo em se tratando de ficção científica – e capazes de gerar suspiros e reflexões após o clímax. Não é à toa que Asimov é considerado largamente como o maior nome de seu gênero, e sua obra, tão essencial a ele como O Senhor dos Anéis para a fantasia.

Resenha A trilogia Fundação

A série se passa num futuro muito distante. Para se ter uma ideia, o homem ter surgido em um só planeta da galáxia é apenas uma suposição, menos aceita, inclusive, que a hipótese de ter surgido simultaneamente em vários planetas. Trantor, em posição central na Via Láctea, é um planeta todo coberto por uma única cidade, em estruturas metálicas e alguns trilhões de pessoas. É a sede de um império de 12 mil anos, que aparentemente é forte e nada indica que tem previsão de cair. Uma analogia com o Império Romano no século V, o que foi a grande inspiração de Asimov.

E eis que surge Hari Seldon. Matemático brilhante, ele usa as leis da termodinâmica em grandes populações, partindo do mesmo princípio: assim como é impossível prever os movimentos de um átomo, também é com uma pessoa; porém é previsível como se comportará um gás – e também uma grande população. Quanto maior a população envolvida, e menor a quantidade de tempo da previsão, mais acurada ela é.[1] Hari, com sua nova ciência, faz uma descoberta terrível: o Império não só está fraco, como sua queda é irreversível nos próximos séculos. Ocorre o óbvio com ele: é acusado de traição, e precisa se explicar num julgamento em Trantor, no qual, de forma bela, compara a aparente imponência do Império com uma árvore morta, que parece cheia de vida por fora, mas é oca, e sua casca pode ser arrancada com as mãos.

O primeiro conto é narrado por um cientista que vai trabalhar com Seldon sem saber direito no que está se metendo, e acompanha todo esse processo, e o desfecho, no qual se revela a genialidade do matemático, de longe, o mais importante personagem da saga. Seldon, se não pode impedir a queda do Império, e nem os 30.000 anos de barbárie e guerras entre poderes menores que se seguirão, faz o que pode com seus cálculos, para que o conhecimento seja preservado, e esses 30 milênios se reduzam a 1. Bem-vindos à saga Fundação!

Resenha A trilogia Fundação

No primeiro livro, Fundação, lemos contos espaçados no tempo em décadas, de um para o outro, e nos acostumamos às principais características da série: um lapso do tempo entre uma estória e outra, o desconhecimento dos personagens do contexto em que vivem por completo – outra grande sacada de Asimov, pois só se compreende períodos históricos com clareza quando eles já passaram, e não durante sua ocorrência –, e as surpresas proporcionadas por enredos inovadores, uma verdadeira escola de como escrever uma boa estória.

Resenha A trilogia FundaçãoJá no segundo, Fundação e Império, e no terceiro, Segunda Fundação, a estrutura passa a ser de duas novelas por livro, com tramas mais complexas e maiores, mas ainda assim preservando as derradeiras surpresas, e a tradicional coerência.

Sendo um escritor de pulps, Asimov escrevia sem parar, recriando-se o tempo todo – o que se vê também em Robert E. Howard, Lovecraft e outros grandes nomes da clássica literatura fantástica. Isso, principalmente para o universo de Fundação, contribui de forma decisiva para sua credibilidade. Mesmo a psico-história, a ciência de Seldon, tem suas limitações, o que se vê, por exemplo, na imprevisibilidade do Mulo, que surge na segunda novela do segundo livro, uma das mais interessantes personagens da saga – mas que perde, a meu ver, para Seldon e suas aparições holográficas ao longo dos séculos. Nos anos 80, ao escrever Fundação II (Foundation’s Edge) a pedido de seus editores, Asimov chacoalhou mais ainda o seu universo, 500 anos depois do primeiro conto, e, como é tradicional de suas criações, sem gerar qualquer tipo de contradição.

Após a leitura da série Duna, de Frank Herbert (principalmente os dois primeiros livros), confesso que não esperava tamanha conjunção de qualidades em outro trabalho de ficção científica – ou mesmo de literatura. Fundação, porém, não perde em nada: mitologia soberba, reviravoltas, filosofia grandiosa, e personagens marcantes. E, se Duna falha ao decair a qualidade ao longo dos livros, Fundação mantém o nível – e, no quarto volume, arrisco a dizer que cresce.

