Recentemente, um artigo no Salon.com abordou a questões raciais no seriado Game of Thrones e o legado racial deixado por J.R.R. Tolkien. Agora, Mordicai Knode, no Tor.com, fala que outro grande nome da alta fantasia, o RPG Dungeons & Dragons, também tem seus próprios problemas raciais, ou seja, a homogenia eurocêntrica. E que já está na hora disto mudar.
Knode frisa que, enquanto jogos como Pathfinder têm feito grandes progressos em retratar uma ampla gama de tons de pele e inspirações culturais na sua arte do jogo, caucasianos ainda são tratados como a raça padrão nos livros de D&D.
Por exemplo, o Livro do Jogador da quarta edição contém apenas quatro personagens negros – e eles são facilmente superados em número pelos pele-vermelha tieflings. Knode espera que, na próxima versão do Dungeons & Dragons, a Wizards of the Coast inclua personagens cujas características e modo de vestir sugiram origens não europeias:
Talvez a sua alegação seja de que Dungeons & Dragons é baseado em uma fantasia da Europa feudal? Talvez o seu jogo seja, mas a questão toda é que você pode fazer o jogo que você quiser, e um elenco diversificado nas ilustrações vai apenas incentivar isso.
“E por falar nisso, você está seriamente me dizendo que acha que ter uma pessoa com uma pele mais escura é algo mais difícil de acreditar uma mulher lagarto ou um homem demônio? Que de algum jeito um mundo High Fantasy politeísta é inerentemente caucasiano? Conta outra.”
Mordicai Knode também mostra a grande diferença que pequenas alterações no texto podem fazer: “Você quer ver um truque? A agora extinta Nerath era um império altamente cosmopolita, que englobava muitas tribos e reinos, com populações de imigrantes de todos os cantos do mundo. Problema resolvido.”
Brilhante! No meu grupo de pesquisas sobre educação a diversidade é altamente pesquisada.
Gilson
“a questão toda é que você pode fazer o jogo que você quiser”
Então porque eu POSSO fazer o jogo que eu quiser a Wizard NÃO PODE fazer o cenário principal do jogo dela predominantemente caucasiano? Todos os cenários de ficção de todos os jogos de RPG têm de ter obrigatoriamente sua cota mínima de personagens afrodescendentiformes nas ilustrações? Ora me poupe!
Nenhuma dúvida quanto ao fato de que há um predomínio caucasiano e eurocêntrico nos cenários de fantasia medieval. Mas a solução pra isso (se é que isso é um problema) não pode ser aplicar a tática do enxerto étnico-cultural, tática essa que deixa tudo politicamente correto, monotônico e insípido. Já acho ruim ver que TODO o cenário de RPG é igualitário quanto a gênero em sua mecânica (tanto faz fazer ficha de homem quanto de mulher, nos mundos de RPG só existem jogos olímpicos mistos, pois as mulheres são tão fortes e resistentes fisicamente quanto os homens).
Mais padronização via patrulhamento ideológico é tudo o que os jogos de interpretação não precisam. (nem a cultura em geral, por sinal)
Antes de mais nada: “você pode fazer o jogo que você quiser”, faça! Basta de reclamar que um povo predominantemente caucasiano representa-se caucasiano em suas fantasias, predominantemente! Já tem uma pá de maluco no Brasil (se bem que mais Sudeste do que Norte e Nordeste) escrevendo seus próprios RPG’s, nem todos plagiando a mecênica de jogo de antecedentes gringos.
Cidadão me escreve e lança um RPG só com personagem nórdico de cabelo loiro e olho azul lá em Salvador e até eu irei achar meio esquisito. Até lá deixemos a ficção alheia em paz.
Nada impede nenhum mestre de ambientar suas aventuras em reinos negros de uma fantasia de inspiração africana (eu ainda não fiz isso, mas tenho idéias em esboço), ou mesmo de povoar seu mundo com tribos negras das montanhas geladas. Mas o jogador que tentar fazer militância racista negra reformando o mundo mundo de jogo que eu tiver preparado_ a pretexto de encaixá-lo nas suas expectativas ideológicas prévias_ está desde sempre prévia e sumariamente convidado a não entrar na aventura.