Replico aqui uma entrevista concedida por mim ao blog da Funbox, onde detalhei o processo de criação do Dungeon Monsters: The Card Game. Confira:
E o nosso amigo e parceiro do blog, Hélio Greca está prestes a lançar um jogo de cartas super bacana.
Publicado pela Raccoon (editora fundada pelo próprio autor), o lançamento se chama Dungeon Monsters: The Card Game.
Com uma combinação mágica de regras simples e uma fantástica arte, este jogo será sucesso na certa. O autor já vem trabalhando nas regras do jogo há mais de 10 anos e as ilustrações estão em fase de finalização.
E a FunBox fez uma entrevista exclusiva com o Hélio sobre este jogo! Confira:
FunBox: Olá Hélio! Parabéns pela criação de Dungeon Monsters: The Card Game! Temos certeza que será um grande sucesso. Para começarmos, você pode nos contar um pouquinho como foi criá-lo?
Hélio: Essa história é bem longa e começou no final da minha adolescência, com uma atividade sem nenhuma relação com o mundo dos jogos.
Sou um ávido praticante de artes marciais desde os 13 anos de idade. Nestes 25 anos transitando por este mundo experimentei todas as formas de luta que surgiram pelo meu caminho (repito este mesmo comportamento obsessivo com jogos). Se uma chance surgia, lá estava eu: feliz pela oportunidade, sedento por aprender e pronto para ser agredido.
Graças a este comportamento descobri que infiltrados na comunidade de imigrantes chineses da minha cidade, viviam exímios praticantes do que nós ocidentais chamamos de kung-fu. A maioria deles vivendo de maneira anônima, como trabalhadores braçais de restaurantes e lanchonetes populares.
Após conseguir a aceitação desta comunidade restrita, fiz mais uma grande descoberta: além de exímios lutadores, os chineses são grandes jogadores. Antes ou após uma seção de kung-fu, era normal relaxarmos e confraternizarmos jogando alguma coisa. Foi ai que adquiri o gosto pelo Mahjong e por um jogo de cartas, de nome impronunciável, mas extremamente divertido.
Neste jogo não haviam ganhadores ou perdedores e seu objetivo era extremamente simples – descartar todas as cartas da mão. Jogávamos usando um baralho modificado, apenas para nos divertir. Os participantes podiam entrar ou sair em qualquer rodada, sem atrapalhar em nada o andamento do jogo.
E o mais interessante, o jogo favorecia explicitamente quem estava vencendo e penalizava quem estava perdendo, mas sem comprometer em nada sua diversão e mecânica.
Antes de abrir minha loja de jogos nos anos 90, a Rocky Raccoon, conheci outra variante deste jogo, chamada de Presidente. Com o advento da Internet e através de pesquisas descobri que este mesmo jogo possuía dezenas de versões, adaptadas por várias culturas através do mundo: Zheng Shangyou (o tal do nome impronunciável) na China, Dai Hin Min no Japão, Big Two nos Estados Unidos, The Hannah Game no Canadá, Tien Len no Vietnã e como mencionei anteriormente, Presidente no Brasil.
Até mesmo Richard Garfield, pai do Magic: The Gathering lançou uma versão do jogo, chamada The Great Dalmuti.
Meu interesse pelo RPG acabou levando a criação da minha própria versão doméstica do jogo, que ao invés das cartas comuns de baralho, utilizava criaturas extraídas das páginas do livro dos monstros de AD&D.
E agora, depois de ficar restrito somente ao meu grupo por mais de uma década, decidi lançar uma versão comercial do meu jogo.
FunBox: E quais foram os principais desafio para chegar na mecânica atual?
Hélio: Deixo claro que o Dungeon Monters não é meu, é uma versão. Na verdade o verdadeiro desafio foi escolher em meu baú o primeiro jogo a ser publicado no Raccoon. O Dungeon Monters acabou vencendo pelo valor sentimental.
FunBox: Dungeon Monsters foi o primeiro nome do jogo ou houveram outras tentativas? E por que ficou Dungeon Monsters no final?
Hélio: A escolha do nome se revelou uma tarefa muito mais espinhosa do que eu imaginava e a FunBox acabou tendo um papel fundamental nessa história.
Depois de meses tentando encontrar o nome ideal o Wagner me deu o seguinte conselho: “O nome de jogo precisa seguir o conceito KISS: Keep it simple stupid”. Dungeon Monsters: The Card Game, precisa dizer mais alguma coisa?
FunBox: O jogo será publicado quando? E claro, quando o pessoal de São Paulo poderá conhecê-lo na FunBox?
Hélio: A arte das cartas está pronta, esta semana devemos finalizar os últimos ajustes de leiaute – depois disso é só mandar pra fábrica.
Agora estou decidindo se inicio um financiamento coletivo para o jogo ou não. Isso permitiria que uma tiragem maior fosse impressa – e por consequência que o jogo fosse vendido a um preço mais baixo.
Enfim, sem financiamento coletivo o jogo deverá ser lançado em maio, com financiamento coletivo em julho.
FunBox: Agradecemos imensamente pela entrevista Hélio! Que num futuro próximo surjam várias expansões do seu game!
Hélio: Quem agradece o espaço sou eu!
Agora é aguardar pelo lançamento! Fiquem ligados no blog para mais notícias sobre Dungeon Monsters: The Card Game.