A Aleph publicou, recentemente, um box da trilogia de linda qualidade gráfica, papel amarelo menos cansativo e capas chamativas, antológicas, até. Pena não terem feito isso ainda para o resto da série – foi duro ler Fundação II com fonte 8 e em formato pequeno, da edição que adquiri num sebo.

Fundação é basilar não só para entusiastas de ficção científica, como para todo amante de uma boa estória. E, para quem se arrisca a escrever, é uma aula atrás de outra.



[1] E eis a capacidade incrível de previsão de Asimov. Algo impensado nos anos 40, tais previsões embasadas por cálculos se tornaram frequentes nos serviços de inteligência de vários países, e muitas delas se tornaram públicas em livros e artigos nos anos 90 e 00.

Resenha de Conan, o Bárbaro (Livro)

Pela primeira vez, o público brasileiro terá a oportunidade de apreciar o único romance escrito por Robert E. Howard, criador do personagem Conan, o bárbaro. Neste livro, também são publicados três contos inéditos: “Além do Rio Negro”, “As negras noites de Zamboula” e “Os profetas do Círculo Negro”.

O leitor se deliciará com narrativas épicas, repletas de reviravoltas e de personagens complexos, guerreiros, batalhas espetaculares, piratas, monstros saídos dos golfos da noite, belas mulheres e feiticeiros, que irão hipnotizá-lo do início ao fim do livro.

Conheça as histórias que inspiraram gerações de leitores, escritores e roteiristas, e que também serviram de base para o filme Conan, o bárbaro.

Leitura obrigatória para apreciadores de literatura fantástica e do gênero espada & feitiçaria. Público-alvo: Apreciadores de cultura em geral e fãs de cinema e história em quadrinhos.

SOBRE O AUTOR Autor (1906-1936) é considerado um dos escritores mais brilhantes de sua geração, tendo criado dezenas de personagens conhecidos, sendo o pai indiscutível do gênero “espada & feitiçaria”.

Ao longo de sua carreira curta, porém prolífica, Howard escreveu histórias de aventura, terror, faroeste, ficção científica e erotismo, além das detetivescas, entre outras, mas foi com a criação de Conan, o bárbaro que seu nome se imortalizou.

Lançadas originalmente em revistas pulps norte-americanas, as histórias de Howard foram republicadas incontáveis vezes em mais de uma centena de países em todo o mundo, e hoje são consideradas um marco para a literatura fantástica, servindo de inspiração para os mais diversos escritores, desde J. R. R. Tolkien até George R. R. Martin.

Resenha de Conan, o Bárbaro

Logo nas primeiras páginas já se vê por que Robert Ervin Howard foi, talvez, o maior mestre da fantasia. Mesmo na ausência de Conan, é tudo tão fluente e cheio de ritmo, de filosofia mesclando com o fantástico, de vida. Um mundo imaginário toma forma como fosse real, e doeu no meu peito como no do antagonista a queda das torres púrpuras de Acheron, há 3 mil anos.

É impressionante como o autor criou um gênero, e foi tão imitado. Eis que, por exemplo, se fala neste romance da Mão Branca de Saruman… ops, da Mão Negra de Stygia. E a lista de obras que beberam da fonte de Howard ultrapassam a fronteira da fantasia: Conan se depara com uma vampira primordial em Khemi, na Stygia (Egito), chamada Akivasha. E Anne Rice (Crônicas Vampirescas) e sua Akasha.

As tramas e sub-tramas reservam boas surpresas, mesmo de início, um verdadeiro mundo hiboriano em que cão devora cão. E o Conan, mais velho e rei, é receoso como deveria, mas também impulsivo e temerário como um cimério.

Lendo, e acompanhando o repentino sucesso de Guerra dos Tronos por aqui, não consigo explicar o ostracismo dos escritos de Robert E. Howard no Brasil.

