Depois de quebrar recordes de audiência em sua estréia na TV a cabo estadunidense, a rede AMC confirmou oficialmente que The Walking Dead ganhará uma segunda temporada.
Com seu piloto de 90 minutos exibido em 120 países através do canal Fox, os índices de audiência obtidos na estréia da série foram elevados significativamente.
Em poucos meses, a Fox International Channels e a AMC demonstraram os efeitos de uma colaboração verdadeiramente global e que resultou no maior lançamento mundial na história da televisão. Os altos índices de desempenho que estamos vendo esta semana, demonstram o forte apelo deste drama de alta qualidade, bem como, os enormes esforços de marketing de nossas equipes em todo o mundo – afirmou David Haslingden, CEO e Presidente da FIC.
A AMC anunciou ainda que a segunda temporada receberá um total de treze episódios, mais que o dobro da primeira temporada, que conta com apenas seis.
Confira abaixo uma prévia de Tell it to the Frogs, terceiro episódio da série e que vai ao ar neste domingo nos Estados Unidos.
The Walking Dead é exibido no Brasil, com mutilações, pelo Canal Fox.
Opa, boa notícia! Nem assisti a série mais fico feliz. Só uma correção, é Walking “Dead”. Valeu!
Ops… Na pressa e no sono passou desapercebido. Valeu o aviso!
Olá Helio, tudo bem? Fiquei em dúvida entre te mandar um e-mail ou responder direto no seu site, então optei pelo segundo porque o tema tem a ver com este post.
Se lembra que nós conversávamos sobre os primeiros filmes de zumbi (não lembro o nome do diretor…) terem sido feitos como uma forma de ilustrar o conflito entre o sistema socialista e capitalista (mortos vivos dispossuídos de bens materiais e com roupas rasgadas, sujas buscando se “alimentar” dos vivos que invariavelmente se escondiam em shoppings, ou outros “templos do consumismo”)?
O próprio sucesso deste tema de terror teria se dado por estes elementos subliminares terem encontrado ressonância nos medos dos países ocidentais durante o período da Guerra Fria, mas que hoje, claro, evoluíram (assim como a temática dos vampiros, chegando ao ponto de distorções ridículas como a da “saga” Crepúsculo).
E falando em evolução, eu acho que a criação e o sucesso da série The Walkin Dead também está inserida em um contexto histórico (assim como esta leva de filmes que tivemos anteriormente sobre o final dos tempos). No momento, a nova onda zumbi estaria relacionada com os medos e as crises econômicas e políticas dos Estados Unidos.
A explosão da bolha especulativa imobiliária americana (com hipotecas sendo cobradas e famílias perdendo suas casas), os altos níveis de desemprego (se aproximando pela primeira vez dos da quebra da bolsa de 1929), as compras recorde de armamento pela população civil (com a eleição do Obama muitos, principalmente no interior e nos estados sulistas, estão temendo revoltas populares ou se preparando para resistir a medidas ditatoriais do governo) e a oposição política de direita se tornando cada vez mais radical (criaram inclusive um “partido”, que venceu algumas cadeiras no congresso americano), estariam fazendo um pano de fundo para este cenário de apocalipse zumbi da série.
A relação entre as duas coisas surgiu quando eu estava lendo um artigo da Der Spiegel falando da possibilidade do império americano estar em declínio (http://www.spiegel.de/international/world/0,1518,726447,00.html), e a certeza que o tema vai tocar o inconsciente americano surgiu quando eu vi que a série não se foca em mortos surgindo das covas (ou seja, eles, pessoas estranhas, ou até mesmo nossos antepassados europeus distantes), mas sim vizinhos e parentes (ou seja, a tragédia de pessoas conhecidas).
A manifestação zumbi não é mais local (em uma cidadezinha, bairro ou shopping), mas nacional, e o pano de fundo é a busca pela sobrevivência em grandes metrópoles e em grandes áreas do interior (onde os despossuídos americanos moram hoje). O Estado estabelecido não existe devido ao caos social, e o “sherife cowboy”, assim como cidadãos comuns, lutam pela sobrevivência (como ocorria no velho oeste e alguns temem que volte a acontecer, nem que seja por curtos períodos, como após a passagem do furacão Katrina em 2005, em New Orleans).
Ou seja, existem vários elementos em que o povo americano (assim como a elite e classe média de outros países, antenada e afetada pela crise internacional) pode se identificar com a série. Não acredito, entretanto, que as camadas mais humildes brasileiras, por exemplo, iriam se empolgar com os episódios tanto quanto seus equivalentes estadunidenses.
É isso, fiquei com vontade de expor minhas idéias. Espero que elas tenham algum fundo de verdade e possam ser utilizadas para interpretar esta manifestação artística de forma que ela seja aproveitada em todos seus detalhes e nuances.
Abraços,
Gregori.