Do site da editora Legendary Games Studio:
O ano de 1972 viu o nascimento de MAZES & MINOTAURS, o primeiro RPG de fantasia publicado e que iniciou uma nova era de aventuras heróicas e odisséias míticas…
Em 1987, quinze anos depois do seu lançamento, a editora Legendary Games Studio publicou uma versão do M&M totalmente revisada, racionalizada e expandida (que ficou conhecida como Revised Mazes & Minotaurs ou RM&M), sob a forma de três livros centrais: Players Manual – o Livro do Jogador, Maze Masters Guide – o Livro do Mestre e Creature Compendium– o Livro de Criaturas e um quarto livro opcional, o M&M Companion. Todos com capas coloridas e interior em preto e branco.
Em 2007, para comemorar o 20 º aniversário deste acontecimento mítico, a ressuscitada editora Legendary Games Studio trouxe novamente os quatro livros da edição revisada de Mazes & Minotaurs em formato pdf e de graça!
Depois de ler este texto, você deve estar se fazendo uma das seguintes perguntas:
– Mas o primeiro RPG não foi Dungeons & Dragons?
– Como eu nunca tinha ouvido falar em Mazes & Minotaurs?
Simples, o texto acima faz parte da mitologia criada em torno do M&M, um RPG de verdade, qualidade comercial, muita personalidade e gratuito.
A sua história, que evidentemente não é verdadeira, se iniciou em novembro de 2002 com Paul Elliott – autor de vários jogos de RPG, incluindo o excelente Zenobia – escrevendo um artigo chamado The Gygax/Arneson Tapes para a sua coluna Tempus Fugit no renomado site RPGnet.
O artigo discorre sobre como a historia do RPG teria sido diferente se a sua inspiração tivesse como modelo mitos Gregos, ao invés da mitologia baseada na obra de J.R.R. Tolkien.
Ao invés de tentar parafrasear este maravilhoso e estranho pedaço de ucronia (o famoso “ e se…”) especulativa, coloco abaixo uma tradução livre do texto. O artigo original pode ser lido aqui.
The Gygax – Arneson Tapes
Tudo poderia ter sido diferente.
Sim, estamos felizes com os nossos mundos de fantasia, os nossos jogos de horror moderno, os universos de Ficção Científica, o Steampunk e o post-modern angst. Estamos felizes com os jogos chop-socky de artes marciais e dos numerosos worldbooks que Steve Jackson publica regularmente.
Está tudo muito bom. Se você gosta de algum tema – certamente existe um título para você. Se ainda não existe, então pegue um game designer amador em um fórum qualquer de RPG e você pode ter sua visão traduzida em texto dentro de um ano.
Não estou dizendo que não teríamos chegado a este resultado de qualquer maneira. Mas eu estou dizendo que o tema dos jogos de fantasia poderia ter sido … um pouco diferente.
Eu não conheço todos os detalhes da gênese do D&D, mas eu gosto de imaginar que o seguinte poderia ter acontecido:
Gary: “Olá Dave! Largue esse exército de lanceiros alemães, eu tive uma idéia genial!”
Dave: “Hum?”
Gary: “Sim, imagine pegarmos uma miniatura só, assim, e interpretar com ela. Dar a ela um nome e tudo mais … usando dados.”
Dave: “Quais … estes dados de calcular média?”
Gary: “Não cara – eu nunca entendi bem esses dados todos. Eu gosto que os meus dados vão de 1 à 6, sem perder nenhum número. Entende o que eu quero dizer?”
Dave: “Caramba Gary. Você foi intoxicado pelo chumbo das miniaturas?
Gary: “Veja, nós poderíamos usar um desses cavaleiros das cruzadas. Este nobre bizantino. Esta arqueira. E esse bispo com armadura e maça. Podemos mandá-los para combater dragões em masmorras (dungeons & dragons, caso seu IQ seja muito baixo pra entender o trocadilho)! O que você acha cara? “
Dave: “Dungeons and Dragons …? Qual é Gary, que coisa besta. Estou entediado cansado de todas essas miniaturas Medievais! Acabei de pintar meus exércitos gregos para a Batalha do Peloponeso – vamos usá-los.”
Gary: “OK”
E, assim, em 1972, nasceu o inovador jogo Mazes & Minotaurs. OK, era um pouco primitivo para os padrões do Y2K. Apenas seis classes de personagens (Ninfa, Sacerdote, Lanceiro, Aristocrata, Bárbaro e Feiticeiro), todas as armas fazendo o mesmo dano e regras de navegação náutica rudimentares.