O estilo da trama se parece com o de Crônicas de Gelo e Fogo, porém com muito mais agilidade no desenrolar dos fatos, e contada de outra forma – enquanto Martin foca em diversos lados de um conflito, Howard se centra no rei que foi traído por diversos nobres e, enfeitiçado, incapaz de liderar suas tropas, viu seu reino ser invadido.

Frank Frazetta

É uma fuga alucinada e uma luta para recuperar sua posição. O mais incrível é que os escritos de Howard estão no domínio público (o autor se suicidou em 1936, aos 30 anos, somente 4 após criar o maior personagem da literatura fantástica), mas não há muita propaganda em cima deles, que estão entre o que há de melhor em tudo o que é importante numa litfan: bons personagens, surpresas, ambientação, conspirações, feitiçaria e seres mitológicos.

Conan foi construído em contos anacrônicos de sua vida como aventureiro, ladrão, mercenário e rei (o primeiro conto escrito é dele rei, já velho); neste romance, porém, a Era Hiboriana ganha muito em profundidade com a civilização perdida de Acheron e a descrição minuciosa do conflito entre Aquilônia e Nemédia, com os papéis de todos os estados envolvidos, e o jogo de interesses. E tudo sem Conan deixar de ser Conan (ousado, impulsivo, letal como uma lâmina e desconfiado como deve ser um rei), e sem perder a ação e a intensidade.

O romance “A Hora do Dragão” tem um desfecho satisfatório e poético, em certa medida, mas não é com ele que se encerra o livro. As três noveletas que se seguem se diferem muito entre si, e parecem apresentar o cimério em fases distintas de sua vida. Todas são violentas, cheias de ritmo e com conclusões agridoces, característica do estilo de Howard. Também são notórias por trazerem lugares inusitados da Era Hiboriana.

O livro, somado aos dois volumes já publicados pela Conrad há alguns anos, provavelmente terá tiragem limitada e se tornará item raro de colecionador. Um “corpus conanescum” que, embora bem conhecido e à disposição no estrangeiro, está à margem do mainstream no Brasil. Aos que apreciam uma boa literatura fantástica – com boas estórias, embasamento, maturidade e um mundo complexo e bem descrito -, a sugestão é que adquiram o mais rápido que puderem. Antes que se torne impossível.

Resenha de Os Herdeiros dos Titãs – de lutas e ideais

“Os Herdeiros dos Titãs – de lutas e ideais” (Giostri, 2010, 350 páginas), do escritor e pesquisador brasileiro Eric Musashi, apresenta a jornada épica empreendida por pai e filho através do continente fantástico de Grabatal. Para o primeiro, Arion, esta jornada representa autoconhecimento e a descoberta de si mesmo. Para o segundo, Téoder, é a busca pela redenção por um terrível crime cometido e por uma culpa que consome sua própria alma.

Ao longo das 350 páginas do livro Eric Musashi nos apresenta a maravilhosa e complexa civilização que habita o continente de Grabatal. Sua virtuosa descrição dos costumes, tradições, religião, estrutura social e militar que compõe o cenário servem de pano de fundo para a história narrada.

Téoder vive em Catebete, a capital do continente e morada de Quetabel, a Deusa Rainha. Conhecido como o guerreiro mais poderoso de seu tempo, ocupa o cargo de béli, o principal lider político e militar dentro das cidades-estado.

Nas palavras do próprio autor, Téoder é o herói ideal que falhou e não soube como agir. Esta abordagem nos apresenta um homem infeliz e desconfortável com o rumo que sua vida seguiu, refém e amante da manipuladora Rainha e consumido pela terrível culpa por ter assassinado Faná, sua esposa e mãe de Arion. A motivação por trás deste terrível ato é um dos principais elementos presentes na trama deste primeiro livro.

Os Herdeiros de Titãs

Arion é um jovem e idealista que se rebela contra o regime do beli de Jatitã, antiga capital de reino de Atala. Sua insatisfação o conduz a um confronto de conseqüências trágicas e que marca o início de sua jornada pelo continente de Grabatal, juntamente com seu inseparável amigo Luredás.

