Existe uma tendência entre os boardgamers geek de classificar todos os jogos em duas categorias: (1) jogos que eu gosto; e (2) jogos ruins. Afinal, se alguém com uma ampla gama de experiências no hobby, tendo jogado inúmeros títulos não gosta de alguma coisa, então o jogo deve ser “ruim”, certo?
Ao mesmo tempo que eu concordo com a existência de jogos claramente ruins, eu também penso que muitos jogos que as pessoas chamam de “ruins” simplesmente não visam aquele público. Um ótimo exemplo disso é o Munchkin. Existe um monte de ódio direcionado ao Munchkin, e um pouco é merecido. Ele pode ser repetitivo, tem sérios problemas com todos se voltarem para derrubar o líder da partida (o que pode estender demais e tirar a diversão do jogo) e tem um conteúdo que incentiva muito o rancor. Tudo isso contribui para a minha preferência em não jogar Munchkin.
Mas, um monte de gente ama esse jogo. Vendeu a grosso modo trocentas cópias (e gerou inúmeros Munchkins com novas temáticas). E, é bom lembrar, eu fui um desses que jogou Munchkin inúmeras vezes. Eu adoro trocadilhos em geral, e alguns dos trocadilhos que fazem com esse jogo são hilários. Eu não consigo te dizer quantas boas histórias esse jogo deu origem. Munchkin dispensa a maior parte dos jogos bons (apesar de problemas com alguns viciados no jogo que causavam um baita incômodo).
Então o que aconteceu? Como ele foi de um jogo que eu jogava o tempo todo para um que eu prefiro não jogar? O jogo com as mesmas cartas e regras subitamente tornou-se objetivamente pior? Não. Meu gosto simplesmente mudou. Eu costumava ser o público-alvo de Munchkin. Eu estava procurando por um jogo simples – especialmente um que tirasse sarro de outro hobby favorito meu – D&D. Algo leve e interativo. Munchkin encaixou-se perfeitamente.
Agora, eu prefiro um jogo com mais conteúdo. Estou procurando por algo mais estratégico e com consequências mais opacas. Não é o Munchkin que é ruim, sou eu que não estou mais procurando pelo tipo de experiência que o Munchkin proporciona, e há uma diferença clara aí.
Então eu encorajaria colegas geeks a dar um passo pra trás quando não gostarem de determinado jogo após experimenta-lo. É por causa do jogo ser objetivamente falho, ruim ou mal-feito? Ou é porque ele simplesmente proporciona uma experiência mais leve/pesada/simplória/complexa que você geralmente se interessa? Em outras palavras, vamos ter um pensamento um pouco mais crítico antes de rotular um jogo como “ruim”.
Via GeekInsight: