O Nascimento de um RPG – Parte 3
Então está ok, temos definida a ideia de que o ambiente do jogo vai ser Roma antiga, fantástica e com a existência moderada /alta da magia. Enquanto vamos formando o cenário podemos ir pensando também nas regras.
Antes me deixem fazer algumas considerações, que tenho juntado ao longo dos anos de observação, sobre os sistemas de rpg. Em primeiro lugar, o sistema deve ajudar e não atrapalhar o andamento do jogo, mas e qual é o objetivo do jogo se não trazer diversão? Algumas pessoas se divertem com um jogo técnico de combate enquanto outros gostam mais da interpretação e do jogo fora do combate, da investigação, das tramas, etc… Eu particularmente gosto do meio termo, um jogo interpretativo que tenha doses divertidas e detalhadas de combate.
Para alcançar um equilíbrio entre estas duas formas de diversão o sistema deve ser simples, para que todos consigam entender sua mecânica, e favorecer as ações tanto dentro quanto fora de combate. Perfeito é um jogo no qual você pode agir e realizar ações importantes a qualquer momento, já cansei de ouvir o clássico “tá, me avisa quando rolar / acabar o combate que aí eu posso fazer alguma coisa” proferido ou pelo guerreiro que não faz nada além de dar porrada ou pelo bardo que, num combate, coloca a mãe na frente pra não apanhar. É claro que nunca se espera que um bardo saiba lutar tanto quanto um guerreiro, mas encontrar um balanço entre as funções desempenhadas pelos personagens é importante.
Muito bem, definimos duas características do sistema de uma maneira subjetiva, ele deve ser simples e favorecer ações tanto em combate quanto fora dele. Mas tecnicamente qual é o primeiro passo pra alcançarmos isso? A um tempo atrás, durante uma aula de psicologia da educação, a professora apresentou um autor que achei fantástico, ele chama-se Howard Gardner e é o principal responsável pela teoria das inteligências múltiplas. Não vou entrar no mérito da teoria, mas resumindo muito, o cérebro tem as suas funções divididas em certas áreas e portanto você pode aprender algumas coisas com mais facilidade ou não. A inteligência neste caso é o quão rápido você desenvolve uma certa habilidade, então eu posso me tornar bom em muitas coisas, dependendo do tempo a que me dedico à elas e da minha “inteligência” naquela área.
A proposta para o nosso sistema é que estas inteligências possuam valores numéricos que não serão alterados. Não se torna mais inteligente lendo mais sobre um assunto, simplesmente o seu conhecimento sobre aquilo aumenta. Como no rpg nós sempre buscamos traduzir em números as capacidades das pessoas para conseguir transformar uma história num jogo, acho interessante utilizar o princípio do Dr. Gardner. Acho legal determinar um conjunto, do que em vários sistemas chamamos de atributos, mas que eu prefiro chamar de aptidões. Estas aptidões vão determinar o quão rápido um personagem desenvolve uma habilidade.
Já vou pensando melhor sobre o assunto e desdobrando a ideia, acho que nos próximos posts já começaremos com alguns play tests, quem quiser se candidatar já vai avisando. É claro que já tenho algumas coisas anotadas numa planilha, mas queremos a opinião do nosso público neste trabalho.
Bom eu achei interessante, e me candidato ao playtest (se vou jogar não sei por falta de tempo, mas gostaria de ler e dar algumas opiniões ao menos). Achei sua ideia muito boa e as considerações importantes! Agora eu lembro que em alguma das matérias sobre esse sistema foi dito que ele usaria partes do sistema ou seria baseado em Runequest, isso procede? Por que acho o runequest fantástico!
Salve Pablo.
Notícia em primeira mão para você – Dividimos a coisa em dois projetos: O Nickel assumiu a criação de um sistema próprio e eu continuo trabalhando no sistema baseado no Runequest (do qual também sou fã). São dois RPG\’s distintos a caminho ;-)
Opa! Ótimo saber disso! Mas o jogo baseado no Runequest, será mais genérico ou genérico para fantasia? Ou terá um cenário próprio?
Estou há meses com este dilema, mas provavelmente a coisa caminhara para o desenvolvimento de um cenário próprio mas com uma pegada Runequestiana…