Porém, Arion deixa um rastro de destruição por onde passa, e problemas o perseguem através de toda a sua trajetória ao longo de Grabatal e se agigantam de tal forma que ele se vê forçado a fazer algo impensável: recorrer a ajuda do assassino de sua mãe.

A história segue de forma paralela esta trajetória empreendida por pai e filho e culmina com o inevitável encontro entre os dois – porém o caminho percorrido por ambos os fez amadurecer, e o desfecho desta história não ocorre como o esperado.

Os Herdeiros dos Titãs estampa desde as suas primeiras páginas temas infreqüentes nos universos de fantasia: insatisfação social, questionamento do status quo político e religioso, e principalmente, a miséria e o sofrimento das pessoas comuns. Também descobrimos ao longo da história que algo de terrível está acontecendo em Grabatal. O clima mudou, grande parte da população passa fome e partes do próprio continente parecem estar morrendo.

Quetabel, a Deusa imortal, representa para mim um dos poucos pontos falhos em Os Herdeiros dos Titãs. A personagem é somente uma coadjuvante neste primeiro livro, mas é estranho ver uma mulher com mais de 700 anos e que ocupa o posto de Deusa Rainha agir como uma adolescente enciumada. Espero que no próximo livro, A Mão do Destino, a personagem seja aprofundada e descubramos mais sobre sua história e motivações.

Com um cenário que aguça a curiosidade do leitor por saber mais sobre a história e o destino de Grabatal, Os Herdeiros dos Titãs – de lutas e ideais é uma leitura altamente recomendada. A estrutura criada pelo autor é tão sólida e detalhada que, com algumas adaptações, poderia se transformar facilmente no cenário perfeito para um RPG.

Saiba mais sobre Os Herdeiros dos Titãs aqui.

Mapa - Os Herdeiros dos Titãs - O Nascente

Promoção Os Herdeiros de Titãs

Quer ganhar um exemplar do romance de fantasia épica Os Herdeiros de Titãs?  Até o fim do ano, o blog Os Herdeiros dos Titãs sorteará um livro a cada duas semanas para os seguidores do blog.

Os Herdeiros dos Titãs narra o período decadente de uma civilização de quatro mil anos, quando dos desmandos de uma Rainha-Deusa e seus sacerdotes, ditos imortais.

Os Herdeiros de Titãs
De Lutas e Ideais, a primeira parte dessa aventura, apresenta o drama familiar de Téoder, maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha. Arion, seu filho, é um revolucionário que evita o pai a todo custo. Mas quando ele passa a fugir das autoridades, deixando um rastro de sangue pelo caminho, um reencontro se torna cada vez mais necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Para participar é simples:

1) Ser seguidor do blog Os Herdeiros dos Titãs.

2) Comentar em alguma postagem do blog ou twitar sobre a promoção.

Participe!

 

 

Entrevista com Eric Musashi – Autor de Os Herdeiros de Titãs

Os Herdeiros dos Titãs narra o período decadente de uma civilização de quatro mil anos, que agoniza e desafia o tempo num sistema falido baseado nos desmandos de uma Rainha-Deusa e seus sacerdotes, ditos imortais.

Em De Lutas e Ideais, a primeira parte dessa aventura, somos apresentados ao drama familiar de Téoder, o maior herói de seu tempo, mas que foi levado a assassinar a própria esposa por ordem da Rainha, e Arion, seu filho, um líder revolucionário que tenta trazer de volta o velho modo de vida em sua cidade.

Contudo, conflitos sangrentos e tragédias o levam a meramente lutar para se manter vivo. E tudo o que ele temia, um reencontro com o pai, se torna cada vez mais iminente e necessário, trazendo à tona feridas antigas provocadas por um crime imperdoável.

Os Herdeiros de Titãs

Antes de mais nada, uma curiosidade: Musashi, sobrenome ou nickname? Qual a influencia do mais famoso samurai de todos os tempos em sua vida?

É nickname. Eu pensei em vários nomes de 2004 (quando concluí a dualogia Os Herdeiros dos Titãs) até 2010 (quando acertei a publicação), até que resolvi usar meu nome verdadeiro: Eric Henrique. A editora, porém, o julgou fraco, e sugeriu o meu endereço de e-mail, Eric Musashi.

