Eragon é uma história repleta de ação, vilões e locais fantásticos, com dragões e elfos, cavaleiros, luta de espada, inesperadas revelações e uma linda donzela. Inspirado em J.R.R. Tolkien, que criou idiomas para os diálogos de seus personagens, Paolini utiliza o norueguês medieval para a linguagem dos elfos e inventa expressões específicas para os anões e os urgals, de modo a dar veracidade ao lendário reino de Alagaësia, onde a guerra está prestes a começar.
O protagonista é um jovem de 15 anos que, ao encontrar na floresta uma pedra azul polida, se vê da noite para o dia no meio de uma disputa pelo poder do Império, na qual ele é a peça principal. A vida de Eragon muda radicalmente ao descobrir que a pedra azul é, na realidade, um ovo de dragão. Quando a pedra se rompe e dela nasce Saphira, Eragon é forçado a se converter em herói.
Involuntariamente, o jovem é lançado para um arriscado mundo novo movido pelas tramas do destino, da magia e do poder. Empunhando apenas uma espada lendária e seguindo as sábias palavras de um velho contador de histórias, Eragon e o leal dragão terão de se aventurar por terras perigosas e enfrentar inimigos das trevas em um Império governado por um rei cuja maldade não conhece fronteiras.
A Eragon foi dada a responsabilidade de alcançar a glória dos lendários heróis da Ordem dos Cavaleiros de Dragões. Será que conseguirá vencer os obstáculos que o destino lhe reservou? As escolhas de Eragon poderão salvar – ou destruir – o mundo em que vive.
Confesso que esperava menos, de tanto que li na web que é uma cópia descarada de Star Wars e O Senhor dos Anéis. Eragon é, de fato, livro bem escrito, num ritmo legal, boas descrições, e palavreado de juvenil para adulto. Contudo, não exagera quem acusa de salada mista entre Star Wars, Coração de Dragão e O Senhor dos Anéis: Luke… quer dizer, Eragon, foi deixado com os tios desde bebê, não sabendo o motivo. Os Cavaleiros Jedi… ops, Cavaleiros dos Dragões, foram extintos quando seu mais promissor aluno foi para o Lado Negro… ou melhor, enlouqueceu ao perder sua mãe… quer dizer, seu dragão. O resto já dá para prever.
Um forte ponto negativo se encontra em algumas descrições – ou falta delas, como em Therinsford, que passa batido sem nem falar direito como é a cidade (apenas desorganizada). Sem contar o episódio da ponte, que ficou estranho – o mendigo é furtado, percebe, e apenas reclama do outro lado. Como ponto positivo, a escrita é fluente.
Há, inclusive, alguns erros graves de coerência: se Eragon era analfabeto, e jamais deixou o vale onde fica Carvahall na vida, como sabia tanto sobre outras cidades ao analisar o mapa, fazendo ponderações sobre qual poderia abrigar o esconderijo dos Ra’zac e qual não?
Os momentos de perseguição e tragédias são ótimos, mas não dá para deixar passar certas coisas. Eragon, por exemplo, em duas semanas com o pulso imobilizado, se torna ambidestro, derrotando seu mestre (para o qual perdia com a mão boa) num treino. Coitado do Hernanes se ele souber disso, vai morrer em depressão!
Murtagh salva a trama, após a saída de Brom, que já estava levando nas costas. A descrição das Montanhas Beor, na parte final, é algo muito bem feito, faz realmente ver tudo aquilo e se maravilhar. Ficou só estranha a perseguição; tem horas que parece que estão a pé, correndo com os cavalos (e aí me pergunto sobre a Arya, como ela iria); em outros momentos, estão a cavalo de novo. Sem contar que me pareceu patético imaginar a Saphira correndo. Muito confusa a ação no lago.
As explicações são boas, e a situação política do continente é legal, um novo olhar sobre a tríade humanos-elfos-anões. Mas o autor enrola para dizer poucas coisas. Parece que o texto roda, roda, roda, e anda muito pouco. Sem contar que Eragon é muito sem objetivos.
O resultado final é mediano, nem tanto ao céu (como os que dizem ser uma obra-prima), nem tanto à terra (como os que falam ser péssimo). Eragon deixa umas pontas soltas para o próximo livro, e fecha de forma regular, como foi todo o livro.