Mas dane-se, era divertido! Altivos e nobres Gregos, a Guerra de Tróia, distantes ilhas mágicas, galeras a remos, Fogo Grego, o Oráculo de Delfos, os Jogos, paredes de lança hoplitas… e os monstros!
Você se lembra das górgonas, minotauros, hidras, leões falantes, javalis gigantes, as bruxas cegas, os pássaros stymphalídes, os dragões, os tritões e os ciclopes e … bem, eu tenho certeza que você lembra de todos os clássicos.
Poderíamos aturar as imprecisões e a escolha limitada de personagens, não poderíamos? Até porque em cinco anos, haveriam vários clones de M&M no mercado, como os da Game Designer’s Workshop, Avalon Hill, Fantasy Games Unlimited, entre tantos outros.
O molde foi feito, aperfeiçoado e refinado indefinidamente. O mundo antigo com seus temas universais de heróis lutando contra monstros terríveis enquanto os deuses conspiram, de uma forma que só os deuses antigos podem. Alguns jogadores detestavam estas “cópias”, mas para mim elas eram novos insights sobre um cenário que crescia rapidamente.
Se lembra de “Pagan Chariot Riders”? O mundo celta da Grã-Bretanha sob a ocupação Romana recebeu uma excelente ambientação e gerou 12 grandes (e não tão grandes) suplementos.
E “STYX” – o jogo dos Mortos do final dos anos 80. Ele inspirou todo um gênero de jogos de “alma perdida” e parecia estar ambientado em puro melodrama.
Talvez a melhor coisa para sair desse subgênero específico de jogos tenha sido o RPG “Cerberus”, onde gladiadores romanos descem para o Tártaro e são forçados a repetir os duelos mortais para cultuar Minos, Rhadamantheus e Plutão.
Lembro do meu primeiro personagem de Cerberus: Milo, um weresphinx nível 14 com um par de falx e protetores de canela feitos de bronze. Eu acho que ele era de Cirene…
Bons tempos. É claro que também houveram bons RPGs de Ficção Cientifica e horror, mas naqueles dias parecia impossível sair do padrão estabelecido. O primeiro RPG de Ficção Cientifica foi uma versão licenciada de Battlestar Galactica (egípcios no espaço!) E o primeiro jogo de horror era repleto de múmias egípcias.
Eventualmente foram lançados jogos que não tinham nada a ver com o mundo antigo, mas seguiam exatamente a mesma linha estabelecida e consagrada. Eles ainda pareciam com Atenas do século 5 AC ou Roma no primeiro ano DC. Eram chamados de RPGS Genéricos de Fantasia. Espadas e sandálias. Colunas Coríntias em todos os lugares, galeras com remos.
Você pode mudar os nomes dos deuses, você pode chamar Esparta de “Skuandak”, mas ainda assim é o mundo antigo, não é?
Você quer saber o que eu acho? Com o lançamento do M&M D20 acho que alguém deveria voltar a idéia inicial do Gary e produzir uma versão medieval Mazes & Minotaurs. Eles poderiam até chamá-lo de “Dungeons and Dragons”.
Não seria incrível?
Paul
Um escritor francês chamado Olivier Legrand, após ler o artigo The Gygax – Arneson Tapes um par de vezes, disse para si mesmo: Que idéia maravilhosa … seria muito divertido se alguém tivesse escrito este jogo…
E depois disso ele decidiu, como um exercício pessoal de design, criar um RPG extremamente fiel a esta idéia original.
E dessa brincadeira nasceu um RPG de verdade, original, de grande qualidade e hoje disponível em quatro idiomas e com uma grande base de jogadores ao redor do globo.
M&M conta ainda com a Minotaur Quarterly, uma revista especializada no sistema, aventuras prontas, escudo para o mestre, mapas e uma infinidade de outros complementos.
Se você gostou de 300 de Esparta, Jasão e os Argonautas , Fúria de Titãs e acha Kratos “O Cara”, confira a página oficial de MAZES & MINOTAURS e faça o Download grátis dos livros.
Que susto! Achei que vcs tinham caído na pegadinha dos autores :)
Pior q eu caí. Num tinha visto este post e postei em outro tópico um monte d perguntas q devoravam minha alma. Agora posso dormir em paz (NARF!)