A história de Musashi em minha vida é antiga, e posso dizer que a leitura do romance histórico de Eiji Yoshikawa sobre o samurai foi crucial para a escrita de Os Herdeiros dos Titãs.

O processo de criação e escrita são situações peculiares e variam muito de um autor para outro. Como é escrever para você? Exige algum preparo?

Eric Musashi - Herdeiros dos TitãsExige. Para Os Herdeiros dos Titãs, houve um mês de preparo até que eu me lançasse à escrita, e muita coisa aconteceu naturalmente enquanto o livro era elaborado. A linha principal de eventos, contudo, foi mantida até o fim, bem como os objetivos traçados, que se revelarão mais fortemente na parte 2, A Mão do Destino.

Quanto mais escrevi, entretanto, mais me senti refém da preparação. Ainda era criação livre, tanto que mais de uma vez criei subtramas e modifiquei o rumo dos acontecimentos na metade dos livros. Não obstante, passei a levar meses, e até anos, maturando uma ideia para que se transformasse num romance.

Mais do que isso: a criação de cenários, filosofias, personagens e tramas se tornou uma paixão para mim, e escrever é a parte cansativa do processo, o trabalho duro.

Grabatal, o mundo onde a história é ambientada, apresenta um rico background com castas, religião, calendário, pontos cardeais, contagem de tempo e distâncias próprias. Quais foram suas inspirações para a criação deste cenário tão rico e detalhado?

A primeira inspiração foi o Japão Feudal visto no épico Musashi. Isso se vê na sociedade dividida em duas grandes camadas, de militares no topo, e civis na parte de baixo.

Como, contudo, é um romance especulativo, e falo de Atlântida, foi natural que me baseasse em muito do que se escreveu sobre o continente perdido. Jatitã, a antiga capital, é cercada de anéis d’água como nos diálogos de Platão, por exemplo.

Tentei ao máximo me desprender de tudo o que concebemos como civilização. Há elementos de várias épocas e culturas, deslocados até se tornarem incrustados no mundo atalai. A relativa liberdade das mulheres, os cultos antigos aos titãs (seres de luz, do significado original pelasgo) e aos Elementos, a maioridade com direito a novo nome aos 16 anos (duplo-dois), etc.

O mais curioso é que o cenário foi uma das coisas que mais chamou a atenção dos meus leitores, e eu, no fundo, o considero a minha ambientação menos original – até por ter sido a primeira. O reconhecimento me deixa orgulhoso, e ansioso por publicar minhas outras criações.

Os Herdeiros de Titãs é o primeiro de uma série de três livros. A exemplo de outras trilogias, existe uma mensagem ou idéia principal que toda a sua obra queira passar?

Na verdade, agora é dualogia, rs

Criei como um só livro, tomou proporções maiores que as planejadas, e a editora me convenceu a fazer como trilogia. Contudo, embora o primeiro livro tenha funcionado legal como introdução e fechado bem, houve um problema para fazer isso com o segundo, o que me levou a reformular certas coisas e reduzir certos eventos.

Teremos, em breve, A Mão do Destino, com algo entre 500 e 600 páginas, concluindo a narrativa.

Há diversas mensagens passadas em Os Herdeiros dos Titãs, e posso tomar duas como principais: a) a realidade palpável é um reflexo de nossas mentes, e não é rígida como pensamos, sendo, por outro lado, moldável de acordo com nossas crenças – ou a falta delas; e b) todos somos falhos, e planejar ou idealizar é apenas sonhar, nada mais do que isso.

Essa segunda mensagem, creio eu, é à que mais recorro na narrativa. Téoder fraquejando, o herói ideal que falhou e não soube como agir. E Arion, que se sente um idealista, recebendo um choque de realidade a todo momento.

Mesmo depois de sete anos, ainda me sinto feliz sobre como conduzi certas passagens, [spoiler] como ele de frente para Quetabel sem coragem de colocar a própria vida em risco, ou a cena do sacrifício.

Essas duas mensagens, independente das diferenças de filosofias e temáticas, acompanharam-me em meus livros ao longo dos últimos sete anos.

Você pretende lançar obras fora da mitologia criada em Grabatal? Ou mesmo dentro de outro estilo, já pensou sobre isso?

Dentro de outro estilo, já foi até escrito. Após concluir Herdeiros, resolvi criar algo minimalista em vários sentidos. Uma estória em que palavras e intrigas sejam mais poderosas que o brilho destrutivo da lâmina com sevaste, e em que os exércitos não passavam de centenas, como na Idade do Bronze. Disso surgiu Linara, ou O Filho da Serpente (ainda não decidi o título), em que, para resumir, o personagem principal é um clérigo prodígio do deus dos sussurros, que comumente é contratado para se infiltrar nas altas rodas e executar serviços que vão de assassinato a sedução, sabotagem e/ou furto de documentos.

O livro se passa 3 anos depois de Herdeiros nas margens do Mar Cáspio.

Escrevi outra dualogia no extremo oriente antes de voltar a Grabatal, o que se deu na trilogia A Montanha dos Titãs (2009), meu próximo lançamento após Herdeiros.

São todas obras concluídas e registradas na Biblioteca Nacional.

Desde então, venho me dedicando a contos, noveletas e novelas, todas ainda nesse universo, e tenho roteiros a serem executados.

Mas tenho vontade, sim, de escrever noutros mundos. Há um projeto de ficção científica a duas mãos com o escritor Alec Silva, e experimentei, neste 2011, escrever contos de zumbis nazistas (!!!) para uma antologia e brincadeiras invertendo a ordem causa-consequência para concorrer a uma coletânea de ficção científica.

Mapa - Os Herdeiros dos Titãs - O Nascente

Acredito que em tudo o que nós fazemos, existe um pouco de nós mesmos. Partindo deste pressuposto, quanto de Eric Musashi existe em Téoder e Arion?

Bastante. Mais em Téoder que em Arion.

A impulsividade de Arion, seu jeito verdadeiro de agir, ferindo os outros ao seu redor, tudo isso não sou eu. Estou mais para o Téoder que é sereno e, por vezes, omisso. Sem contar que sou canhoto, como ele.

Talvez por isso Téoder tenha roubado a cena em A Mão do Destino.

Das passagens de Arion, estou mais para Luredás.

Colocar rótulos é uma mania social. Geralmente histórias de fantasia são rotuladas como infanto-juvenil, mesmo as que têm cenas mais fortes e um caráter mais adulto. É freqüente encontrarmos A Guerra dos Tronos e Os Filhos de Hurim ao lado de Harry Potter e Percy Jackson nas livrarias. Que tipo de público sua obra busca?

É curiosa a pergunta, pois Os Herdeiros dos Titãs, principalmente este primeiro livro, oscila entre passagens pueris e passagens fortes e adultas. Talvez por eu ter 18 anos na época da escrita.

O desejo, no fundo, é encontrar um público. É uma dificuldade enorme para um escritor brasileiro, de fato. Escrevi como a estória surgiu para mim, e não pensando em que tipo de pessoa leria o meu livro. Escrevi unicamente para que ele seja lido, e creio que isso deve motivar o escritor. Se eu pudesse ganhar 1 centavo por livro, mas meu livro vendesse alguns milhões de cópias pelo mundo, eu seria feliz.

É o que ficará para a posteridade, e acho que Virgílio não ganhou muito dinheiro com a Eneida. Ele ganhou, pelo contrário, a amizade de Augusto, e o reconhecimento da História.

A internet é uma inegável maneira de promoção e constantemente auxilia a divulgação e o crescimento da literatura fantástica. O que você acha que ainda falta no Brasil para que um dos nossos autores conquistem um lugar ao lado de autores como J.R.R. Tolkien, Robert E. Howard, Michael Moorcock e R.R. Martin? Este dia chegará?

Paulo Coelho tem reconhecimento internacional, talvez mais que nacional. Não acho que seja o caminho escrever como ele – algo menos profundo e mais chamativo –, mas devia nos fazer pensar.

Antes de começar um livro, creio que o autor devia se fazer uma pergunta: o que isso acrescentará? Quando pensei em Herdeiros, mesmo que tivesse apenas 18 anos, imediatamente imaginei trazer uma nova visão sobre as virtudes, até que ponto podemos nos sentir confortáveis vestindo-as e como seria doloroso não suportarmos a verdade de que não as exibiremos o tempo todo.

Já li os quatro autores citados na pergunta, e, sinceramente, satisfiz-me totalmente com apenas um deles, Robert Ervin Howard. Conheci seus escritos de Conan em 2008 e, se há algum autor de fantasia com que me sentiria feliz de ser comparado, é ele. Um outro me satisfez parcialmente, mas reconheço sua proeza na época, que é o Tolkien. Dos outros dois, tive contato com virtudes, mas, colocando na balança, a sensação foi de tédio. Um, por falar de menos. O outro, por falar demais de coisas que já conhecemos à exaustão todos os dias no cinema, na TV, etc.

Por que fazem sucesso? Por que os autores brasileiros não fazem? O problema principal, a meu ver, é publicidade. Editoras investem centenas de milhares de reais comprando direitos de best-sellers gringos, sendo que podiam publicar e divulgar legal dez ou vinte livros nacionais com essa quantia.

Concluindo, acredito, sim, que o dia chegará. Olhares de fora já se voltam para o Brasil, e por diversos motivos – políticos, econômicos, etc. O lado bom é que isso também se reflete na literatura. Embora seja algo bem inicial, já há editoras norte-americanas e europeias promovendo antologias de contos brasileiros. Estou concorrendo a uma, aliás.

O mercado nacional de literatura fantástica também é bem prolífico, e, se há muitos livros publicados, aumenta, obviamente, a chance de ótimos livros surgirem nas livrarias. Para que tudo isso cresça a proporções geométricas só falta, creio eu, uma aposta maior das editoras em autores nacionais.

Que dica você daria para os que querem começar a escrever?

Se uma pessoa deseja começar a escrever, provavelmente é por ter algo a mostrar e a acrescentar. Então, é difícil dar conselhos sem cair no lugar-comum. É o que costumam dizer: em primeiro lugar, leia muito. Lendo, você não só aprenderá, como também porá à prova suas ideias. Será que aquilo que você achou genial já não foi explorado da mesma maneira por outro autor? Será que é imaturo, se comparado a uma obra clássica que aborde o mesmo tema?

E não se prenda a um gênero. Eu escrevo literatura fantástica, mais especificamente fantasia épica, porém minhas fontes de inspiração são várias, desde romances históricos a livros sobre máfia e ficção científica. Seja um curioso e leia o que aparecer pela frente: tratados de história, de psicologia, revistas de ciência, de pseudo-ciência, o que puder.

O segundo conselho, também óbvio, é: escreva. Só escrevendo para você se aprimorar, e, mais do que isso, encontrar seu próprio estilo. Amadurecer é algo contínuo e interminável, mas reconheço que descobri o autor Eric Musashi escrevendo Os Herdeiros dos Titãs. E no meio da escrita – o que me levou, há dois anos, a reescrever quase por completo De Lutas e Ideais, o primeiro livro, e a revisar bastante A Mão do Destino, que será publicado no fim do ano.

Por fim, um bom planejamento é sempre necessário. Deve haver um senso (e bem crítico) de propósito. Não escreva sem rumo, sem saber aonde vai chegar. Estabeleça metas, planeje cenas. E submeta à leitura crítica de outras pessoas – sobretudo, se puder, escritores. Saiba ouvir as críticas e encontre um jeito de melhorar o que puder ser melhorado.

Perguntas rápidas e respostas curtas:

Maior influência literária: James Clavell

Um livro que gostaria de ter escrito: Duna (Frank Herbert)

Em um bom livro de fantasia não pode faltar: Verossimilhança

A cena de batalha mais marcante: Abismo de Helm (O Senhor dos Anéis)

O personagem de fantasia marcante: Conan

O vilão de fantasia marcante: Darth Vader

Os Herdeiros dos Titãs em uma palavra: Humano